12 junho, 2009

Ronaldíadas ou humor?

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Enquanto Cavaco Silva se insurge contra a abstenção de 62% de portugueses nas eleições europeias sem perceber a gravidade da sua própria abstenção em relação ao amigo e conselheiro de Estado, Dias Loureiro, o mundo «vibra» com a contratação bilionária de Ronaldo, pelo Real Madrid. Vibra o mundo, e vibra, alucinada, a comunicação social portuguesa, como se o caso fosse a coisa mais importante do planeta.

O frenesim dos media é imparável. Vai da matemática - para ver quem consegue atribuir o valor mais original e espalhafatoso aos rendimentos do craque -, até aos cavalos puro-sangue lusitanos [TVI], com comparações patéticas entre o preço do jogador e o dos equídeos, pelo meio. Quem os viu, diria que eram eles os felizes contemplados com aquela anafada pipa de massa. É uma felicidade. Até eu, sem querer. dei comigo a dar pulos de alegria com tanto entusiasmo. Estive para ir para a rua festejar, mas travei a tempo quando me apercebi que a rua estava vazia...

Mas, o frenesim não começou com o galáctico Ronaldo. Horas antes, deu-se início à tradicional campanha benfiquista do regime. Fechou-se a época do futebol jogado, deu-se início à do futebol folclórico. Se é verdade que o Benfica foi o símbolo do velho regime, não é menos verdade que o é, também, do "novo", seja lá o que isso for.

Carlos Daniel, aquele tipo com ar enganadoramente simpático que trabalha na RTP [paga também c/ os nossos impostos], decidiu brindar-nos com uma entrevista enternecedora ao actual dirigente desportivo do Benfica, Rui Costa. Observando o semblante do entrevistador, só faltou mesmo ver a baba cair-lhe pelos queixos, tal é a atracção do nortenho pelo clube de bairro sulista e pelo ex-jogador, embora se diga adepto do Paredes... Se a expressão vende, podemos estar certos que Carlos Daniel deixou alguns portugueses preocupados com o futuro do Benfica, porque ficava com um ar tão comovedoramente apreensivo que parecia estar a anunciar a morte da mamã. Pobre homem.

3 comentários:

  1. A máquina de ganhar do FC Porto
    por FRANCISCO J. MARQUESHoje

    Poucos mandam, mas os que mandam têm uma paixão incrível pe-lo clube. Uma viagem ao interior do tetracampeão nacional através da qual se percebe como funciona ao sabermos como foi contratado o brasileiro Hulk.

    Um grupo reduzido de quadros, a maioria deles na fronteira dos 40 anos, uma paixão pelo clube a roçar a religião e uma fé inquebrantável na liderança de Pinto da Costa são os segredos da máquina de ganhar do FC Porto.

    José Eduardo Bettencourt, candidato à presidência do rival Sporting, não teve dúvidas em transformar em slogan de campanha o modelo do tetracampeão FC Porto, que diz querer replicar em Alvalade.

    "Ao contrário do que as pessoas pensam, a estrutura do FC Porto é muito simples", diz Jesualdo Ferreira, que destaca um conjunto de pessoas a "obrigar a que as coisas evoluam permanentemente" e que os "jogadores e treinadores beneficiam das condições proporcionadas pela máquina do clube".

    Mas então porque ganha tantas vezes o FC Porto? Esta é uma viagem ao interior do FC Porto, em que o protagonismo não é de Bruno Alves, de Lucho González, de Jesualdo Ferreira, de Pinto da Costa ou da administração da SAD, mas de um grupo de quase anónimos executivos que têm a missão de dotar a equipa das ferramentas para continuar a ganhar.

    Mais do que a lenda de tudo funcionar em circuito fechado, ou de um sem número de segredos mais ou menos bem guardados, o FC Porto é hoje uma organização direccionada unicamente para a vitória, em que a equipa profissional de futebol é cliente de uma estrutura encarregada de fornecer todos os produtos necessários à vitória, sejam eles a transferência de um jogador que reforce a equipa, a aquisição de uma nova máquina para o departamento médico, a contratação de uma ama que cuide de um filho de um jogador durante a noite para que o descanso do atleta não seja perturbado, ou até a existência de um director de ce- na para que nos jogos em casa tudo o que não tem a ver com o que se passa dentro das quatro li- nhas decorra como seguindo o guião de uma peça de teatro.

    No Verão passado, a SAD do FC Porto anunciou, através de comunicado enviado à CMVM (Comissão do Mercado de Valores Mobiliários), a contratação de Hulk. Na altura, a notícia só não passou despercebida porque o FC Porto estava disposto a pagar cinco milhões de euros por metade do passe de um desconhecido com nome de super-herói que jogava na longínqua e sem sex-appeal liga japonesa. Um campeonato depois, Hulk foi unanimemente considerado a revelação da Liga, contribuiu para mais um título e será seguramente uma das grandes transferências do clube depois de ajudar na conquista de mais alguns troféus.

    Mas a história da contratação de Hulk começou dois anos antes, quando um dos mais importantes quadros do clube passava noites sucessivas a observar jogos dos campeonatos do Japão e da Coreia, à procura de um jogador oriental que pudesse integrar o plantel da equipa profissional, como titular, para permitir ao clube beneficiar das receitas geradas pela exposição do clube ao rico mercado do Extremo Oriente.

    Esse jogador nunca chegou, mas foi no meio dessas sucessi- vas observações que foi detectado o talento de Hulk, enviado um emissário para o observar in loco e posteriormente assinado o contrato, depois de passar os sucessivos filtros do clube, processo completado ao fim de quase duas épocas desportivas.
    In DN


    O "DN" publica hoje 12/06 vários artigos sobre o FCP dignos de ser lidos e divulgados, dos quais "transcrevo" acima um deles.

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  2. De facto essa história, de com essa verba dá para isto e mais aquilo, já mete nojo. Que falta de imaginação!

    Quanto ao homem de Paredes, já não engana ninguém...

    Um abraço

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  3. o homem de Paredes, é-o por acaso. E adepto do Paredes, é só para armar. Vermelhinho de sempre, desde as caixinhas de sapatos, onde religiosamente guardava os cromos dos seus queridos "encarnados"...

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Abrimos portas à frontalidade, mas restringimos sem demagogia, o insulto e a provocação. Democraticamente...