14 setembro, 2009

Falta de ar

Não há conhecimento que dos países onde foram criadas regiões administrativas cheguem notícias de cariz social ou económico regressivos, nem muito menos da multiplicação de caciquismos locais. Bem pelo contrário. O que sabemos desses países é que, genericamente, todos beneficiaram com a Regionalização. Já aqui ao lado, a Espanha, que até se libertou da ditadura franquista depois de nós e que se debate com sérias guerrilhas etnológicas independentistas, com a regionalização, progrediu como nunca antes e distanciou-se de Portugal para melhor em todos os aspectos.
Mesmo assim, em Portugal nem os jornalistas parecem muito interessados em explorar esta grave lacuna política de forma séria e consistente. Fazem-no, durante breves e espaçados períodos, com preocupações meramente comerciais em obediência à matéria jornalística do momento. Não há uma ideia estratégica de agarrar na Regionalização como tema prioritário, como um trabalho de casa obrigatório, de modo a dificultar a fuga ao assunto dos partidos políticos. Não. Fazem exactamente o mesmo que eles, só pegando na Regionalização quando é oportuno.
Hoje, Mário Crespo, em artigo de opinião no JN, fala-nos de coisas muito interessantes, como de um pacto formal entre PS e PSD para evitar a discussão pública de questões de carácter. Subtilmente, diz-nos afinal que o que foi considerado ontem por Marcelo Rebelo de Sousa como um debate de alto nível entre Sócrates e Ferreira Leite, não passou de um pacto para esconder o lado visível da marginalidade política, das trafulhices que membros dos dois partidos praticaram nestes tempos mais recentes. No fundo, é a única maneira de creditarem mutuamente alguma seriedade aos seus discursos e até aos seus próprios carácteres, porque na verdade é particularmente nessa vertente pessoal que mostram menos valias.
É com estas fintas ronaldianas que os jornais se entretêm a analisar as performances dos nossos políticos e se esquecem de uma asfixia democrática realmente séria, que dá pelo nome de centralismo. Quando M. Ferreira Leite falou de asfixia democrática, a mesma mulher que meses antes sugeria umas "férias à democracia", aparentemente para resolver alguns problemas, não houve um único jornalista que se lembrasse de lhe perguntar - sendo ela uma anti-regionalista convicta -, como é que ela "via" o oxigénio democrático a Norte do país, e no Porto, se achava se por cá temos os pulmões a vender saúde ...
Mário Crespo, termina o artigo dizendo: "Não é a votar repetida e clubisticamente que nos assumimos como povo e como Estado. Juntos, PS e PSD, estão a asfixiar o que nos resta de democracia e parece que já nem notamos que nos está a faltar o ar."
Faltou-lhe explicar-nos de que país democraticamente asfixiado estava a falar. Se o de Lisboa, se o da Paisagem, que é o outro país. É que se é dos dois países num só imaginário, pode estar descansado que, estando ele em Lisboa, antes de ser contaminado gravemente pela referida asfixia, já nós no Porto teremos morrido de sufôco.

4 comentários:

  1. Se eu tivesse tanta certeza no euromilhões como tenho no voto do Mário Crespo, no PSD, ganhava uns milhões todas as semanas.

    Se o cinismo e a hipocrisia pagassem imposto esse "senhor" estava feito ao bife.

    Um abraço

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  2. Todos falam da regionalzação de uma
    forma envergonhada.

    Muitos não se querem comprometer;
    com medo do Chefe.
    Outros falam com hipocrisia.

    Com estes políticos: com sede de
    poder! e mentalidade nesta matéria
    igual a Salazar.Tenho dúvidas se
    vai haver regionalização.

    Eu vou ser obrigado infelizmente,
    a votar em Sócrates. Porque a outra
    opção na minha opinião é uma aberração. Para chefiar um país
    que embora seja pequeno não deixa
    de ser um Estado da União Europeia.
    Acho mesmo por tudo que ela tenha de bom não chega.
    Não tem perfil para este cargo
    de Primeiro Ministro.

    O PORTO È GRANDE VIVA O PORTO.

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  3. Ninguém é obrigado a votar! O voto é livre e o não voto, também!

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  4. Ó Rui Valente.

    Toda a gente sabe que votar não
    é obrigatório por lei;mas mesmo que fosse, na mesa de voto, cada
    votante faria o que muito bem
    lhe fosse na real-gana.

    O problema, é que os partidos
    não cumprem o que prometem.
    Mas as pessoas querem participar
    de alguma forma no destino ou
    política (como queira)do País.

    Embora, as diferenças de política
    dos dois príncipais partidos não
    sejam tão grandes; mas há algumas.
    Eu penso que a Mnuela Ferreira
    Leite,não trás nada de novo.
    É uma anti-regionalista.Nas
    finanças é aquilo que se sabe.
    O Sócrates pelo menos; parece muito
    mais aberto á regionalização e não
    é tanto conservador.

    O PORTO È GRANDE VIVA O PORTO

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Abrimos portas à frontalidade, mas restringimos sem demagogia, o insulto e a provocação. Democraticamente...