16 julho, 2009

Algumas perguntas à candidata Dra. Elisa Ferreira

Suponhamos por um instante que tinha a possibilidade de lhe colocar as perguntas que entendesse, com a garantia de que não obteria respostas do tipo NIM. Claro que um político nunca faria isso, mas como estamos no mundo das suposições, seguimos em frente...

Primeiramente pediria à candidata a confirmação do seu compromisso com a regionalização, e indagaria qual o mapa que considera mais adequado aos nossos interesses.
A próxima pergunta seria para saber se entende que, no caso de ser eleita, a sua acção deve limitar-se ao município do Porto, ou que quereria aproveitar o seu peso institucional para despertar consciências a nível regional, no sentido de fomentar o debate de questões de interesse que ultrapasssem o símples âmbito local. Penso, logo à partida, nos problemas causados pelas aberrações constitucionais:

  • A proibição dos chamados partidos regionais.
  • A exigência de referendar algo que nasceu como imperativo da Constituição - as Regiões Administrativas.
  • O conceito de os deputados à Assembleia da República não representarem as populações que os elegeram, o que de certo modo torna ilegítimo que defendam interesses do seu círculo eleitoral.
  • A inexistência do sistema de círculos uninominais que, entre muitas outras vantagens no sentido de aperfeiçoar o sistema democrático, serviria para acabar com a pouca vergonha dos "paraquedistas".

Perguntaria depois qual acha que deve ser o papel do Porto numa eventual Região Norte, e como pensa ultrapassar os receios de portocentrismo. Aproveitaria para saber também o que pensa sobre a Junta Metropolitana do Porto. A sua inoperância é patente. Deveria ser eliminada, ou modificado o seu regime de funcionamento? Justifica-se a sua existência no seio de uma futura Região? A sua criação correspondeu a uma necessidade, ou é um gesto cosmético de organização administrativa, uma espécie de contra-medida em relação à regionalização? Ainda no mesmo registo, estaria de acordo com a criação de um super-concelho que englobasse pelo menos o Porto, Gaia e Matosinhos?

Qual o seu projecto para o Porto? Que cidade quer? A "cidade dos carneirinhos" sem densidade de construção, tão cara a Rui Rio, ou uma cidade com a densidade indispensável para que possa pretender ser a metrópole do noroeste peninsular? Como pretende afirmar o Porto no contexto de Portugal e no contexto da Galécia? Que consequências políticas vê na similitude étnica das populações dos dois lados da fronteira política que divide esta euro-região?

Entendo que o presidente da CM do Porto, não deve limitar-se à gestão da sua cidade. Pode parecer descabido, mas tem de ter uma visão estratégica da área em que está inserido. Se fossem conhecidas as respostas de EF a questões como aquelas acima colocadas, ficaríamos a conhecer melhor a candidata, criando-se as condições para um voto consciente.

Por enquanto a Dra.Elisa Ferreira é apenas um nome sem substância que não incita muita gente a votar nela. À volta do nome tem de construir um personagem credível e auspicioso. Enquanto o não conseguir, estará condenada a ter de transportar de novo a sua mobília para Bruxelas.

10 comentários:

  1. Se as respostas fossem concludentes, você votava nela?

    Cumprimentos

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  2. Rui Valente, tenho andado um pouco entretido com o Futebol e não tenho tido muito tempo para passar por aqui, de qualquer modo um abraço para todos...

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  3. Rui Farinas,

    é "fruta" a mais para ser colhida. Ou seja, nem mesmo a Elisa Ferreira que não é do género de fugir muito às perguntas, terá autonomia política para lhe responder a todas elas com precisão.
    Mas, gostava de menganar.

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  4. Vila Pouca,

    eu votava, o Rui Farinas responderá por ele, como é óbvio.

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  5. Meireles,

    compreendo, esta fase do quem entra-e-quem-sai do FCP distrai-nos um bocadinho de outras realidades. Por um lado até é bom, porque eu mesmo já estou a ficar saturado de tanta trapalhada política, mas por outro convém não nos desligarmos demais...

    Abraço

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  6. É isso, sábado lá estarei para ver as caras novas e a "relva nova"...

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  7. Amigo Vila Pouca,a resposta seria SIM sem hesitação. Um abraço.

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  8. O desnorteado presidente da Assembleia Municipal de VN Gaia

    O presidente da Assembleia Municipal de Vila Nova de Gaia tem a estranha tendência de dirigir algumas «bicadas de milhafre» ao FC Porto, curiosamente um clube que prepara todos os seus sucessos (e são muitos…) numa das freguesias do concelho que o elege. O Labaredas não pode deixar de assinalar a sua incoerência.

    «Gostei de um FC Porto que mesmo sem a chegada do suplente de Renteria na selecção colombiana já mostra fio de jogo (…)». O presidente da Assembleia Municipal de Vila Nova de Gaia arrisca a ironia e esquece que o atleta que lhe inspira a piada infeliz vestiu a camisola do seu clube, durante largos dias, mas apenas em páginas de jornais. Quando chegou o momento da verdade, escolheu os Tetracampeões e preferiu a pronúncia do norte à vaidade centralista que, infelizmente, o presidente da Assembleia Municipal de Gaia pavoneia.

    O Labaredas suspeita que, mais dia menos dia, os gaienses se vão cansar de quem ofende e ataca sistematicamente o clube que muitos apoiam e que é o verdadeiro baluarte do Norte, mudando a sua opção eleitoral. Ou será que o «diabinho» vale assim tantos votos? Atenção «desnorteado», que os cálculos podem sair furados… E, já agora, uma sugestão. Porque é que, em vez de perder tanto tempo a escrever, não se cultiva com a leitura do livro de Nogueira Baptista, «O Águia do Graveto»?

    Labaredas

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  9. As perguntas sobre a regionalização e a pouca vergonha verificada na escolha de candidatos a deputados que não representam, porque não querem ou não os deixam, os círculos eleitorais por que foram eleitos, poderiam ser ainda completadas, como fez o autor, por outras sobre o papel do Porto no Norte e a nível nacional.
    Só que não deviam ser apenas dirigidas à candidata Elisa Ferreira mas a todos os candidatos a presidentes de câmara e assembleias municipais do Norte, bem como aos candidatos a deputados indicados.
    Por exemplo: já li afirmações de 2 "convertidos", só agora, à regionalização, Rui Rio e Manuel Monteiro, dois inimigos e ferozes opositores da mesma, em 1998. Como é que os deputados eleitos por qualquer partido poderão (se os deixarem!) defender os cidadãos que os elegeram, se forem políticos obedientes aos chefes ou nem sequer forem de cá? Por exemplo: o que fizeram os actuais deputados Montalvão Machado e Raúl dos Santos,eleitos pelo PSD, pela cidade e pela região? O primeiro não me lembro de nada e o segundo que é de Ourique (Alentejo) onde era autarca nem sei se foi deputado ou entrou algum substituto para o seu lugar. Porque é que os partidos continuam a ofender os eleitores ao indicarem gente estranha à região, como candidatos a deputados? Que tem Ribeiro e Castro, lisboeta entretido com as trapalhices do Benfica, a ver connosco e os nossos problemas, para Paulo Portas o colocar como cabeça de lista pelo Porto? Que sabe ele dos problemas que vivemos, do que queremos e que interesse terá ele em defender uns "lorpas" que o elegeram?
    Quanto aos partidos regionais, é verdade o que o autor afirma, mas eu já disse e por várias vezes, que, se nós quisermos, há maneiras de dar a volta, dentro da legalidade, a essa proibição.A questão é que apareça mais gente interessada nessa solução e um mínimo de financiamento. Como se poderá fazer? Basta pensar e será possível fazer o que se pretendeu proibir. Criatividade e habilidade é a resposta. E dentro da lei!
    Cumprimentos

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  10. Na realidade a proibição de partidos regionais foi atenuada por uma deliberação posterior que diz qualquer coisa do género que " podem ser admitidos partidos com uma base eminentemente regional". Isto quer dizer, caro Zangado, que tem razão quando diz que com criatividade e habilidade será possível dar a volta ao texto. O problema é realmente ainda não ter aparecido uma figura capaz de congregar vontades e liderar um movimento.

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Abrimos portas à frontalidade, mas restringimos sem demagogia, o insulto e a provocação. Democraticamente...