18 outubro, 2010

Don Coelhone, não é rico...

SUBIR O IVA OU AJUDAR A ASCENDI?

18 de Outubro de 2010 

Sabia que mais de metade das receitas projectadas com a subida do IVA vão "direitinhas" para os cofres de uma empresa privada? Sabia que as transferências dos dinheiros do Estado para esta empresa equivalem a mais de metade das poupanças arrecadadas com o corte de salários dos funcionários públicos?

Pois é, é verdade. Pelo menos, é isso o que nos informa o Relatório do Orçamento de Estado para 2011. Como todos sabemos, o projecto de Orçamento de Estado do governo dá azo ao maior aumento da carga fiscal das últimas décadas. Sobe-se o IVA, o IRS, as contribuições sociais, bem como toda uma série de taxas que farão diminuir o rendimento disponível das famílias e aumentar os custos das empresas e dos consumidores. Cortaram-se ainda salários, prestações sociais, despesas com a Saúde e os gastos com a Educação. Tudo em prol do "interesse nacional". Porém, sabia que o mesmo governo que está a querer aumentar o IVA vai igualmente transferir 587,2 milhões de euros para a ASCENDI, com a desculpa de levar a cabo a "reposição da estabilidade financeira" da empresa? E que esse "reforço" equivale a um aumento de 289,6% das verbas pagas à ASCENDI em relação a 2010? (p. 212 do Relatório do OE 2011)

Quem é a ASCENDI? É uma das empresas/grupos económicos que tem ajudado o governo na sua cruzada de "modernização" do país através da construção de mais de 850 quilómetros de auto-estradas em diversos pontos do país. E quem são os principais accionistas da ASCENDI? Depende da concessão em causa, mas são maioritariamente a Mota-Engil (entre 35% e 45% do total), a ES Concessões (detida pela Mota-Engil) e a OPway, entre outros.

Na sua mensagem de missão sobre a parceria da empresa com o nosso Estado, a ASCENDI revela bem o que lhe vai na alma: "Vemos o Estado Português como uma entidade que se confunde com o país, com o bem-estar e com o bem comum."

Pois é. E é esta "entidade que se confunde com o país" que prefere subir o IVA, taxar os contribuintes e cortar nas despesas da Educação e das prestações para reforçar a estabilidade financeira de uma empresa privada.

No entanto, se o Estado não estivesse interessado no "equilíbrio financeiro" da ASCENDI ou se, pelo menos, tivesse tentado renegociar contratos e prazos com esta empresa, talvez tivesse sido possível evitar parte do corte salarial dos funcionários públicos ou, pelo menos, evitar a subida do IVA em um ponto percentual.

Mas não. Afinal, por que é que haveríamos de nos preocupar com a descida do rendimento disponível dos portugueses ou com os efeitos recessivos que a subida do IVA provocará se o que está em causa é o "reforço da estabilidade financeira" da ASCENDI?

Publicada por Alvaro Santos Pereira

5 comentários:

  1. Já não me consigo espantar com nada... Apenas pergunto: quem irá trabalhar para a Ascendi? Quem será o próximo coelho a sair da cartóla?

    «Somos um povo de bananas, governado por sacanas».

    Um abraço

    ResponderEliminar
  2. Os negóCios do governo com estas empresas foram feitos de maneira tão leviana que hoje estamos nas mãos destes senhores.

    Só não entendo, é que depois de batermos no charco com os portuguêses a pagar todas as facturas, estes incompetentes governantes não conseguem renegociar com estas empresas sanguessugas...ou, será que quando saírem do Governo têm lá o seu lugarzinho à espera como o Coelhones! Sendo assim, não convém claro...

    O PORTO É GRANDE VIVA O PORTO.

    ResponderEliminar
  3. É fartar vilanagem!!!

    E andam estes garotos, estes sacanas a falar do povo!

    Acordai Portugueses, mostrem como se deve fazer e se não sabem olhem para o exemplo francês que por muito menos se revoltam!

    Abraço

    ResponderEliminar
  4. O mundo não foi feito para povos cobardes!

    ResponderEliminar
  5. «Embora a nomeação de Fernando Gomes para Ministro Adjunto e da Administração Interna com a tutela do Desporto tenha sido saudada pela quase totalidade dos agentes desportivos, a maior parte da imprensa lisboeta atirou-se ao ar e viu com acinte o facto de estar um homem do Porto à frente do Euro'2004. Daí à intriga não demorou nada. Um chorrilho de falsidades encheu o fim-de-semana tentando criar um facto político bloqueador. Plumitivos idiotas sacaram cacetes e marretas e intentaram uma nova guerra contra o Norte e contra o Porto. No "Público", o editorialista (não é uma opinião, compromete toda a empresa) considera uma nomeação cobarde dum primeiro-ministro refém do Porto. (Olhem lá, se começássemos a falar do editorialista!) O "Expresso", na sua vocação de recoveiro, brindou-nos com o recado de que o secretário de Estado do Desporto teria de ser de Lisboa! (...) O resto nem chegámos a ler, nem ver, nem ouvir. Excepto o Barroso, o Alfredo caceteiro-mor que, incapaz de alinhavar um parágrafo no respeito pela sintaxe, destila o costumado ódio tribal contra o país, contra o Norte e contra o Porto. Agora contra Fernando Gomes. (...) É gente como o Barroso, com a sua mentalidade de australopiteco, com o seu ódio, tribalismo e xenofobia regional, que põe em causa a coesão nacional. (...) A verdade é que no pensar destes escrevinhadores pacóvios recolhidos no asilo da capital, o Porto e o Norte nem direito a voto teriam! (...)
    Não basta nascer no Porto para ser tripeiro. Nem é preciso nascer no Porto ou ser descendente de portuenses. Pode bem ter-se nascido em Marraquexe filho dum qualquer Al Faci e ser-se tripeiro. Ser do Porto é uma história, uma cultura, uma mentalidade, uma atitude. Incompatível com qualquer noção fechada de sociedade. Mas incompatível também com qualquer vassalagem. A essa condição se referia Camões quando se autoproclamava "cidadão do Porto". (É por isso que o Porto concatenará sempre o ódio de gente pequena como o caceteiro-mor.)»
    Pedro Baptista, O Jogo, 27/10/1999

    ResponderEliminar

Abrimos portas à frontalidade, mas restringimos sem demagogia, o insulto e a provocação. Democraticamente...