03 novembro, 2011

Geração rasca, está nos actuais partidos


Nunca escondi o meu profundo descrédito pela classe política, e o decorrer do tempo, sempre mais fértil em factos que os deviam envergonhar, só reforça essa convicção. Apenas se estranha, é que os jornalistas estejam a descobrir isso agora. Paulo Ferreira, escreveu hoje um artigo no JN que retrata essa realidade, mas que só peca por tardio e raro.

Em síntese, a crónica referia-se a declarações proferidas pelo [jovem] secretário de Estado da Juventude e Desporto, que "aconselhavam" os jovens portugueses a emigrar... Sugiro que a leiam, aqui, para ficarem a saber que a moda pegou de estaca, fazendo crescer adeptos curiosamente no interior dos partidos do chamado "arco do poder".

Pessoalmente, não fiquei mesmo nada surpreendido com esta "descoberta", porque, os jovens, à falta de ideias próprias, preferem imitar os mais velhos, sobretudo aqueles que atingiram lugares de destaque na hierarquia política e social. Ora, que melhor exemplo podia inspirá-los, que não o Presidente da República? Em rigor, foi também o Sr. Cavaco Silva quem lhes deu o élan para produzirem estas afirmações que nada ficam a dever à inteligência e, principalmente, ao bom senso.

Os leitores ainda devem estar lembrados do que aqui escrevi àcerca do assunto. Foi numa deslocação ao estrangeiro, que Cavaco, dirigindo-se aos emigrantes afirmou, ipsis verbis, "vocês, são o orgulho de Portugal!". Pena foi, que nenhum dos presentes não tivesse retribuído o piropo ao Presidente, mas ao contrário, para ver se dessa forma conseguia o milagre de obrigar Sua Excelência a repensar no que disse assim que chegasse a casa. 

A classe política portuguesa, além de incapaz e oportunista, é insensata. Quando jovens candidatos ao poder [o poder, não é literalmente o mesmo que Governar]  fazem afirmações desta natureza, estão, mais do que a passar a si próprios um atestado de incompetência, a passar um atestado de estupidez aos eleitores que os vão certamente outra vez guindar ao Poder. O nosso drama é esse: o povo, e a sua crónica permissividade cívica. Com o cinto a apertar e o dinheiro a faltar, talvez essa consciência desperte da letargia em que o acesso ao crédito e os "facilitismos" do passado recente o deixou.

2 comentários:

  1. Isto é conversa de miúdos com pouca responsabilidades, que se sentem aconchegados no tacho que lhes deram.
    Se a maioria dos políticos incompetentes emigrassem antes de irem para o poleiro, talvez este país estivesse um pouco melhor.
    À rasca, estamos todos nós há muito.
    Como diz alguém " Eles dizem o sabem, mas não sabem o que dizem".

    O PORTO É GRANDE VIVA O PORTO.

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  2. manuel moutinho04/11/11, 20:26

    Triste país este que obriga uma grande parte das pessoas a emigrar para ter uma vida melhor,até parece que estamos a voltar aos anos 60, onde a emigração foi a tábua de salvação de muita gente,e agora até os nossos governantes apoiam,estamos feitos num 8 com estes politicos de meia tigela!

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Abrimos portas à frontalidade, mas restringimos sem demagogia, o insulto e a provocação. Democraticamente...