25 novembro, 2016

Os blogues fazem pouco, mas fazem alguma coisa

Desporto
Serve mesmo o FCPorto? Ou estará a servir alguns?


Já devem ter reparado que ninguém fala da regionalização. Na blogosfera azul e branca, mais que não seja, por causa das patifarias contra o FCPorto, já há quem comece a perceber os danos do centralismo, embora persistam dúvidas que tal seja bastante para mobilizar a maioria dos portistas na causa da regionalização. Ainda assim, seria importante começarmos a ligar as pontas do mesmo cordel, porque não é só no futebol que as marcas centralistas se fazem notar, é nos media audio-visuais, na imprensa, na rádio, nos salários, na distribuição de fundos, nos transportes, enfim, em praticamente tudo.


Há motivos de sobra para andarmos todos ansiosos e até zangados com o país. Não é incomum lermos aqui, no Renovar o Porto, alguns comentários reveladores de um certo desespero, chegando a ponto de nos responzabilizarem por darmos as nossas sugestões ou tecermos as nossas críticas, sem irmos mais além. O desalento compreende-se, mas seria bom que quem quer ir mais além (e eu sou dos que gostava de ir), não se limite a exigir, mas que proponha e se disponibilize a cooperar com ideias acompanhadas de acções.

Por vezes esquecem-se que elaborar um blogue, alimentá-lo diariamente com temas de interesse público, dá algum trabalho, que nem sequer é remunerado, mas é sempre alguma coisa. Os jornais, estão praticamente todos centralizados, generalistas e desportivos, e os que lá trabalham nem sempre fazem serviço público, sendo no entanto pagos. O que nos resta, senão os blogues?

Como há sempre quem nunca esteja bem com o que lhe é oferecido, sem levar em conta que o fazemos de borla, torna-se muito cansativo estarmos sempre a explicar que, estando cientes do nosso parco mediatismo, ousamos mesmo assim lutar contra máquinas incomparavelmente mais poderosas que para nosso mal, estão todas sintonizadas  na mesma onda centralisma. Até o JN,  com a ajuda do novo corpo administrativo (Proença de Carvalho & Ca.), está sorrateiramente a exaurir o pouco cariz portuense que ainda tinha para nos encher os olhos de Lisboa. Uma "lógica" editorial que não tem "naturalmente"  o mesmo tratamento nos jornais de Lisboa, em relação ao Porto, claro, é tudo simples, até usurpar o que não lhes pertence. 

O que terão a dizer os meus amigos portistas (todos, super-dragões incluídos), quando o nosso FCPorto, proprietário-mor do Porto Canal, alvo de caça permanente do centralismo, se recusa a tirar partido dessa máquina poderosa que é a televisão, para difundir nacionalmente a causa regionalista com debates, e informação pedagógica sobre o tema?

Onde estará a coerência das nossas queixas, quando o Presidente do FCPorto critica o centralismo, e depois, tendo nas mãos um canal de televisão, não só não o usa para nos defender, como além disso acabou com o único que existia (Pólo Norte, com David Pontes)?  Quem estará a manietar-nos a Liberdade? Que interesses?  Não é com comentadores tímidos e receosos que defendemos o clube, é com a denúncia frontal, com factos facilmente prováveis e nos lugares próprios, que lá chegamos. Antigamente, até podíamos compreender, e no entanto o Presidente lutava, ia à RTP, mas eramos silenciados pela censura manipuladora centralista, agora já não faz sentido, temos um canal. Não o usar, é puro acto de cobardia e humilhação para o Porto.

E poupem-me com proteccionismos ao presidente, como se ele fosse uma criança, porque se porventura estiver condicionado por qualquer razão, não pode nem deve condiconar o clube. Se ele decidiu parar, não pode nem deve parar o clube. Deve sim, renunciar ao cargo e anunciar novas eleições.  Só fará sentido o FCPorto ser dono de um canal, se fôr para tornar o clube mais forte, ou no mínimo dos mínimos, para o defender, nunca para se tornar num palco de cobardia e rendição humilhante.


PS-Nem a victória no Campeonato me fará mudar de opinião. Pinto da Costa já só vê no FCPorto uma almofada de conforto para a uma reforma passiva.


7 comentários:

  1. Infelizmente a maioria dos Portistas nem sonha que a palavra Regionalização existe. O clube tornou-se demasiado "eclético".

    E justiça seja feita, o próprio Pinto da Costa foi quase ridicularizado (até pelo actual Presidente da Câmara) por falar em centralismo ainda há poucos anos atrás. Muitos dos que o criticaram devem hoje estar a torcer o nariz.

    Mas isto é uma espécie de pescadinha de rabo na boca. O Porto é o principal culpado de Portugal ser um país não regionalizado. É triste mas é a mais pura verdade.

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  2. O Porto Canal só tem sentido se for autêntico e se for feito de "peito aberto" em prol do Porto e de todo o Norte, catapultando o Porto para uma liderança do Norte numa batalha contra a desinformação centralista.

    Neste momento e parafraseando outro texto seu de há uns dias, é um canal Nim. Nem sim nem sopas. É um desperdício tremendo que dá pena e raiva.

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  3. Caro Rui Valente,
    Tenho imensa consideração pela sua luta a favor da regionalização e contra este obsceno centralismo que nos indigna. Agora,permita-me este desabafo muito sentido : cada vez mais e à medida que a idade vai avançando me sinto mais e mais revoltado com a nossa situação de portugueses colonizados pelo absolutismo "iluminado" da corte do ex-império falido. Por razões familiares venho com muita frequência a Espanha, sobretudo a Barcelona. Em qualquer lugar, só quem é cego, ou desonesto, é que não vê os benefícios da autonomia das regiões, a sua riqueza cultural, o vigor das suas tradições, até mesmo a força da língua como símbolo e marca de identificação regionalista e repare-se como é utilizado o catalão, o basco ou o galego que em cada uma das regiões têm prioridade sobre o espanhol. No momento em que escrevo este comentário estou em Burgos, uma cidade bem no interior de Espanha e não é possível ficar indiferente à sua monumentalidade quando comparada com qualquer cidade da mesma ordem de grandeza em Portugal. Como foi possível que povos com origens tão próximas estejam hoje tão distante no seu desenvolvimento? Se D. Afonso Henriques ressuscitasse ou morria de novo, mas agora de vergonha, ou empunhava a "espada" não contra o reino Castela mas contra o reino de Lisboa. O que dizer de um povo que se revoltou contra Castela está agora submisso aos poderes colonialistas da corte de Lisboa? Sinto-me triste e frustrado e com os meus 65 anos já não tenho grandes esperanças em ver isto a dar uma volta. Também é verdade que muitos esperaram uma vida inteira pelo fim do salazarismo, e alguns ainda tiveram a felicidade de assistir ao 25 de Abril, mas também é verdade que não foi para verem este País transformado num " Império colonialista falido ". Será que ainda teremos a felicidade de um dia vermos um " D.Afonso Henriques" a comandar a revolta das nossas gentes ? Eu no fundo, embora muito no fundo, ainda encontro uma réstia de esperança. Só uma sugestão: Que tal um apelo ao boicote nas próximas eleições legislativas caso os actuais deputados, pelo menos os do circulo eleitoral do Porto, não avançarem, ainda nesta legislatura, com o processo da regionalização?
    As minhas desculpas pelo desabafo, mas hoje era um daquelas noites em que estava para aqui virado. As minhas cordiais saudações. Jorge Monteiro,

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  4. Descentralização é coisa que não interessa a quem governa, às grandes Empresas que estão sediadas em Lisboa e a muito velhaco que por aí andam.
    Tanto faz o partido C ou S, o primeiro ministro ser preto, branco ou amarelo, é tudo farinha do mesmo saco com respeito a Regionalização. Nem os partidos ditos de esquerda falam no assunto todos querem mandar a partir da Corte. O Porto Canal não foge à regra, também pensa ter grandes audiências a nível nacional, perguntem ao Sr Juca se não é assim.
    As vozes do Norte para a regionalização são roucas, tímidas, covardes e falsas.
    O Cavaco lançou para o cesto dos papeis a regionalização, estes Têm-na na gaveta como um faz de conta.

    Abílio Costa.

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  5. Espanta-me, por esta altura, que ainda haja portistas esperançados na redenção de Pinto da Costa. Nem 3 anos (ou mais) de más decisões parecem chegar para perceberem que ele já não vive o FCPorto como vivia. Ao que vejo, acho que decidiu sair do clube pela porta das traseiras.

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  6. Estou de acordo com tudo o que está escrito e por isso vou partilhar no facebook para ajudar a mensagem a chegar a mais alguém, e espero que nunca desista desta luta, que ainda vai tendo alguém que o apoia.
    Abraço
    Manuel da Silva Moutinho

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  7. Abílio Costa, tudo isso é verdade, mas já tivemos um referendo para a Regionalização. Em Lisboa a Regionalização ganhou, no Porto perdeu.

    Isto diz tudo da mentalidade fascista do tripeiro e das desgraçadas gentes que vivem ao redor do Porto.

    Já nem falo no resto do Norte lavado cerebralmente, pró-Eusébio, vermelho e ignorante. Legado brutal da pobreza e da ditadura.

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Abrimos portas à frontalidade, mas restringimos sem demagogia, o insulto e a provocação. Democraticamente...