Os jornais noticiaram ontem que vários organismos do Minho se vão reunir para estudar soluções para a crise que (há muitos anos, não só agora) afecta a região, nomeadamente os vales do Ave e do Cávado. Desta reunião sairão conclusões que serão enviadas ao governo sob a forma de um documento pedindo a criação de medidas excepcionais para combate à crise.
Esta notícia, anódina e repetitiva, pode ter várias leituras diferentes e suscitar comentários diversos. O primeiro que me ocorre é aconselhar os peticionários a esperar sentados. Há tantos anos que se pede socorro para a região, sobretudo para o vale do Ave, sem que efectivas medidas sejam tomadas, que não vejo porque motivo desta vez será diferente. Na melhor das hipóteses, já que as eleições não estão longe, haverá promessas alicerçadas em milhões de euros... virtuais. Já não seria a primeira vez. O memorando a enviar ao governo terá apenas a finalidade de "sensibilizá-lo" para o problema, pois o alcance não será maior do que isso. A propósito aproveito para confessar a minha embirração com esse termo. "Sensibilizar" não é mais do que "mendigar", e eu julgo indigno que cidadãos deste país que pagam impostos ao poder central, sejam forçados a mendigar, não favores, mas sim justiça e tratamento equitativo a quem arrecada o seu dinheiro.
Penso que provavelmente a solução da maior parte dos problemas que serão levantados no memorando que o Minho vai enviar ao Terreiro do Paço, seria passível de ser tomada num nivel intermédio de poder, se ele existisse, com todas as vantagens daí decorrentes.
Pergunto-me se as pessoas directamente interessadas na implementação de medidas susceptíveis de melhorar a sua situação, estarão conscientes de que a existência do tal poder intermédio poderia ajudar a minimizar ou resolver os seus problemas. Por outras palavras, estarão essas pessoas conscientes de que a regionalização ( ou melhor ainda, a autonomização das regiões ) poderá ter uma influência positiva no seu dia-a-dia? Infelizmente penso que não, nunca ninguém lhes tentou explicar isso, nem qualquer governo central estará nisso interessado.
Esta lacuna é, para mim, um dos grandes "calcanhar de Aquiles" para a regionalização que, antes de ser implementada, tem de passar a barreira contituída pelo referendo. Em 1998 o NÃO venceu, e os votantes foram inferiores a 50%. Não vejo nada que me faça crer que durante estes dez últimos anos o sentir popular tenha evoluído tão significativamente que leve a pensar na inversão dos resultados. Pessimismo meu? Oxalá seja.
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Caro Rui Farinas,
ResponderEliminarAinda não é desta vez que o vou "despedir"...
Abraço
26 de Novembro de 2008 23:29