Agora, que Luís Filipe Manezes conseguiu o que queria, é capaz de ser interessante continuarmos a acompanhar o discurso político do novo líder do PSD e começar a compará-lo com o que vinha defendendo até à sua recente eleição para a presidência do partido.
O interesse dessa observação, todos sabemos, não resulta de uma súbita e desmesurada fé da população nos méritos da classe política - porque sobre isso nem vale a pena falar - mas antes da curiosidade legítima de querermos ver confirmados (ou não) hábitos antigos de contorcionismo ideológico que assome a generalidade dos políticos assim que se aproximam dos lugares mais destacados do Poder.
Luís Filipe Menezes, apenas chegou ao topo do seu partido, mas sabe que vai ter de lidar com oposições dentro e fora do PSD, que vai ter de se preparar para o eventual desafio de chegar a 1º. Ministro, e que para o conseguir não pode entrar "a matar" e colocar as cartas todas em cima da mesa sob pena de hipotecar precocemente o seu futuro político.
A tarefa de agradar a "gregos e troianos" não vai ser mesmo nada fácil, mas se essa fôr a sua principal preocupação, então, não só dará evidentes sinais de fraqueza como estará a prenunciar ao eleitorado comportamentos déjà vus pouco recomendáveis que lhe poderão custar a derrota com Sócrates nas eleições de 2009.
Desse jogo ambicioso, a Regionalização é o Ás de trunfo de Menezes. Se não o souber usar - contra ventos e marés - se não o reinvindicar e fizer rapidamente avançar com a coragem e a determinação dos verdadeiros líderes, LFM terá, enquanto político, os dias contados. Mas seria lastimável que tal viesse a acontecer, já que saiu da sua própria coragem de não alinhado e também (há que admiti-lo) da sua acção meritória na Câmara de Gaia, o exemplo que acabou por derrotar Marques Mendes aparentemente melhor respaldado pelo aparelho partidário e pelo pretensioso baronato.
Luís Filipe Menezes deu uma lição. A questão, está em saber se terá bem consciência disso. Será que terá percebido a excelente caçada que fez?
De facto, matou dois coelhos de uma cajadada única: Marques Mendes e Rui Rio! O primeiro, deixou-se "caçar" porque se prestou ao humilhante papel de bombo da festa, travestido de líder. O outro, por ter querido aproveitar a onda anti-Porto (e suas instituições mais incómodas para as hostes de Lisboa) gerada a partir dos orgãos de comunicação centralistas, na expectativa que a médio prazo isso lhe viesse a render votos para mais altos vôos.
Os tempos que se avizinham vão ser esclarecedores.
Caro Rui Valente,
ResponderEliminarDada a temática abordada, e a excelente reflexão, tomei a liberdade de publicar este seu "post", com o respectivo link, no
Regionalização
Cumprimentos
Mais um convertido!
ResponderEliminarEste não perdeu tempo. Mal chegou ao gabinete na Lapa, correu logo para a secretária, abriu a gaveta,atirou lá para dentro a "reforma da Década", fechou-a e deitou fora a chave!
Isto deve ser como na Maçonaria.
Mal são entronizados como presidentes do Partido, há logo uma cerimónia secreta com os Pedreiros-Mestres, onde sob pena de "excomunhão", são prontamente sensibilizados para abdicarem dessas "leviandades saloias"!
Vocês continentais nunca mais aprendem.
Eu fico sem saber se é masoquismo ou burrice.
Quanta mais porrada precisam de levar no lombo para abrirem os olhos?
Regionalizem-se, Porra!!
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ResponderEliminarO que estamos a fazer, é tentar não apanhar mais "porrada". Se dependesse apenas de nós já estávamos regionalizados.
ResponderEliminarComo pode constatar a insularidade não tem só desvantagens...