25 maio, 2009

Manuela Moura Guedes/Marinho Pinto e (agora) Mário Crespo

Na impossibilidade de responder a todos os comentários sobre a polémica entrevista à TVI do Bastonário da Ordem dos Advogados, António Marinho Pinto, tentarei, através de um novo post, explicar por que é que não me entusiasmei com o estilo de conduzir a entrevista de Manuela Moura Guedes , a que alguns [surpreendentemente], chamam jornalismo de investigação.

Para esse fim, resolvi aproveitar o lastro deixado por um artigo de Mário Crespo do JN de hoje, com o qual, estou em completo desacordo. A entrevista está aqui , para quem quiser ler.
Diz Mário Crespo, entre outros considerandos, sobre o senhor Bastonário, o seguinte: "vê insultos nos factos com que foi confrontado e reage em disparatado ultrage e descontrole, indigno de quem tem funções públicas".
Não me custa dar de barato que MC conheça determinados factos que o cidadão comum ignora, mas enquanto não os especificar, terá dificuldade em persuadir quem o lê apenas com aqueles que descreve no JN. É que, o que temos lido e ouvido de Marinho Pinto, a mim, não me escandaliza, porque, ao contrário dos seus adversários de carreira mais conservadores, tem um linguagem simples que toda a gente percebe e não o paleio eufemístico e balôfo de quem fala muito sem dizer nada. Marinho Pinto não é populista, é popular, e isso, que eu tenha conhecimento, não é propriamente um defeito, pode até ser uma grande virtude.
Quando fala nos poderes ocultos na justiça e na advocacia, ele não calunia nem insinua ninguém em particular, nem a própria classe, ele sugere a sua requalificação, ele alerta para uma realidade que o público reconhece, e que gostaria de ver mudada. Por que haveremos nós de duvidar das suas intenções se são precisamente alguns dos seus colegas que [vá-se lá saber porquê] lhe estão a levantar dificuldades? Haverá alguém que duvide disto?
Mário Crespo, além de implacável ["Marinho Pinto não tem atenuantes"] limita-se a relacionar [quanto a mim, mal] o Bastonário com homens ligados ao PS como Vitalino Canas, Augusto Santos Silva e Pedro Silva Pereira, mas logo se contradiz numa espécie de acrobacia mental afirmando que ele "não trabalhou para o Ministério do Ambiente de Sócrates nem faz parte do seu núcleo duro". Depois prossegue com outra contradição: "é pois de supor que não esteja vinculado ao voto de obediência cega que tem levado os mais próximos de Sócrates à defesa do indefensável, etc." . Afinal, onde quer chegar Mário Crespo? Que Marinho Pinto está ligado e [a fazer o jôgo] ao PS, ou que não está? Eu não o entendo.
Assim, como também não entendo as suas alusões "à indignidade de quem tem funções públicas", referindo-se ao Bastonário, quando não faz o mesmo à sua colega de profissão com responsabilidades públicas semelhantes. Aqui, mais uma vez, é o fanatismo corporativista de uma classe profissional a sobropor-se à ética do comum cidadão. Ironicamente, ainda esta manhã ouvi umas senhoras no Metro a puxarem conversa sobre a peixeirada da TVI e não fiquei nada, mesmo nada surpreendido por ouví-las defender com unhas e dentes o bastonário. Manuela Moura Guedes para se afirmar como jornalista não pode seguir o caminho mais fácil: o da insinuação. Perguntar sem medo é uma coisa, sem sinais de respeito é outra bem diferente.
O que se viu na TVI, foi uma autêntica caça ao homem em directo tal como todas as outras televisões tentaram fazer a Jorge Nuno Pinto da Costa. E o resultado, foi o que se viu. Perderam em toda a linha, incluindo no local onde deviam combatê-lo: no campo de futebol. Se mesmo assim, houver quem discorde, lamento, mas eu não mudo uma vírgula sobre o que já escrevi desta, repito, peixeirada "jornalística".

11 comentários:

  1. Sobre o Mário Crespo...passo. No seu estilo de jornalista doutor, seja a ser absolutamente patético e não digo mais nada.

    Um abraço

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  2. Rui, há que ter em atenção quem diz o quê e saber porque o diz.

    Hoje em dia não há inocentes, só virgens ofendidas...

    Mário Crespo está com o PS atravessado na garganta escassos meses depois de escrever que votaria PS muito provavelmente (em Janeiro).

    Algo de muito alta traição lhe fizeram para virar o bico ao prego.

    Edssa malta da política e dos comentadores e pivots de programa tv tem muito que se lhe diga.

    Leia-se, mas desconfie-se.

    Há muita confusão/turbulência e pouco discernimento na análise das coisas mediáticas.

    O facto de alguns casos poder parecer uma caça ao homem (vide Pinto da Costa) não significa que tudo o que seja expor coisas e loisas de assuntos que interessam ao público seja sempre caça ao homem.

    A MP não foi, de certeza absoluta.

    Ele teve uma oportunidade para dizer mais do que quer (e pretende, estou crente) sobre a promiscuidade política/advocacia.

    Parece, até pela reacção dos que acharam "ter sido dada uma lição à MMG", que MP foi fazer um frete político para "desautorizar" MMG, tomando as dores (e cores) que são do Governo.

    Essa é a ilação a tirar, sem deixar de se considerar que MP tem razão no que denuncia no âmbito da sua função, mas para isso tem de pôr tudo em pratos limpos e desmascarar, porque o deseja, a porca vivência da advocacia com o poder.

    O resto é lixo para intoxicar papalvos.

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  3. Zé Luís,

    De facto, "hoje em dia não há inocentes", concordo. Mas,é urgente começarmos a fazer o caminho inverso, ou seja, não ofender nem incriminar gratuita e publicamente, ninguém. Certo?

    Sou a favor do jornalismo de investigação, não a favor de julgamentos públicos. MMG fê-lo sem qualquer respeito! E isso para mim é intolerável.

    Mário Crespo teve dois pesos e duas medidas a apreciar o comportamento entre "entrevistador" e entrevistado. Não fez um único reparo a MMG e isso diz tudo.

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  4. No meu comentário sobre o Mário Crespo saiu "seja absolutamente patético" quando eu queria dizer" chega a ser absolutamente patético.

    O que é curioso, é que quando o grupo Prisa tomou conta da TVI, dizia-se que eles estavam ligados ao PSOE, que eram socialistas, que o Sócrates tinha feito isto e mais aquilo, para agradar aos seus amigos espanhois...afinal vêm da TVI os maiores e mais baixos, ataques contra o governo e contra o Primeiro-Ministro. De facto há coisa do Diabo!

    Um abraço

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  5. Caro Vila Pouca,

    Isto é tudo muito complicado, quando se trata de opinar com imparcialidade...

    A rede é densa e muito, muito difusa. Até os partidos se promiscuem, quanto se trata do vil metal...

    Um abraço

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  6. a traição que lhe fizeram foi retirar-lhe a promessa de ser adido nas Europas. O homem ficou azedo, e corporativistas como são...

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  7. Vila Pouca e Rui, a TVI faz como a SIC proclamou: vende sabontes como vende presidentes e PM.

    Hoje é assim, amanhã apanha outro. Prefiro assim, uma atenção focalizada no que fazem partidos e políticos.

    A dica do anónimo não parece correcta. Li em fonte insuspeita que o Mário queria voltar a Washington onde foi correspondente da RTP, mas outro valor mais alto se alevantou... Carneiros de que raro se ouve falar têm bom preço no mercado do xuxialismo.

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  8. http://servir-o-porto.blogspot.com/2009/05/quem-tem-medo-de-manuela-moura-guedes.html

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  9. Caro Rui,

    fico surpreendido com a sua crença no moralismo que chega de Lisboa...

    Então o PdC é ou não santo ??!?!

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  10. Caro José

    Não é caso para ficar surpreendido, porque se há uma coisa da qual você (nem ninguém) deve ter dúvidas, é sobre a minha independência em relação a qualquer partido político. Estou-me nas tintas para os partidos, mas o certo é que temos de "lidar" c/ eles, porque é assim que é suposto conviver em "democracia. E sobre os "moralismos" de Lisboa é a mesma coisa.
    Os dados que tenho não me permitem espetar farpas no bastonário, porque para além de saber que ele é muito incómodo para a classe que representa (e isso deve querer significar alguma coisa)ninguém duvida do que ele denuncia. Com a Manuela M Guedes, é diferente, porque o papel dela é entrevistar, com a pertinência que quiser, mas não manipular como foi óbvio que manipulou toda a "entrevista".

    Desse "jornalismo" não gosto, porque além de trabalhar para as audiências, não é imparcial e você sabe disso. Ou não?

    Essa do PdC ser um Santo, é você quem o diz, e por isso talvez fosse conveniente ser mais assertivo que interrogativo.

    Deixei no ar e num post uma rede tentacular das múltiplas ligações ao caso Freeport e perguntei se alguém me sabia dizer onde estava ligado o bastonário e a jornalista.

    Continuo esperando respostas... Concretas.

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  11. Zé Luís,

    «Hoje é assim, amanhã apanha outro. Prefiro assim, uma atenção focalizada no que fazem partidos e políticos.»

    Pois meu amigo, também partilho da sua preferência, mas com rigor, sem especulação. Porque foi com essa falta de rigor, com toda essa especulação, que a comunicação social lisboeta (e não apenas a TVI)tentou lançar para a fogueira o Futebol Clube do Porto e o seu Presidente. Espero que não se tenha esquecido disso.

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Abrimos portas à frontalidade, mas restringimos sem demagogia, o insulto e a provocação. Democraticamente...