14 abril, 2009

Promiscuidades ocultas

Nestes últimos anos, talvez como consequência de os clubes de Lisboa terem sido ultrapassados em legalidade e competência, por um outro da «província», temos ouvido falar, mais do que era
habitual, em promiscuidade e corrupção. Ora, todos sabemos que, não obstante repugnarmos esses hábitos, eles sempre existiram, tanto dentro como fora de fronteiras, o que não significa que não gostemos de os ver combatidos e, se possível, totalmente exterminados.
Todos sabemos também, que quem veícula estas notícias, com maior ou menor credibilidade, são os respectivos órgãos de informação, que por sua vez (convém nunca o esquecer), se constituem como um poder dentro dos outros poderes. Sem querer desviar-me do assunto, chamo a vossa particular atenção para a crescente "preocupação" dos media com a blogosfera traduzida na proliferação de debates sobre o assunto, o que me parece um indisfarçável sinal de medo por uma forçada partilha desse poder ou até pelo seu eventual domínio...

Já sei [porque também não faço nada para o esconder], que me vão chamar céptico, mas de facto, não acredito em folclores economicistas nem nas suas mirabolantes engelharias financeiras. Assim como não acredito em Messias, nem nos homens providência. A minha crença é fraca porque depende apenas [e este apenas é uma imensa montanha] na vontade dos Homens, coisa que, até ver, se tem revelado difícil de medir e impossível de congregar. Se isto fosse possível, então acreditaria sim, numa nova ordem mundial, com novos critérios de produção e distribuição da riqueza.

Os critérios que existem, faliram há muito, e não é a crise global que me faz pensar assim, porque ela irá repetir-se por várias gerações, mesmo que alternada de ligeiras melhorias. Em sociedades egoístas como as [ditas] modernas em que vivemos, já nem o velho paradigma do sonho americano serve de excepção à regra. A América, é um país «rico» , cheio de pobreza, e estou só a falar do mais poderoso...Nessa nova ordem - que só posso imaginar -, nunca seria possível acabar com a tal promiscuidade cometendo os mesmos antagonismos das nossas sociedades, onde se abrem estradas aparentemente distintas mas se permite mais adiante que se cruzem e possam promiscuir.

O Público de hoje, dá-nos um pequeno exemplo. Basta ampliarem a imagem plasmada neste post para perceberem o que quero dizer. Não é possível detectar onde começa e termina a interacção entre familariedade da sociedade privada e o Estado. Cada macaco no seu galho. Sou e continuarei a ser ferozmente contra esta promiscuidade específica, porque a partir daqui, não há moral para criticar o simples cidadão que infrinja as regras e acusá-lo de ligações a clubes de futebol ou a qualquer outra entidade. O mau exemplo está a ser dado pelo Estado e seus representantes. Depois, tal cereja a enfeitar o bolo, vemos esses representantes, ricos, e a gozarem de escandalosas reformas...

Serei excessivo? Talvez, mas os factos estão aí a confirmar o que digo. Por agora, e enquanto não brotarem exemplos dignos que contrariem este espectáculo de degradação cívica e moral, o meu olhar em direcção a um político não é muito diferente daquele que lanço a um criminoso comum. Com umas diferenças. É que, os últimos ainda pagam muitas vezes com a cadeia as suas asneiras. Os outros, os senhores «governantes», nem por isso, e cometem duplos crimes. O primeiro, é o crime de fraude [ou vigarice], por traírem a confiança dos eleitores, iludindo-os com competências que não possuem. O segundo, é o de abuso de poder, por enriquecerem através dele, enquanto o povo pena.
Por este caminho, é impossível haver progresso e justiça.

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