18 junho, 2008

Elogios ao nosso País

Eu sei que há um certo consenso que afirma que os portugueses são normalmente maldizentes, o que é mesmo apontado como um dos defeitos da raça. Mas será que é assim tão difícil encontrar aspectos que se possam elogiar? Vou fazer um esforço e tentar ser elogioso.

Vamos ter TGV's. Não um, que é pindérico, mas três. O primeiro vai sair de Lisboa em direcção a Madrid. Parece que será "grande velocidade" (300/350 Km/h) até Badajoz, e que a seguir, até Madrid, os espanhois vão fazer a linha simplesmente para "altas prestaciones" (250Km/h). Que interessa? Mostraremos aos espanhois que temos um "plano tecnológico" melhor que o deles, há que promover o orgulho nacional.

O segundo TGV é de Lisboa ao Porto e vice-versa. Como vai ser obrigado a parar em todos os sitios - por imposição dos autarcas interessado - vamos lucrar pra aí 20 ou 30 minutos em relação ao Alfa, e pagar uma pipa de massa pela passagem. É claro que há o risco de nessa altura já haver uma política de "céu aberto" em Portugal, e portando haver low costs mais baratas. E daí ? Teremos mostrado a nossa capacidade realizadora.

O terceiro TGV, entre Porto e Vigo, assumidamente será um "alta velocidade" e não um "grande velocidade". Como somos um país de governantes inteligentes, a linha, importantíssima para o Aeroporto Sá Carneiro, não passa perto nem pára lá. Acho genial. Os 500 mil galegos que anualmente utilizam o ASC vão até Campanhã, e depois apanham o metro até ao aeroporto. Deste modo descansam das emoções da alta velociade e simultaneamente damos-lhes tempo para apreciar a nossa paisagem. Os maldizentes dirão que gastarão tanto tempo de Campanhã ao ASC, como gastaram de Vigo a Campanhã. Paciência! Não se pode ter só vantagens.

Também vamos ter um novo aeroporto, que vai ser construído no deserto da margem sul do Tejo. Há quem diga que não era necessário, mas é afirmação de má-fé. Um país tem de aplicar os seus excedentes orçamentais, e se tantas capitais europeias têm mais que um aeroporto, porque é que Lisboa não há de ter dois?

Não se pode também esquecer a TTT (Terceira Travessia do Tejo) que vai ser coisa em grande, a condizer com o facto de Lisboa ser a capital da Europa com maior rede de auto-estradas. Grande Lisboa, agora é que aqueles morcões do Norte vão ficar doentes de inveja. Ah, e o TGV vai parar no novo aeroporto, embora o ministro Jamé tenha explicado que os TGV's se fizeram para ligar cidades e nada mais, por isso é que ele não passa no ASC. Mas capital é capital, e então abre-se uma pequena excepção.

Havia mais coisas boas para citar, mas vou apenas referir uma medida que mostra a preocupação que o nosso governo tem com os pescadores. Consta que a maior comunidade piscatória do país, em Vila do Conde/Póvoa de Varzim, vai ser devidamente aconselhada a só naufragar entre as 09 e as 17 horas, que é o horário de funcionamento efectivo da estação do Instituto de Socorros a Náufragos. Também vão aconselhar a que naufraguem apenas perto de Vila do Conde e não da Póvoa, porque o patrão do salva-vidas está de baixa há três meses, e então o barco não pode sair. Quem não respeitar estas indicações, naufraga por sua conta e risco. Que querem, o dinheiro público não chega para tudo!

1 comentário:

  1. Na revista Dragões, a página do nosso Presidente:

    «Foi uma grande festa! Só políticos eram mais do que muitos. Honrosa excepção feita à presença mais do que justificada do senhor Presidente da República, a tribuna de honra do Estádio Municipal de Oeiras estava enfeitada a preceito. Mas, lá diz o povo na sua imensa sabedoria, que tudo esta bem, quando acaba bem, e neste caso acabar bem foi sinónimo de vitória por parte do nosso antagonista, os atentissímos críticos do costume já não vislumbraram desta vez mal algum naquela mistura de personalidades, concluindo, pois claro que neste caso especifico não haveria lugar a qualquer tipo de promiscuidade entre a política, os políticos e o futebol. Nada disso!
    Promiscuidade da mais vil, isso sim, era quando o então Presidente da Câmara Municipal do Porto, o Dr. Fernando Gomes, agraciava nos Paços do Concelho a equipa Campeã Nacional, o FC Porto, que curiosamente nunca ali se deslocou por apenas ter vencido uma simples Taça de Portugal. Do mesmo modo. o actual presidente da C.M.P. é elogiado por alguns cronistas armados em moralistas, quando não recebe o FC Porto Campeão Europeu; que assim é que é, a verdadeira, a autêntica, a absoluta separação entre politica e o desporto. Curiosamente, já os mesmos personagens, não se coíbem de elogiar o Presidente da C.M. Lisboa por homenagear um clube da sua cidade, acabadinho de vencer a magnifica Taça de Portugal. Nem mais, nem menos!

    Provavelmente, dirão uns, apenas uma mera questão de patamares de exigência, porque o FC Porto ganha mais, logo a expectativa é mais alta...Mas nós compreendemos muito bem! Como entendemos o silêncio comprometido daqueles que, por não terem um pingo de vergonha na cara, dantes clamavam histéricos, e agora...nada! Que pensarão deles os filhos e os netos destes malabaristas da palavra não honrada?
    Eu imagino o que eles pensarão!...

    Depois, bom, assistiu-se a um jogo de frustrante qualidade, bem disputado, em que o senhor juiz da partida cometeu equívocos vários, não assinalando por exemplo duas grandes penalidades a favor do FC Porto e acabando por prejudicar-nos nitidamente. Aqui também, obviamente, os paladinos da moral sobre suspeição, nada pronunciaram. Silêncio sepulcral! Não quero, naturalmente, com isto dizer que terá havido favorecimento premeditado, nada disso, mas o que pretendo é afirmar bem claro, que quando os equívocos são a nosso favor - assim a modos que quando o rei faz anos - o equivoco chama-se logo...suspeição e quase em simultâneo é assim vomitado pela boca e pela pena daqueles que tentam desesperadamente, mas não hão-de conseguir, ser os nossos algozes.
    A partir daqui tudo continuou a ser uma festa.
    Festa dos políticos, festa da comunicação social, festa do dia seguinte, festa traduzida enfim, as bombásticas primeiras páginas, esquecendo-se os desavergonhados, dos míseros rodapés que publicaram quando FC Porto foi - imagine-se - Campeão do Mundo!

    Neste pais, de asfixiante centralismo, meter a cabeça na areia ou assobiar para o lado, já se viu, não faz qualquer sentido; nesta terá onde as muitas e importantes vitórias do FC Porto custam terrivelmente muito mais que as poucas dos nossos rivais, apenas porque estamos longe do poder, num pais onde o clima de medo se instala, o plano inclinado tudo dá à capital do império e o ódio ao FC Porto palpita congenitantemente no seio de uma boa parte da comunicação social, só existe um caminho continuar: É lutar, é dizer Não, Não, não vamos , não iremos por ai!»

    Jorge Nuno Pinto da Costa

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