05 maio, 2009

O Palácio do Freixo

Não posso evitar uma sensação de desgosto quando vejo o belíssimo palácio do Freixo transformado em mais uma pousada do grupo Pestana. Penso que merecia melhor sorte, que estaria destinado a uma nobre função oficial, emblema da nossa cidade e da nossa Região. A sua alienação foi feita por alguém que é mais guarda-livros do que presidente da Câmara. As cidades têm uma alma que não pode ser tratada como um bem transacionável. Quem não o entende não pode nem deve ser presidente.

Sem embargo de se reconhecer que os presidentes têm legitimidade para tomar decisões, há casos - e este é um deles - em que seria louvável que fosse auscultado o sentir da opinião pública. RR não o fez e deste modo veio confirmar a sua falta de empatia com o Porto e, pior do que isso, confirmou que não compreende nem ama a cidade.

Irresistívelmente vem-me à memória um dos crimes culturais aqui cometidos: o "assassinato" do velho Palácio de Cristal, cometido salvo erro por volta de 1950, por um daqueles autarcas aqui caídos de pára-quedas como era normal durante a ditadura. Pese embora a eleição democrática, RR caiu no Porto de modo semelhante, e por isso mesmo tomou uma decisão idêntica - se bem que eventualmente reversível no futuro - à do coronel que, ao destruir um monumento único em Portugal, deixou a cidade mais pobre.

1 comentário:

  1. A culpa não é toda de RR,caro Rui Farinas,os eleitores do Porto afectos ao actual presidente, é que devem estar equivocados sobre as suas funções.

    Provavelmente acham, como bem diz, que deve ser um guarda-livros...

    Se ganhar de novo as eleições, o Porto continuará paralisado, e essa responsabilidade terá de ser atribuída aos (alguns) portuenses.

    Elisa Ferreira pode pagar caro não renunciar ao cargo de deputada europeia. Estamos tramados.

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