17 outubro, 2007

Insólito novo episódio do caso Casa Pia

Poucos dias decorridos sobre a data da publicação da entrevista de Catalina Pestana que marcou o calendário da tenebrosa "novela" da Casa Pia, surgiu nas redacções de certos jornais e na Televisão um comunicado de um incógnito "Conselho de Ex-Alunos da Casa Pia.". O documento classifica a intervenção da ex-provedora de "desrespeitosa, insensata e inoportuna". Mais: o "Conselho de Ex-Alunos da Casa Pia", não se poupando nas palavras, sentencia que "A Casa Pia, desde a nomeação de Catalina Pestana, viveu um dos períodos mais negros da sua história".
De registar, o aparecimento tardio de tal "Conselho". Em trinta anos de investigações dos abusos sexuais de menores da Casa Pia, não se deu pela existência de tal grupo de ex-alunos.
Do teor do comunicado induz-se que nada de desrespeitoso, insensato e inoportuno se terá passado naquela instituição, antes da tomada de posse de Catalina Pestana. Talvez por isso, os desconhecidos membros do "Conselho de Ex-Alunos da Casa Pia" terão economizado nas atitudes e nas palavras… enquanto em 30 anos decorreram processos de investigação e, nos últimos três anos, o julgamento do respectivo processo criminal no Tribunal da Boa Hora.
Claro que, se o mandato de Catalina Pestana foi, no parecer do anónimo "Conselho de Ex-Alunos da Casa Pia", um dos mais negros da história, facilmente - por elementar comparação - se concluirá que os mandatos dos administradores de há trinta anos a esta parte, em que se registaram inúmeras violações de menores, terão sido os mais brancos (tenham eles sido branqueados pelo eficaz OMO ou por qualquer outro indeterminado detergente). Aliás, a crer em tanta brancura, os ditos abusos terão sido simples realidades virtuais.
Assim sendo e uma vez que o "Conselho de Ex-Alunos da Casa Pia" se apresentou em público (embora encoberto, sem cara à vista) e foi tão bem recebido por certa comunicação social – que, facto notável, até se "esqueceu" de dar a(s) identidade(s) do(s) subscritor(es) do comunicado - só resta a quem de direito (ou de torto, tanto faz) encerrar o actual julgamento, passar uma esponja sobre a investigação processada, mudar de matéria incriminatória e fazer substituir, no mocho do tribunal, os actuais e já bastante fatigados arguidos pela ingénua Catalina Pestana que, em inoportuna hora, de maneira desrespeitosa e de forma insensata, não sendo executante musical, lhe deu a veneta de pôr a delicada boca no trombone e com esse irreflectido gesto molestou os sensíveis ouvidos de alguns ex-alunos agora, tardiamente, despertos para a necessidade de zelar pelo bom nome da Casa Pia…
E tão sofridos e inquietos, os recuperados zeladores, que resolveram partilhar mágoas com a malta amiga dos jornais e televisão; a qual, solícita, correspondeu - mostrando-se bastante compreensiva… Reforçaram a atitude mostrando-se profundamente "indignados" com a ex-provedora.

Entretanto, o Zé-Povinho esteja atento; avalie os capítulos da asquerosa "novela" e tire as conclusões atinentes ao intrigante enredo…

Sem comentários:

Enviar um comentário

Abrimos portas à frontalidade, mas restringimos sem demagogia, o insulto e a provocação. Democraticamente...