05 fevereiro, 2010

Impor jejum com a barriga cheia

Manuel Carvalho, do PÚBLICO, costuma escrever uns artigos muito interessantes. No jornal de hoje, no entanto, salta para o comboio dos detractores de AJ JARDIM e junta-se à pancadaria que a generalidade dos jornalistas gosta de dar ao presidente do governo da Madeira. Fico a pensar se "bater" em AJJ dá pontuação positiva aos jornalistas.

MC argumenta que a Madeira tem o segundo maior rendimento per capita de Portugal (sendo que o maior é obviamente o de Lisboa) e que portanto é normal que fique a perder nas transferências financeiras. Desta afirmação nasce irreprimivelmente o desejo de questionar por que razão a Madeira tem que refrear os seus apetites emquanto Lisboa pode continuar a "comer" à vontade!

MC tem depois uma afirmação justa mas da qual extrai a conclusão errada. Diz ele que "num país justo , seria uma injustiça que a parte pobre financiasse a parte rica". Tem toda a razão, mas não reparou ainda que é precisamente isso que acontece no Continente, com Lisboa/Vale do Tejo a ser financiada pelo resto do país? O governo faz-me lembrar um chefe de família à mesa com os seus dependentes, tendo o seu prato cheio de comida , apontando para o que resta num tacho quase vazio, e explicando que os tempos são de crise e que portanto é indispensável apertar o cinto. Antigamente dizia-se que o exemplo tinha de vir de cima, mas parece que caiu em desuso.

3 comentários:

  1. A Madeira tem todo o dinheiro das ilhas, mais dinheiro do continente, mais dinheiro da união europeia, mais uma dívida astronómica. Há muito que é tempo de dizer basta, principalmente a alguém que sempre foi ingrato.

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  2. Mais ingrato do que o Governo Central de Lisboa,tem sido com o Porto e Norte de Portugal, é impossível.

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  3. Nightwish, obrigado pelo seu comentário. Não pretendo entrar numa polémica esteril mas deixe que lhe diga o seguinte.
    A "dívida astronómica" da Madeira é tres vezes menor -per capita - que a do Continente.
    A "ingratidão" que invoca é um sentimento deslocado neste contexto. Lisboa não está a dar uma esmola, está a cumprir uma obrigação. Posso concordar que neste momento haverá motivos para a Madeira apertar o cinto, mas não emquanto Lisboa continuar com obras faraónicas de timing discutivel. Antes de querer impor aos outros moralidade nos gastos, o governo que sustenha a alta velocidade para Madrid,a 3ª ponte sobre o Tejo, o novo aeroporto, a total recuperação da frente ribeirinha de Lisboa, a compra de submarinos,o up-grade dos aviões F-16,etc.etc.Já agora que devolvam ao Norte os 300 milhões do QREN que nos pertenciam, e que refaçam a distribuição das verbas do PIDDAC para 2010. Emquanto Lisboa não apertar o cinto, reconhecendo honestamente que os sacrifícios tocam a todos e que o exemplo tem de vir de cima, não tem autoridade moral para impor ao resto do país os necessários sacrifícios. Cumprimentos.

    p.s. Recomendo a leitura do artigo de Guilherme Silva no PUBLICO de ontem dia 5. É conveniente ouvir os argumentos dos dois lados...

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