Falta precisamente hoje um mês, para que o histórico dia 25 de Abril cumpra 37 anos, data em que Portugal comemora a conquista da Liberdade e a implantação da Democracia. Desde então, o país foi incapaz de se livrar do torpor desse momento de fantástica alegria, sem nunca ter verdadeiramente conseguido a clarividência necessária para se reorganizar e adaptar a uma nova realidade.
À libertação da ditadura, sucederam-se compreensíveis reivindicações, alguma anarquia, imensas greves, com umas tantas fugas do país de gente que, por boas e más razões, receou pela sua segurança e pelo seu futuro. Se quisermos ser honestos com a história, teremos de reconhecer que nunca chegamos a provar o doce sabor da estabilidade económica e da prosperidade social. Portugal viveu sempre amarrado a crises. A única diferença, é que a crise actual, é de longe a pior que se viveu desde esse tempo a esta parte. Infelizmente para nós, não temos para recordar bons e saudosos tempos, em termos genéricos. Só os banqueiros, os políticos e meia dúzia de grandes empresários podem dizer o contrário, o que não é o mesmo que dizer a verdade. Resumindo: nunca nos soubemos governar, enquanto país. E o raciocínio dedutivo a fazer desta realidade é uma enorme mancha de incompetência e vergonha para toda a classe política. Se lhe acrescentarmos o sucesso económico que contra a corrente desta lógica muitos desses políticos entretanto alcançaram, podemos afirmar - sem receio de sermos injustos - , que estes cavalheiros passaram o tempo a cuspir para a Democracia, que é como quem diz, para o Povo.
Por estas razões, considero que a minha relutância em engajar-me em qualquer dos partidos políticos existentes foi uma decisão sensata e acertada. Se o tivesse feito teria perdido o meu tempo e acumulado desgostos. Não tenho dúvidas. A não ser que me deixasse encantar, como a grande maioria deles, pelo comodismo característico dos funcionários públicos. Os nossos políticos, no governo ou na oposição, nunca foram capazes de ultrapassar esse nível comportamental. Por isso, andamos hoje a estender a mão à Europa sem grandes expectativas em relação ao futuro.
Mas alguma coisa sobrou de positivo deste tsunami pós 25 de Abril : a Liberdade. Não confundamos as coisas, falar de Liberdade, não é falar de Democracia, embora muita gente ainda fale desta como um dado adquirido. Os jornalistas então, são quem mais parece venerá-la. Pura ilusão. Eles não a veneram, usam-na e estendem-na, consoante as [suas] conveniências. Usam-na sobretudo para consumo próprio, num ininterrupto teste de resistência, quando em causa está algo susceptível de fazer vender os jornais do patrão, mas temem-na e desconfiam dela quando se trata da sua própria sobrevivência. Eles, melhor que ninguém, sabem que a Democracia é um embuste, mas pactuam com ele, por uma questão de sobrevivência. Falta-lhes coragem para dar o passo seguinte.
O jornalismo desportivo é talvez o sector onde a liberdade de opinião é mais submissa com o patronato. É o patrão e os lobbies quem ditam o que deve ser dito ou escrito. Há na imprensa desportiva, como na televisão e na rádio, profissionais que não hesitam em submeter as suas ideias à ditadura das linhas editoriais, mesmo que discordando delas. Os jornais desportivos são o espelho do que de pior se tem feito em Portugal em termos de informação. O fanatismo está patente nas suas capas e a democracia informativa pura e simplesmente não existe. Há três jornais desportivos, dois deles de Lisboa, e um sediado no Porto com duas edições [Norte e Sul]. Todos eles, sem excepção, se conduzem pela mesma cartilha: o Benfica é o guia espiritual. Os outros clubes, mesmo com melhores performances desportivas, são remetidos para o quase anonimato e quando são falados [sobretudo o FC Porto], é sempre pelas piores razões. E todos eles pactuam com este genuíno atentado aos valores da Democracia. Em nome das vendas e do todo poderoso Benfica...
Os jornalistas simpatizantes do FC Porto sabem-no, e prestam-se a este trabalho de prostituta. Dizem que têm filhos para criar e que a vida está difícil, etc... Como prostitutas, vendem a alma ao patrão. Como podem eles ser levados a sério? Como querem ser respeitados? Então, que se assumam como prostitutos da informação e terão direito ao respeito proporcional a quem se deixa prostituir. Se a ideia de honra chegou a tão baixos padrões, estarão porventura eles também disponíveis para verem prostituir-se os próprios filhos?
Os jornalistas simpatizantes do FC Porto sabem-no, e prestam-se a este trabalho de prostituta. Dizem que têm filhos para criar e que a vida está difícil, etc... Como prostitutas, vendem a alma ao patrão. Como podem eles ser levados a sério? Como querem ser respeitados? Então, que se assumam como prostitutos da informação e terão direito ao respeito proporcional a quem se deixa prostituir. Se a ideia de honra chegou a tão baixos padrões, estarão porventura eles também disponíveis para verem prostituir-se os próprios filhos?
Haja paciência. A vida está má para todos. A justificação de ter de a ganhar, não pode explicar tudo. Urge repudiar o trabalho sectário, a mentira, o insulto, a conspiração, e a injustiça mesmo que o patrão ameace com o despedimento. Isso fará toda a diferença, entre o lacaio e o Homem.
E quando falarem sobre Democracia, seria bom que se lembrassem do contributo que estão a dar para a sua degeneração. Cobardemente.
E quando falarem sobre Democracia, seria bom que se lembrassem do contributo que estão a dar para a sua degeneração. Cobardemente.
Rui, de acordo e digo mais, até os directores de jornais dizem que tomam nota, concordam, mesmo que com todos os cuidados, mas depois tudo continua igual, o sectarismo prossegue e todos os dias somos confrontamos com o jornalismo zarolho, que só vê contra o azul e branco.
ResponderEliminarUm abraço