A mentira mais repetida na vida política portuguesa é a de que os portugueses vivem acima das suas possibilidades, trabalham pouco, ganham demasiado e deveriam poupar mais. Nada de mais errado: este conjunto de mitos constitui um embuste.
O primeiro mito é o de que os portugueses vivem acima das suas possibilidades, fazem férias caras e compram bens que não deviam. Um logro. Quando adquirem bens ou serviços, os cidadãos fazem-no ou com o seu dinheiro ou a crédito. No primeiro caso, estão no seu direito. Na segunda hipótese, a responsabilidade será sempre do cliente; ou, se resulta de má avaliação ou ganância por parte da banca, é por esta que deve ser assumido o prejuízo. Muito pelo contrário, quem vive muito acima das suas possibilidades é o Estado, a classe política, os gestores públicos e todos os que comem da manjedoura que é o orçamento do estado. O português comum, esse, infelizmente, tem vivido muito abaixo do nível médio do europeu.
O segundo mito, em Portugal trabalha-se pouco. Uma falsidade. Os nossos trabalhadores cumprem horários semanais dos mais extensos da Europa. Estão é mal enquadrados e são mal dirigidos. Na administração pública, a gestão é fraca, os dirigentes, "boys" partidários, são, na sua maioria, habilidosos caciques e organizadores de campanhas, mas péssimos gestores. Acresce que a incompetência se contagia às empresas privadas que vivem de favores do Estado e que, para isso apenas, contratam traficantes de influência. Com dirigentes destes, a produtividade só poderia ser fraca. E ganham demais? Não me parece que salários altos alguma vez tenham sido o problema de Portugal. Pelo contrário, é lamentável que tenhamos chegado a 2011 com um ordenado bruto médio de 900 euros, o que representa um rendimento líquido mensal de 711 euros. Isto é ganhar muito? Finalmente, é agora moda pedir aos portugueses que poupem. Mas vir pedir a um povo, que tem salários de miséria, para poupar é, no mínimo, ridículo e insultuoso. E inútil. Todo este chorrilho de mentiras e moralismos apenas servem para disfarçar a incapacidade dos políticos. O que os portugueses precisam não é de lições de moral, mas sim de governantes competentes e sérios.
[de Paulo Morais, Prof.Universitário]
Nota de RoP
O artigo é excelente, a fonte duvidosa. Continuo sem perceber o que leva pessoas credíveis, como é o Dr. Paulo Morais, a não serem muito mais selectivas com os órgãos de comunicação onde publicam as suas crónicas. O Correio da Manhã não é, de todo, a melhor referência, a nível da imprensa, sendo certo que em matéria de credibilidade os media deixam todos muito a desejar.
É pena não haver mais pessoas as escreverem assim nos jornais e na televisão,talvez não haja interesse que estas coisas sejam lidas e ouvidas pelos portugueses, porque isso ia despertar muitas mentes adormecidas!
ResponderEliminarDesde do 25 de Abril criou-se um corja de políticos incapazes, incompetentes e de muitos ladrões. Pedir mais a esta gente, é estar a chover no molhado.
ResponderEliminarSó uma geração de juízes justos e sem partidos, que queiram julgar esta gente e a mete-los na cadeia, é que o país ia ser mais gratificante e menos injusto para com os cidadãos.
O PORTO É GRANDE VIVA O POERTo