29 agosto, 2009

O nosso triste fado

De vez em quando faço uma tentativa para adoptar o Jornal de Notícias como o meu quotidiano. Se bem que pertencendo a alguém que acho que deixou de ser do Norte - mais um assimilado - o jornal está baseado no Porto e dá realmente muita cobertura ao que se passa por aqui. Compro então um número de tempos em tempos, e logo desisto. As asneiras são muitas, a maioria dos redactores não sabe escrever português, são incapazes de redigir uma notícia de forma coerente, e frequentemente dão provas de enorme falta de conhecimentos gerais. Cheguei a escrever uma carta indignada ao director do jornal, por ter lido uma notícia em que o redactor dizia qualquer coisa do género que as principais obras do Eça eram os Contos e a Correspondência de Fradique Mendes.

Há dois dias fiz mais uma tentativa. Fiquei então a saber que:
- A produção nacional de leite é de 1.900 milhões de toneladas(!) por ano.
- Cada português bebe 90 litros por ano.
- Portugal importou, em 2008, 231 milhões de litros de leite, que representam 35% do consumo total.
- O auto-aprovisionamento é de 100%.

Contas de aritmética elementar mostram que 10,5 milhões de portugueses, a 90 litros por cabeça, bebem 945 milhões de litros. Se somos auto-suficientes, esta é também a produção. Se importámos 231 milhões de litros, eles representam cerca de 24% do total consumido, e não 35%.

O leitor está a ser erradamente informado e ninguém se importa. Eu penso que isto é lamentável. O JN não é (ou não devia ser) um jornaleco de vão de escada, sem estruturas. Tem directores, sub-directores, chefes e sub-chefes, editores. E no entanto as asneiras publicam-se quase diariamente. Nem sequer há uma secção que faça as correcções necessárias aos erros da véspera, onde peça desculpa pelos erros e pelos lapsos.

Este, infelizmente, é o retrato da realidade portuguesa. Ignorância, desleixo, falta de profissionalismo, desprezo pelo consumidor, impunidade. Convençamo-nos que é por isso que estamos na cauda da Europa, e que aí iremos continuar a menos que houvesse uma improvável revolução na mentalidade portuguesa. É triste mas é assim...

7 comentários:

  1. Meu caro Farinas, eles fazem notícias sem pensar. Pior, pensam que estão a fazer notícias para debilóides...

    Um abraço

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  2. é a realidade portuguesa mas é muito mais ainda a realidade do Porto e do Norte. em certas indústrias a situação é terrível. basta ver o site medíocre que o semanário "Grande Porto" nos oferece.

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  3. Foi um episódio verdadeiramente exemplar para mostrar como se constroem «verdades» no mundo do nosso futebol, quando essas «verdades» servem para atacar o FC Porto e o seu presidente. Aos gritos, os jornais, rádios e televisões do País saíram a espalhar o alarido de que o presidente do FC Porto tinha tentado atropelar um jornalista à saída do Tribunal do Porto, não se detendo sequer perante as ordens da polícia e deixando o atropelado ferido no chão até ser transportado ao hospital. Até o sério jornal «Público» serviu essa versão sem hesitar e o Sindicato dos Jornalistas pôs cá fora o habitual comunicado sobre a intimidação dos jornalistas e os «nossos» estimados benfiquistas versão-Barbas — a Leonor Pinhão e o Ricardo Araújo Pereira — obviamente não perderam a oportunidade para desenterrarem a lenda do facínora do Pinto da Costa — e assim, por um tempo, desviando as atenções das «acções cívicas» dos No Name Boys e das suas privilegiadas relações com o presidente do Benfica. Eis as minhas perguntas idiotas, mas que não vi respondidas em lado algum:

    — porque é que quem ia ao volante era o motorista, mas quem quis atropelar foi Pinto da Costa?

    — Será que ele — tal como no inesquecível filme de Leonor Pinhão/João Botelho, baseado no testemunho de Carolina Salgado —, costuma dar ordens ao motorista para atropelar gente de que não gosta, de quando em vez?

    — E, sendo isso verosímil, porque carga d'água resolveria o presidente do FC Porto atropelar um fotógrafo do JN — que não escreve sobre ele e nunca lhe fez mal algum, que se saiba?

    — E ia atropelá-lo diante de todas essas testemunhas — jornalistas, polícias, etc.?

    — Se queria mesmo atropelá-lo, porque não o apanhou de frente, mas apenas com o espelho retrovisor lateral?

    — Se a polícia o mandou parar, porque diz a polícia que não? (Está comprada, claro?)

    — Porque não nos disseram ainda quais os graves ferimentos sofridos pela vítima do atropelamento deliberado?

    — Já agora, senhores juízes populares: qual era o móbil do crime?

    Se alguém quiser esclarecer-me, eu agradeço.


    MST in abola

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  4. Na realidade, apesar da maioria terem um curso universitário em jornalismo ou noutra área, a ignorância de muitos que escrevem notícias ou as lêem nos telejornais e outros programas é escandalosa. Ainda há cerca de uma semana ouvi uma pivot de telejornal da RTP dizer 2 vezes Málaca, em vez de Malaca. Falta de conhecimentos de português, com frases lisboetas mal construídas mas que agora estão na moda, o sotaque parolo dessa região, falta clamorosa de cultura geral, como história, geografia e outras áreas são uma constante.
    A propósito 2 notas:
    1- Tendo ido passar uma semana de férias, entre 8 e 16 de Agosto, na Foz do Arelho (Caldas da Raínha) estranhei deveras que o jornal Grande Porto que sai à sexta, como o Sol, aqui no Porto, lá só fosse distribuído no sábado, com o Expresso, ainda para mais sendo os proprietários de Leiria.
    2- Aqui há uns anos costumava comprar o Público ao domingo para ler uns artigos sobre o Porto, da autoria de jornalistas ou de alguns professores universitários que conhecia.Porém, depois de um artigo escrito por um certo jornalista, cheio de asneiras científicas, e de uma reportagem péssima do mesmo autor sobre a "Feira da Vandoma" que era um autêntico chorrilho de mentiras e de má informação aos leitores que não conhecessem a dita feira, deixei de comprar esse jornal, pois achei que uma reportagem tem de ser preparada e ter informação precisa por trás e não escrever uma série de aldrabices sobre esse tema citado, sem cuidar minimamente da veracidade do que se escreve.Assim, esse jornal perdeu um leitor e, na realidade, o panorama da imprensa escrita é muito mau, com 1 jornal extinto (?), outro quase e o Notícias é como o autor refere, metido no mesmo bolo do Diário de Notícias de Lisboa.
    Cumprimentos

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  5. Perante um Burro carregado de ouro,
    qualquer fortaleza escancar as
    suas portas.

    E depois dá nisto.

    Quando a comunicação social feita
    por ignorântes incompetentes;
    isto passa ser uma Babilónia.
    ninguém se entende.

    O PORTO É GRANDE VIVA O PORTO.

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  6. LABAREDAS

    Distracção ou azia?

    Está visto que a UEFA Champions League não é propriamente um tema querido para A Bola. Pelo menos enquanto o FC Porto for recordista de presenças na competição e o emblema fetiche da casa da Queimada não souber o que isso é. Repararam que, ainda recentemente, descobriram que os Tetracampeões vão regressar a Londres, mas trocaram o adversário? Distracção ou azia?

    «O FC Porto vai a Londres? Deve ser ao Arsenal», terá pensado um dos desanimados do costume, confirmando que a falta de interesse em tudo o que é azul e branco é inequívoca. Ou será da queda para o vermelho? Já viram a piada da gaffe? O Arsenal é vermelho, o Chelsea equipa de azul… Está explicado. Distracção, azia e doença.

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  7. LABAREDAS

    Vai indecorosa e não segura

    Depois de Fernando Mendes ter dito que esta senhora (?) tinha intermediado a sua transferência do Sporting para o Benfica, não é que hoje, em pleno tribunal, foi revelado aquilo que os Portistas há muito asseveram? A Pinhão participou directamente numa maquinação literária que resultou em película de qualidade duvidosa e alimentou a raiva clubística de uns quantos pasquins.

    «A jornalista Leonor Pinhão reviu datas sobre factos desportivos», declarou Carolina Salgado, esta terça-feira, quando interrogada pelo tribunal.

    Camões que perdoe a reinvenção de um dos seus versos mais famosos, mas esta Leonor vai indecorosa e não segura. Cada vez menos segura, no seu pedestal vermelho. Será que continuará calada perante a gravidade das acusações que lhe dirigem?

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Abrimos portas à frontalidade, mas restringimos sem demagogia, o insulto e a provocação. Democraticamente...