15 novembro, 2011

Bom detergente para lavar maus políticos

 "OMO" lavará mais branco os políticos?
Dizem-nos que os partidos políticos são indispensáveis à democracia, e nós queremos crer que sim.

Até prova em contrário, ou enquanto não nos dispusermos a tentar outros caminhos que contrariem ou anulem de vez esta verdade duvidosa, podemos continuar a acreditar.

Para nos tornarmos políticos, na acepção da palavra, basta que qualquer um de nós adira a uma organização ou movimento dessa natureza. Como tal, quando falámos mal da classe política, obviamente que só podemos estar a referir-nos àquela classe cujos partidos tiveram responsabilidades governativas, e aos partidos da oposição que por apoio ou abstenção, pactuaram com esta forma vergonhosa de fazer política.

Mas, enquanto não descobrirmos novos sistemas de organização governativa, ou enquanto os partidos não encontrarem forma eficiente de se livrarem dos elementos nocivos responsáveis pela má imagem da classe, e pelos maus governos, o mínimo que podemos fazer, é confrontá-los com as suas progressivas incongruências.

Talvez nos ajude a detectar essas incongruências se percebermos algumas das razões pelas quais o bastonário da Ordem dos Advogados tem sido atacado como nenhum outro bastonário foi desde o 25 de Abril a esta parte, o que não deixa de se estranhar...

Como é do conhecimento público, Marinho Pinto - com os pontuais exageros que lhe possam apontar -, tem denunciado várias situações abusivas dentro das instituições da Justiça e do Direito. Uma delas, é a incompatibilidade entre o desempenho de cargos políticos e a advocacia que, conforme dita a lei, veda aos políticos a gestão em empresas que tenham negócios com o Estado. É desprezando o espírito da lei, que sem pudor nem respeito pela imagem que deixam passar para o exterior, 47 deputados e alguns juristas, continuam a exercer funções em sociedades de advogados sob o "genial" argumento de que tais sociedades não podem ser consideradas empresas! Se isto não é um comportamento miserável, um retrato indecente da mentalidade de certos deputados, o que será? Dignidade? Sentido ético? Respeitabilidade? Não, não é nada disso, seguramente!

Pergunta-se: que credibilidade pode ter um parlamento cuja Comissão de Ética não é capaz de pôr em prática os poderes para que foi designada? Se não tem poderes, por que não os reclama? Se não lhos conferem, por que não se demite e diz, preto no branco, quem lhos recusou?  São estes comportamentos, de absoluta permissividade e laxismo, que descredibilizam a Democracia e que colocam em causa a seriedade de toda a classe política.

Volto à minha: quem cala, consente! Apresentar desculpas esfarrapadas à posteriori, depois da casa ardida, que é como quem diz, após alguém ter denunciado a situação, não convence ninguém. E devo dizer que, pessoalmente, não confio em quem formula tais desculpas. Para mim, é logo identificado como cooperante da degradação política de que estamos a falar.

A crise, que afinal não é  uma crise aleatória, mas na essência, o verdadeiro rosto do capitalismo selvagem [embora a definição desagrade aos neo-liberais], está a revelar o seu lado virtuoso, que é, retirar o tapete àqueles que durante longos anos andaram com o populismo na boca, acusando quem os queria denunciar, e que agora, sem saberem como, já não sabem como levantar a máscara. 

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