26 novembro, 2009

Decepção...

É logo pela manhã que prefiro escrever. Ao contrário de outras pessoas que gostam da noite para o trabalho [e para a boémia], eu considero-me um "bicho" diurno, principalmente para trabalhar. Pela manhã, as ideias fluem mais facilmente e quando se trata de escrever para um blogue, os assuntos tomam outra oportunidade.
Há amiúde, factores de ordem particular na vida das pessoas que podem pontualmente travar a dinâmica que um blogue deve ter, e ultimamente é esse o meu caso, mas não só. É que, tendo embora consciência da relativa influência que um blogue pode exercer na vida económica, política e social do país, acontece que começo a sentir uma enorme frustração por não saber o que fazer com tanta "liberdade" de opinião. É uma liberdade que me permite ser mais espectador do que interventor. É uma sensação idêntica àquele fulano que acaba de ser assaltado, chama a polícia e a polícia não aparece.
Como cidadão, a quem tentaram [em vão] convencer das vantagens do menos mau dos regimes, é assim que me sinto, um espectador impotente para destronar da hierarquia política e judicial do país, quem lá está, e é incapaz de dar conta do recado. Sei, tenho consciência perfeita disso, de que no seio destas instituições de Poder há, de facto muita, mas mesmo muita gente com o rabo trilhado de compromissos nebulosos e de todo o género de traficâncias, mas é-me impossível prová-lo, porque devia ser através dela que podia lá chegar. O que fazer?
Não acredito na força do associativismo para questões de ordem política. Como já somos todos crescidos, parece-me quase infantil iludirmo-nos com os resultados de movimentos de cidadania por melhor intencionados que sejam, sem ter a suportá-lo uma figura de peso, com alguma autoridade moral, carisma e força. Quando digo força, digo armas. O 25 de Abril, apesar dos cravos, teve as armas de um sector da armada a sustentá-lo, de outro modo não teria tido sucesso.
A questão que recoloco, porque continua a ser oportuna é esta: não haverá ninguém, nenhum grupo nas forças armadas que não se sinta incomodado com o circo pornográfico em que se tornou o país? O 25 de Abril sempre, já era.

7 comentários:

  1. Ó Rui e quantos anos seriam necesssários para tudo voltar ao mesmo?

    Um abraço

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  2. Ó Vila Pouca,

    Para voltar - como diz o povo - "à cepa torta", ninguém fará nada, a menos que se trate da ambição de acertar 2 vezes no Euromilhões.

    As casas sujam-se, acumulam lixo, não é? Ora, será que não devemos arrumá-la ciclicamente para não cheirar mal?

    Isto não é nenhuma casa, é uma política suja e indecente que interfere directamente nas nossas vidas e na dos nossos amigos e familiares.

    Não devemos «mexer» no regime porque vai voltar tudo ao mesmo?

    Então está bem. Eu não penso assim, embora não me adiante grande coisa.

    PS-À falta de melhor, para mim, o "prémio de consolação", seria ver na cadeia muita desta garotada que anda a brincar connôsco.

    Um abraço

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  3. Caro Rui!

    Se não se começa por "arrumar a casa" desde já, nunca mais lá vão!

    O pilar essencial num estado de direito que é a Justiça, anda pelas "ruas da amargura" e sendo assim todo o regime é abalado e quem sofre é o mexilhão!

    Mas, estar à espera que esta república das bananas saia da "cepa torta" é perder tempo e pregar no deserto!

    As reformas mais importantes de que este país precisa estão todas guardadas pelos centralistas e seus pares, nas gavetas do poder!

    Abraço,

    Renato

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  4. Eu continuo a acreditar que a democracia é o menos mau dos regimes. O que se passa em Portugal é uma versão fadista (como diria o Eça) e por isso não serve para tirar conclusões.
    Um abraço.

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  5. Rui Valente, o que eu quis dizer é que atendendo ao povo que somos e à gente que temos, corriamos o risco de, à boa maneira da América Latina, andarmos de revolução em revolução...Não foi com grande entusiasmo e apoio popular que recebemos o 25 de Abril? Foi, e Portugal está, não tenhamos dúvidas, melhor, mas grassa uma grande desilusão que é manifesta quase todos os dias e poqquê?

    Um abraço

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  6. Ò Vila Pouca, mas você acha que há assim tanta diferença entre a América Latina e este pedaço de terra no cantinho ocidental da Europa? Eu só vejo uma: a fachada. Mas,a continuar assim, verá que a violência não tarda a chegar à rua. Pode tardar, mas é só questão de continuarmos a assistir às mesmas práticas vigaristas e, apesar de sermos "um povo de brandos costumes" a miséria de repente, pode transformar-se numa bomba, sabe!?

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  7. Red Bull Air Race pode mudar-se para LisboaPor Redacção

    Depois de três anos sobre o Rio Douro, entre o Porto e Vila Nova de Gaia, a Red Bull Air Race poderá mudar-se para Lisboa, revelou esta sexta-feira Luís Filipe Menezes, lamentando «mais uma atitude discriminatória por parte do Estado».

    Em conferência de imprensa, o autarca de Gaia revelou que soube através de «fontes fidedignas» que estão a decorrer negociações para que a prova passe a ser realizada nos próximos três anos na capital portuguesa, numa mudança que custará «três ou quatro vezes mais». «O escândalo», na opinião de Menezes, é que haja empresas tuteladas pelo Estado dispostas a ajudar nesse esforço financeiro. 12:11 - 27-11-2009
    Abola
    _______________


    A Galiza tem mais consideração pelo Norte ?!

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Abrimos portas à frontalidade, mas restringimos sem demagogia, o insulto e a provocação. Democraticamente...