09 março, 2012

Este país não é para velhos

Não, não é só o filme dos irmãos Coen, Portugal não é mesmo país para velhos,nem para jovens nem para reformados, nem para ninguém, exceptuando para uns quantos políticos sabidões, mais uns quantos ex-políticos oportunistas. O futuro deste país é sombrio. A classe política é cada vez pior, cada "fornada" sai pior que a anterior e enquanto não houver uma profunda remodelação do nosso sistema político,iremos de mal a pior.

Fala-se muito da asneira que foi destruir as actividades produtivas do sector primário da nossa economia. Agricultura, pescas, indústrias extractivas, foram liquidadas, e o nosso actual presidente, o economista sr. Silva, teve larga culpa no cartório. A indústria transformadora foi votada ao abandono, com o prestimoso auxílio dos eurocratas de Bruxelas, com o argumento que os coitadinhos do Bangladesh, do Paquistão ou até mesmo da China(!) precisavam de comer e portanto havia que facilitar e incentivar a entrada dos seus produtos (têxteis sobretudo mas não só)na Europa, mesmo que à custa da destruição de indústrias tradicionais europeias. Em Portugal a indústria passou a ser mal vista, e ainda é, conotada com actividades indesejadas em países do primeiro mundo.

Os anos passaram e o pêndulo continuou rodando. Hoje fala-se da necessidade inadiável de incrementar a actividade económica, sob pena de nunca vir a ser possível pagar a dívida soberana. O nosso país, economicamente anémico, além de fomentar actividades que são válidas e foram abandonadas, deveria aproveitar tudo o que já existe no seu tecido produtivo e tem potencial, e deve agarrar com ambas as mãos todas as perspectivas de investimento estrangeiro.

Nós temos uma unidade industrial válida na construção naval, os Estaleiros de Viana do Castelo. É por isso inacreditável e é um crime económico que o seu proprietário, o Estado, os deixe numa situação de abandono criminoso, não lhes dando as condições económicas que lhes permita principiar a adquirir matéria-prima e satisfazer as encomendas de navios para a Venezuela. Sim, porque os estaleiros têm encomendas em carteira!! Além disso, fico com a ideia que o Estado nunca se envolveu seriamente na tentativa de resolver o imbróglio com o ferry encomendado pelo governo dos Açores e que foi rejeitado porque a velocidade máxima ficava ligeiramente abaixo do contratualizado. O navio está há mais de um ano ancorado, a degradar-se, à espera duma solução em que o Estado não parece muito interessado,e os estaleiros em consequência viram-se assolados por uma enorme crise financeira. (Justiça se preste a Sócrates que se empenhou pessoalmente em tentar vender o ferry à Venezuela). Que nome dar aos políticos que, por inépcia ou desinteresse, vão deixar morrer mais uma unidade industrial e mandar para o desemprego centenas de pessoas? O sr. primeiro-ministro, em vez de andar a passear pela Escandinávia, não faria melhor em ficar por cá e ajudar a resolver a sobrevivência dos EVC? E já agora porque será que tenho a nítida impressão que se os estaleiros estivessem não a 400 km a norte de Lisboa, mas ali para os lados de Cacilhas, o problema já estaria resolvido?

Os nossos governantes acabam por ser uns impostores. Fazem discursos muito lindos, mas em face de problemas concretos mostram a vacuidade dos discursos e a sua incapacidade de tomar decisões adequadas em tempo útil. Por isso digo que assim não vamos a lado nenhum e que este país não é para velhos nem para ninguém.

3 comentários:

  1. Caríssimo Rui Farinas, é por isso que ao ler o que diz o sr.silva, só posso sentir uma enorme náusea que nem um tratamento de choque, me alívia a azia.

    Abraço e bom fim-de-semana

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  2. Engana-se, caro Rui Farinas, este país é para os espertalhões que atalham caminho e enveredam pela porca da política. Para esses, é primeiro mundo. Não tenha dúvidas.

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  3. Para estes cretinos governantes políticos, os velhos pensionistas são a esterqueira, pestilência para os dinheiros da Segurança nacional, a morte é o alívio para os cofres do Estado.
    Estes governantes, não respeitam os novos, nem os velhos, estão mais preocupados como vão pagar as dividas aos especuladores, usando a maneira mais fácil, que é, roubar os portugueses com menos possibilidades e que não têm culpa das asneiras cometidas por eles, pelos Bancos e por todos os ladrões deste país que andam à solta.

    O PORTO É GRANDE, VIVA O PORTO.

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