24 maio, 2009

Manuela Moura Guedes, o que é? Jornalista ou provocadora?

Numa época em que os valores e a ética tomaram a forma de um balão cheio de nada, é quase impossível ajuizar, com segurança, os acontecimentos nefastos com maior relevância para a opinião pública. Isto, porque nenhum sector da sociedade pode dar-se ao luxo de garantir alguma equidistância em relação a todos os outros. Embora a articulação entre eles se faça no meio de montanhas de burocracia, de pequenas e grandes cadeias de interesses, o certo é, que mais cedo ou mais tarde, acabam por se cruzar entre si originando, inevitavelmente, problemas de toda a espécie, sendo um dos mais graves, o compadrio de onde emana toda a corrupção.
Sendo este um facto que suponho consensual, o melhor que o comum cidadão pode fazer, é procurar, sempre que possível, "filtrar" a informação que lhe é fornecida pelos media e depois retirar as suas próprias conclusões com toda a liberdade.
Vem isto a talhe de foice do espectáculo miserável protagonizado na TVI entre Manuela Moura Guedes e o actual bastonário da Ordem dos Advogados, Marinho Pinto, na última sexta-feira, onde, independentemente, dos gostos e desgostos pelas ideias do senhor bastonário, a apresentadora saiu a perder. A forma provocadora como conduziu a entrevista, não traduziu, ao contrário do que alguns poderão ter interpretado, frontalidade ou coragem, mas tão só má educação e julgamento na praça pública de uma personalidade que lhe devia merecer todo o respeito. A ética é para todos, incluindo para os jornalistas, que muitas vezes parecem «esquecer-se» dessa premissa. Pessoalmente, abdico completamente do folclore sensacionalista dos media para me sentir informado. De tal maneira, que quando me servem assim a «informação», o efeito imediato é passar a duvidar de quem a transmite.
É verdade que os sinais que a classe política tem vindo a dar à sociedade estes anos mais recentes são altamente preocupantes, porque, para lá do que se vai descobrindo através das investigações, ela pouco faz para preservar comportamentos e éticas que fiquem acima de qualquer suspeita. Pelo contrário, afunda-se em imbróglios. Daí que, a melhor atitude a tomar para os cidadãos, seja ir «bebendo» a informação que lhe é vendida pela comunicação social a pequenos goles [como quem saboreia um cálice de Porto], para não correr o risco de se deixar intoxicar...
Já aqui o escrevi, mas repito, para que não fiquem dúvidas sobre o que penso: tenho mais receio de elogiar alguém [embora o preferisse] do que criticar. Por uma razão muito simples, que é, a de não gostar de me sentir enganado por pura ingenuidade...Mas isto, não quer dizer que para louvar alguém, passe pelo meu imaginário uma exigência de virtudes próxima da pefeição, porque isso não existe, é uma utopia. As minhas exigências, enquanto cidadão, são elevadas, mas
realistas.
Resulta daqui, que relativamente ao Bastonário Marinho Pinto, à sua personalidade, à sua coragem, ao seu discurso fracturante e incómodo, [mas quanto a mim, nada populista], tenho apenas um sentimento misto de simpatia e confiança, por não ser mais um daqueles senhores advogados que tudo fazem para dar uma ideia de elevação deontológica postiça que já não convence ninguém.
Há advogados honestos, como me parece ser o caso do bastonário, mas há muitos que vivem à sombra de um prestígio cujos alicerces estão longe de o merecer. Toda a gente sabe disso, mas há alguns advogados que preferem continuar a tapar o sol com a peneira com receio de perderem uma série de privilégios que explicam o seu enriquecimento súbito.
Quanto à TVI, acho muito bem que investigue a fundo os casos que afectam a coisa pública, mas que o faça de fio a pavio, de Norte a Sul do país, que seja contundente com todos, mas com respeito e elevação, porque tal é perfeitamente possível. O que Manuela Moura Guedes realizou sexta-feira não foi nada disso, foi pura manipulação e afronta. Não é essa a ideia que tenho do jornalismo de investigação.
Aquilo foi só, uma peixeirada retinta.

18 comentários:

  1. A TVI não investiga, a TVI julga, condena, arrasa, antes sequer, da pessoas serem ouvidas, quanto mais constituidas arguidas.

    Alguns, no fundamentalismo anti-Sócrates, ficam contentes, acham bem aquela lixeira, mas porque sabem, que deles não reza a história e contra eles, nunca essas campanhas, sujas, acontecerão.

    Um abraço

    ResponderEliminar
  2. Deve ser uma exigência da Democracia que a Informação se passe com isenção, cuidado, princípios, sem populismos fáceis que só conduzem à embriaguez e histeria colectivas...E a CS tem embarcado na facilidade, na ocupação deliberada do que atrai mais a atenção e fomenta a audiência...Não é difícil manipular a opinião pública, porque na maioria dos casos a nossa população é generosa, mas inculta e completamente aberta ao crédito fácil do que emana do Poder...Todos os que lhe surjam através da promoção dos media, são considerados oportunos e infalíveis...Na nossa cidade temos um fortíssimo exemplo!...
    Mas o mal não é apenas da TVI, todos -por incentivo do Mercado tornado Deus- embarcaram nesta onda de conseguir audiências a qualquer preço e depois de entrar por aí, da busca intensiva de notícias à corrupção objectiva nos métodos, vai apenas um pequeno passo...

    ResponderEliminar
  3. Incrivel o teor do recurso do procurador do caso "envelope", relatado este domingo no JN ( aliás não gostei do modo de dar a noticia...)

    ResponderEliminar
  4. Quem diz a TVI, diz toda a comunicação social, poucos fazem a excepção.

    Um abraço

    ResponderEliminar
  5. Caro Meireles,

    Inteiramente de acordo. À "comunicação social" talvez devesse chamar-se, para atenuar certos efeitos traumáquicos:

    orgãos de confusão social. Pelo menos, era mais honesto.

    Abraço

    ResponderEliminar
  6. Ja que não há Justiça tem que se fazer jornalismo de investigação.
    O casoi Freemoney é uma das muitas vergonhas do Snr Pinto de Sousa. Ao colorir-se de rosa este "Bastonario"
    esta a espera dum tacho dourado no dau after....
    Pobre Pais que tem defensores de causas evidentes para manter mordomias.
    Era um V leitor ate ver isto....são iguais .Adeus até ao meu regresso....

    ResponderEliminar
  7. Respeitável anónimo,

    Antes de lhe desejar boa viagem, gostava que me explicasse os fundamentos da sua "aversão" ao Bastonário, para além do porque sim, e da verborreia corporativista dos seus pares com manifestos "rabos de palha".

    Suponho não me enganar que a alusão a Pinto de Sousa constituem uma curiosíssima pista...

    ResponderEliminar
  8. Na verdade a notícia veiculada hoje pelo Notícias cheira a provocação...A chamada à primeira página em grande destaque é provocatória, não se pode considerar inocente, porque inevitavelmente tem que ser lida atendendo ao dia em que é colocada...Cada um, marca o seu próprio caminho à sua vontade.
    A notícia em si mesma, não tem importância nenhuma, é apenas uma confissão de incapacidade do representante da PGR, que faz uma fuga para a frente, acusando outro magistrado, das culpas que apenas a si próprio deveria remeter!
    É uma confissão de derrota e de impotência e um pedido de ajuda e revanche a terceiros...Lamentável!

    ResponderEliminar
  9. Muito obrigado pelos desejos de boa viagem....E que mal acompanhado e uma chatisse E como mantenho que ha um bando de cobardolas a esconder-se atras do poder para apanhar migalhas vou ver como se comportam quanto forem confrontados com evidencias e corridos dos tachos dourados. Não é o meu caso de mim todos me roubaram dai a minha autoridade em criticar esta troupe de salteadores com seguidistas que apreciam o desastre iminente.O que aproveitei....o gozo de ver os lambe botas acomodados ...Feitios ..e falta de memoria

    ResponderEliminar
  10. Na verdade a notícia veiculada hoje pelo Notícias cheira a provocação...A chamada à primeira página em grande destaque é provocatória, não se pode considerar inocente, porque inevitavelmente tem que ser lida atendendo ao dia em que é colocada...Cada um, marca o seu próprio caminho à sua vontade.
    A notícia em si mesma, não tem importância nenhuma, é apenas uma confissão de incapacidade do representante da PGR, que faz uma fuga para a frente, acusando outro magistrado, das culpas que apenas a si próprio deveria remeter!
    É uma confissão de derrota e de impotência e um pedido de ajuda e revanche a terceiros...Lamentável!

    ResponderEliminar
  11. Caro Rui,

    O «jornalismo», denúncias sem provas, moralismo que o bastonário pratica é bem pior do que o da MMG. Não apresenta provas e denuncia comportamentos indevidos apenas numa classe profissional que afecta apenas os intereses dos privados envolvidos.

    A MMG ainda apresenta peças jornalisticas baseadas em factos, sobre o comportamento do 1º, que afecta o dinheiro dos impostos de todos os portugueses.

    A falta de ética de José Socrates, que o bastonário não critica, é mil vezes pior do que a falta de etica jornalística de MMG.

    ResponderEliminar
  12. Caro Rui,

    já apreciava MMG e MP, cada qual pelas suas razões, e não deixei de apreciar por causa do que resvalou na 6ª feira para uma peça menos digna.

    Mas colocar em causa a frontalidade profissional de MMG não partilho, porque se ela faz perguntas e coloca questões como o faz só tem de ser avaliado se são justas, bem colocadas e melhor preparadas. A MMG colocou muitas questões que embaraçaram MP ao ponto de o levar ao descontrolo total. O balanço final, que me interessa pouco, é que MP saiu diminuído, não a MMG ainda que, a meio da coisa, também perdesse as estribeiras mas o caldo emocional pode dar nisto num directo televisivo com duas pessoas vulcânicas como são ambas e para o que, de resto, MP já saberia ao que ía.

    É curioso que das centenas, várias, de reacções ao episódio televisivo que por si, na tal "peixeirada", retirou a atenção merecida ao fulcro do debate (no qual MP saiu diminuído na polémica que o opõe aos contestatários na OA), todos tomem partido por um lado e por preconceitos já conhecidos:
    - alguns que sabem a frontalidade e objectividade de MMG e partilham a sua busca pela verdade e o aclarar de situações obscuras: há quem aponte "busca de vítimas" e "sede de espectáculo", mas nada há na tv nacional porreira que se assemelhe e os tugas estão mal habituados tal a pasmaceira noticiária das tv's; os ministros que fogem da TVI, os políticos que controlam a informação, os comentadores, os debates, o situacionismo sabem que não se devem pôr a jeito com a MMG, idem para as figuras públicos sob escrutínio como é o caso do BOA;
    - aqueles que acham que MP esteve bem ressumam de um ódio rosa a MMG mas abstraem-se do afundanço que foi MP na entrevista (enquanto durou), porque só vêem o Jornal da 6ª feira da TVI como alvo a abater em nome de uma verdade noticiosa e clareza política que não querem mesmo.

    Sem deixar de reconhecer algum exagero e destempero, falta de moderação, de MMG, o que não a põe em causa, creio que MP ficou pior na fotografia e deu aso a quem desconfia que pretende servir o poder (mas não entende que o poder será em breve esvaziado?) com as suas cruzadas contra o processo Casa Pia e Freeport em que, neste último caso, não devia participar enquanto BOA.

    Mas isto é como os penáltis, há quem ache justo ou injusto.

    MP pareceu Paulo Bento a reclamar contra as arbitragens. Patético e pior se pretendeu atingir a dignidade profissional da jornalista, coisa que ela não lhe fez enquanto advogado e só aflorou a sua antiga condição de jornalista depois dos remoques que MP lhe dirigiu profissionalmente, o que é indigno.

    No fundo, MP fez o papel de qualquer ministro acossado deste Governo de imundícies, e do próprio PM, ao querer "desautorizar" MMG. E quem toma este "partido" assume as dores de quem não tem coragem para falar à TVI por ter medo.

    Se há alguma coisa de próxima da liberdade de Imprensa - e se algo for censurável, que se demande os tribunais - e serviço público noticioso e contra-poder é o jornal da TVI de MMG, o único que vejo em toda a semana porque o resto é de uma nulidade absoluta.

    ResponderEliminar
  13. Ah, como disse que aprecio ambos (MMG e MP), realço a luta titânica de MP na OA contra os servidores do poder que dele se servem e os grandes escritórios de advogados e seus protagonistas mediáticos como ex-bastonários e Júdice em particular (vide entrevista ao Expresso).

    MP faz muito bem em denunciar tanto coisa má no reino da Justiça e os portugueses nunca ouviram tão bem caracterizar esta temática como agora com MP.

    É, aliás, infame a forma como tentam destituí-lo e, aí, MMG devia ter dado oportunidade a MP para atacar os interesses instalados. Foi, para mim, a pecha de MMG, mas MP teve oportunidades só que vai abrindo a boca aos bocados e não chega a pô-la no trombone. Já disse muito, mas tem decerto muito mais para dizer.

    E o que MP diz é para ser tido em conta. Quanto às lutas internas na OA refletem-se no que é a administração da Justiça no País, pelas ruas da amargura, ainda que este edifício tenha ocupantes bem mais perniciosos que os advogados, mas MP também tem atacado esses poderes mais acima na escala hierárquica.

    Daí eu ter dito que gosto de ambos, a MMG por ser uma jornalista de corpo inteiro (com defeitos como qualquer outro), o MP por pôr o dedo nas feridas, também ele, na sua área de jurisdição.

    E apreciei imenso que, apesar de tudo o que resvalou depois, MP tenha continuado ao dispor de MMG para ir de novo lá ser entrevistado.

    Este gesto é digno e gostaria imenso de ver em breve MP na TVI, se quiser falar mais dos podres da Justiça que tem denunciado.

    Agora, se MP quer ser protagonista político e assumir dores que não são suas, perderá a razão.

    Abraço

    ResponderEliminar
  14. Zé Luis, eu não sou rosa, bem pelo contrário, nunca fui porque percebi bem cedo muita coisa, apenas me repugnam as perseguições que os Órgão de Comunicação Social fazem às pessoas que por qualquer razão, não agradam aos poderosos e, aproveitam este caldo de destempero, para fazerem manchetes e audiências à custa da honra e da dignidade de terceiros e sem respeito pela paciência e pela inteligência do consumidor a que se dirigem...Quando alguém perde a compostura em directo por sentir que está a ser insultado -Bufo não é palavra simpática- por quem dirige um programa aberto ao Mundo, seja ele qual for, tenho a tendência em simpatizar e alinhar com ele...E Marinho Pinto -tenha ela a simpatia Política que tiver- já mostrou à saciedade que não é homem de temer as consequências...Quando ele defende uns tem de defender outros, não pode fazer distinções entre quem merece e quem o não merece, quem tem responsabilidades nesta matéria de poder incriminar e condenar ou não, quem esteja em causa, é o Ministério Público e este, é manifestamente incompetente, para o fazer de forma elegante e correcta. Alinha com a vontade das maiorias, é populista, navega ao corrente das marés, o que revela inconsistência, oportunismo e falta de isenção, o que para mim nesta matéria de Justiça, primordial para um Estado de Direito, é o mesmo que espírito corrupto!...

    ResponderEliminar
  15. "Bufo não é palavra simpática".


    Meireles, não se pode abstrair cdo contexto. Ela não lhe chamou bufo, disse que, da forma que ele apontava bufos (noutras circunstâncias), por essa lógica também ele faria o papel de bufo.

    É uma associação de ideias, lógica, mediante o que MP vinha fazendo e insinuando.

    MP teve intervenções lastimáveis em assuntos que não lhe dizem respeito, nem indirectamente, enquanto BOA.

    Pelo que percebo, muita gente não entendeu metade do que de fulcral se disse na entrevista.

    E as perguntas de MMG foram todas objectivas, confrontando logo a abrir o que MP assumiria como condição para sair de cena de Bastonário com o que não estava a fazer.

    É claríssimo como água, MP só chafurdou na lama que criou.

    Esse entendimento que fazes não é correcto.

    ResponderEliminar
  16. O Zé Luis terá feito a sua leitura, eu nem sou grande consumidor da TVi porque não gosto do estilo e porque sempre que lá vou e dá algum programa de interesse -um filme ou outro qualquer- entre cada uma das partes aplicam-lhe uma autêntica Eternidade...Não tenho pachorra!
    Mas confesso, também não gosto do Eduardo Moniz -ainda no tempo da RTP-, do estilo e da forma e acho que os dois estão bem um para o outro, casaram, que sejam então muito felizes, agora ter de os aturar é que não, ainda para mais com os inenarráveis Júlio Magalhães e Luís Goucha acoplados...Tasssssssssss, é obra!
    Quanto ao MPinto eu reconheço que o homem é forte, tem voz grossa e não teme, aparentemente, as consequências, se mexe com muitos ou com poucos não sei, mas que mexe, lá isso é verdade, senão não falávamos tanto dele, é polémico, é verdade, mas ser polémico não é por si só muito mau, pior é ser amorfo, e a sociedade Portuguesa precisa de quem a abane de forma constante!...Quanto às suas simpatias políticas, não conheço, nem estou interessado em saber, todos as temos, não quero criar preconceitos, eu apenas falo pelo que vejo, o homem foi eleito e tem sido um falatório imenso, todos os velhos representantes da classe o atacam e isso quer dizer alguma coisa, se a advocacia estava mal, ele teve o condão de pelo menos, mexer com a situação e criar zonas de tensão o que só ajuda a esclarecer posições, posições que muitos, gostam pouco de tomar, porque são uns grandes oportunistas e videirinhos! Ele sinceramente, parece-me ser diferente, pode ser que eu venha a rever esta minha posição, mas até agora não vi muito que lhe possa ser apontado!...Pode ser que eu esteja a ver mal as questões, de qualquer modo é do que disponho. Um abraço.

    ResponderEliminar
  17. http://servir-o-porto.blogspot.com/2009/05/quem-tem-medo-de-manuela-moura-guedes.html

    ResponderEliminar
  18. 100% de acordo com o Meireles.

    A TVI é uma praça de linchamentos publicos. Jornalismo de sarjeta puro. Sensacionalismo barato, corriqueiro.

    Quem mexe com os interesses instalados é tratado da forma que vimos.

    ResponderEliminar

Abrimos portas à frontalidade, mas restringimos sem demagogia, o insulto e a provocação. Democraticamente...