18 agosto, 2008

Para quando o despertar do JN?

A coluna que, diariamente, o JN reserva à blogosfera, ilustra bem o conservadorismo e a actual falta de arrojo do jornal portuense. No rol selectivo dos blogues habitués - para não variar -, o JN escancarou definitivamente os braços generosos às intelectualices "anti-populistas" do Abrupto, do iluminado Pacheco Pereira (e a outros blogues "com status"), tal a regularidade com que tem reproduzido extractos dessa insigne personalidade. Faz bem o JN, já que é sobejamente conhecida a reputação empática que o dito cujo exerce no grande público, muito em especial, ao da sua terra natal, ao povo do Porto, a quem tem dado insuspeitas provas de dedicação e amor...
Em contrapartida, embirra com Alberto João Jardim. Não é pois de admirar que AJJ tenha sido hoje distinguido com uma seta descendente (negativa), na coluna 'Termómetro', dedicada às Figuras do Dia do referido diário. Alguém escreveu isto sobre AJJ: "as diatribes estão-lhe no sangue. Às vezes é divertido, outras inoportuno, outras sai da racionalidade. Foi o que aconteceu anteontem. No comício de rentrée do seu PSD-Madeira, acusou o Governo de "fascista", "mafioso" e "ditatorial". O PSD nacional não comenta."
Se não fosse já tão monótona esta ladaínha, até podia dar para rir. A ligeireza com que os media se imitam uns aos outros é angustiante e a naturalidade com que fazem dos clichés verdades supremas também. Vá lá que ainda lhe reconhecem algum sentido de humor, embora não devam perceber muito bem o que isso é, de outro modo não estranhariam que ele seja inoportuno. Impressiona o unanimismo dos media para lhe apontar defeitos (de estilo), sempre maiores e mais numerosos que as qualidades (factuais). Nem lhes interessa saber que os madeirenses gostam dele, que de outro jeito não estaria a governar a Madeira há tantos anos.
Cá para mim, acho muito mais interessantes as diatribes de AJJ do que o cheiro a naftalina da maioria dos políticos do Continente. Ao menos ali há irreverência, desafio e uma saudável veia provocadora. Quebra a monotonia e faz correr as águas. Preferível ao marasmo cínico da concorrência.
Cada vez que rotula de populista Alberto João Jardim a "comunicação social" comete um erro crasso sem (aparentemente), dar por isso. Parece esquecer-se que, ao fazê-lo, está indirectamente a tratar os madeirenses como uns mentecaptos, incapazes de distinguirem um bobo demagógico de um político hábil e polémico. Seria muito mais útil que os media apontassem baterias para o mar de pasquins e de revistas nojentas que alguns dos seus pares distribuem pelo país, mas não lhes ocorre... Dá muito mau jeito.
Além do mais, agindo assim, os media, deitam completamente por terra a velha máxima que glorifica a soberania do povo com que tantas vezes gostam de vestir os seus sagrados argumentos.

2 comentários:

  1. ora, o JN é aquilo que é há décadas: um porta voz do PS Porto. Volta e meia dá-lhe uns ares regionalistas. Mas não passa duma ligeira flatulência. não chegam sequer a ser peidos a sério.
    O JN anda distraido e se calhar ainda julga que o PS é maioritário no Grande Porto. Já não é. E no Porto concelho até uma figura medíocre como Rui Rio ganhará facilmente. Adivinha-se uma verdadeira cabazada nas autárquicas.

    Desculpem-me a linguagem mas às vezes não há melhor maneira de pôr as coisas.

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  2. pois, e o cheiro das «flatulências» (é assim que se diz quando se fala de política) está a tornar-se insuportável...

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Abrimos portas à frontalidade, mas restringimos sem demagogia, o insulto e a provocação. Democraticamente...