Neste ambiente de profunda describilidade política e social em que uns vivem, outros fazem por viver e outros ainda fingem que vivem, ninguém é totalmente inocente. É impossível. O desenvolvimento das sociedades foi mais tecnológico do que social, o que fez com que, para sobreviver, o homem, mesmo o mais nobre, tivesse [e ainda tenha] de recorrer a métodos de competitividade obscuros e desleais em relação ao outro. Neste aspecto concreto, ainda acusámos hábitos medievais, só não gostámos é de o admitir talvez para não nos chocarmos com uma realidade que pouco nos distingue dos animais selvagens.
É, a partir desta realidade, contabilizados os grandes escândalos protagonizados por agentes políticos e judiciais e descontados os que nunca chegaram ao conhecimento público, que devemos apreciar a imensa hipocrisia com que a comunicação social centralista tem tratado Pinto da Costa.
Não há nenhum portista honesto que defenda Pinto da Costa por estar convencido que ele é o homem mais sério do Mundo, porque, acreditar nisso, seria igual a pensar que é possível a um Homem ser absolutamente honesto durante uma vida inteira numa sociedade injusta e desonesta como é a nossa. Não é exclusivo de Portugal, mas infelizmente nós costumamos ser "bons" a copiar dos outros os piores exemplos...O grande trunfo de Pinto da Costa foi perceber que para lutar com a concorrência e vencê-la teria de usar da astúcia e do confronto aberto. E nisso, ele foi melhor do que todos os adversários, porque no passado como agora no presente, ele tinha e continua a ter, toda a prole de viciados centralista contra ele e o FCPorto, como aliás está bem à vista. E é exactamente por isso, mais a sua capacidade de liderança, que é idolatrado pelos portistas.
Mas, a minha ideia de momento, não é falar de Pinto da Costa. Apenas o citei como exemplo para dar uma noção realista da profunda hipocrisia da sociedade no que respeita a questões de seriedade e transparência. Hoje, o tema é Mário Crespo e a censura que aparentemente o director do JN sobre ele exerceu. A mim, o caso não me surpreendeu, porque não é de hoje que percebi o low profile de José Leite Pereira e o sentido centralista que imprimiu ao histórico jornal nortenho. É um yes man típico. Um videirinho bem falante que tenta fazer pela vida procurando dar-se com Deus e com o Diabo.
E, qual é o problema então? O problema, é que, com o histórico deontológico que conhecemos dos media, temos de estar de pé atrás em relação a tudo, incluindo este caso de aparente censura. Mário Crespo, enquanto jornalista, amadureceu e "melhorou" com o passar dos anos. No entanto, a SIC a estação de TV onde trabalha, não é o exemplo de Democracia que quer fazer parecer. É uma estação de duvidosa reputação, o que só por si constitui de certa maneira algum entrave à credibilidade do jornalista. Depois, há um detalhe que corrobora a minha desconfiança. É que, Mário Crespo por razões que só ele saberá explicar, não hesitou em identificar o nome dos políticos que supostamente contra ele conspiraram com epítetos impróprios para órgãos superiores do Estado, mas não o fez com o director executivo da estação de TV com quem partilhavam o «convívio», o que denota medo, ou um sentido corporativista/oportunista de frontalidade.Por outro lado, e apesar de ter na pior conta a classe política, pela imprudência revelada noutros casos, muito alto devem ter falado para que, quem estava próximo, pudesse ouvir a conversa de fio a pavio para depois a poder denunciar.
Este país não pára de nos surpreender. Ou melhor, a qualidade das «pessoas» mediáticas deste país...
caro,
ResponderEliminarmoral da história: o jn deu um fantástico tiro no pé. e não havia necessidade: bastava ter publicado o artigo do crespo e ter feito uma nota da direcção a demarcar-se. assim fica evidente a "sabujice" que o jornal tem demonstrado pelo poder nos últimos tempos.
Já viu a capa do jn de hoje? futebol e festa. é deprimento. a obsessão em concorrer com o CM é incompreensível: tanto o JN como o CM são residuais na área de influência de cada um. o JN é quase monopolista até ao Mondego, o CM daí para baixo.
milhões de euros para construir o Estádio da Luz através da Câmara de Lisboa, segundo a investigação da PJ sob a direcção da unidade especial do Ministério Público criada para investigar o Apito Dourado.
ResponderEliminarTodos sabemos que o Euro 2004 deu direito a muitas festas, antes, durante e depois do evento. Mas 65 milhões de euros é metade do que custou o Estádio do Dragão - e esses 65 milhões não incluem o que o Estado dava como comparticipação normal, digamos assim. E como um dos passatempos favoritos de alguns colegas meus de Lisboa e de alguma classe política era falar das verbas que Fernando Gomes - enquanto presidente da Câmara do Porto - deu ao maior clube da cidade, fica aqui claro que contas se fazem. Até porque não me esqueço de que, uns anos antes, Jorge Sampaio, então presidente da Câmara de Lisboa e futuro presidente da República, quando assinava mais um protocolo com um (ou os dois) clubes de Lisboa, dizia que não se podia continuar assim, a dar dinheiro aos clubes, e terrenos e bombas de gasolina... Continuou-se, claro, até porque o presidente do Benfica Manuel Vilarinho chegou a apoiar Durão Barroso e o PSD nas eleições de Março de 2002, como bem se sabe, num acto aliás lamentável. Não há almoços grátis, claro, mas tão caros... Não haverá petróleo em Lisboa, mas há seguramente outras coisas que não há no resto do país - um regabofe que deixa o povo muito irritado. As irregularidades detectadas são mais do que muitas em todos aqueles contratos e já não estamos a falar dos tempos de Vale e Azevedo, que também deu jeito para deitar para baixo do tapete muita porcaria.
Semanário Grande Porto
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E outra grande cronica do MST.
Mário Crespo incomodava o governo, coisa que eles não toleram. O governo actualmente manda no BCP. O dono do JN, que é "o nosso amigo Joaquim", è um grande devedor do BCP. Conclusão: corta-se o pio ao Crespo. Branco é, galinha o põe!
ResponderEliminarCaro A.Alves,
ResponderEliminarprovavelmente, ainda há quem pense que para fazer o que sugere [e bem] seja preciso ter "tomates".
Para mim, ainda acredito que uma mulher medianamente formada teria capacidade para o fazer sem ter de pôr em bicos de pés. Mas, que quer, é disto que nós temos.