23 setembro, 2009

Castas

JORGE MAIA

Há quem goste de separar os jornalistas em castas, mantendo os que trabalham em jornais desportivos afastados dos restantes, assim como se fossem "intocáveis", para não lhes macular a superioridade ética e a firmeza deontológica que lhes sustenta o ar grave e afectado com que desdenham o jornalismo que se faz por aqui. Ora, todo este lamentável caso das alegadas escutas em Belém, mais as respectivas notícias alegadamente encomendadas e devidamente plantadas tiveram o condão de quebrar o feitiço, revelando aquilo que, deste lado, sempre soubemos: a seriedade do jornalismo e dos jornalistas não depende do carimbo que lhes colam. Claro que os jornalistas ditos desportivos não falam com assessores do Presidente da República, mas, bem vistas as coisas, talvez seja melhor assim. Quer para os jornalistas desportivos, que evitam passar vergonhas; quer para os assessores do Presidente da República, que se lidassem com jornalistas desportivos talvez ainda o fossem.


Nota:

Transcrição de um artigo publicado no jornal O Jogo de hoje. Digam lá, se não tenho razão, quando recomendo uma purga urgente para esta classe . É um jornalista a falar de outros. Ele tem razão, mas não chega, é preciso separar o trigo do joio e afastar as más companhias...

3 comentários:

  1. Quarta-feira, 23 de Setembro de 2009
    O crime de ser portista

    Há duas semanas atrás, no dia 10 de Setembro, soube-se que Júlio Magalhães tinha aceite o convite da administração para ser o novo Director de Informação da TVI. De acordo com o insuspeito ‘Correio da Manhã’, “a administração de Bernardo Bairrão aconselhou-se com vários jornalistas da TVI e o nome de Júlio Magalhães foi o que reuniu mais consenso para o cargo de director de Informação”. Além disso, e conforme o próprio Juca referiu, recebeu o apoio de Manuela Moura Guedes e do ex-homem forte da TVI – José Eduardo Moniz – que fez questão de o felicitar.

    ..../...(continua)

    No blogue reflexão portista


    A não perder.

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  2. Jogo Final

    O fim de uma castidade que nunca existiu
    FERNANDO SANTOS

    Corre agitada a campanha para as legislativas do próximo domingo. Mais do que a apresentação de propostas dos partidos para a governação de Portugal, está montada uma chinfrineira a propósito de comportamentos pouco éticos.

    O silêncio do Presidente da República sobre a hipótese de poder estar por detrás de uma "encomenda" de um seu assessor (entretanto demitido) a jornalistas para maquinarem uma não provada espionagem do Governo de José Sócrates sobre o Palácio de Belém tem gerado compreensíveis ondas de choque.

    Incrédulo, o País assiste a espectáculo degradante, num patamar que estava oculto por falsos arautos da transparência: o de uma relação inquinada entre os circuitos do Poder e o que muitos pensadores de pacotilha catalogavam de Jornalismo de referência.

    Ruiu uma tese que dava jeito para alimentar uma lamentável segregação: a da divisão da classe jornalística entre os que sempre foram acusados de estar a soldo dos clubes, sobretudo do demoníaco futebol - os chamados jornalistas desportivos -, e os outros, os que nos corredores do Poder eram vistos como detentores de uma castidade pronta a repelir, 24 horas sobre 24 horas, todo e qualquer tráfico de influências que contaminasse as suas agendas e a comunicação transmitida a quem os ouve e lê.

    Sinceramente: a revelação de "concubinato" de um assessor do Presidente da República e jornalistas do "Público", por mais explicações e desmentidos que surjam, tem pelo menos uma vantagem: prova que a recepção de "notícias encomendadas" não são exclusivo das gentes do futebol e dos jornalistas que a ele se dedicam.

    Afinal, caiu a máscara: gente séria e desonesta há em todos os sectores de actividade. Incluindo o Jornalismo.

    Do ojogo

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  3. Aqui, da província e com as outras províncias

    O ruído assustador de alguma Imprensa que despreza a existência de outras cores no arco-íris está a funcionar da forma esperada pelos seus estrategas junto dos órgãos de deliberação e e decisão do futebol profissional. Mas com o empenho e a raça de sempre, a coisa há-de voltar ao sítio. E a poluição informativa travestida de jornalismo voltará ao que tem sido: um chorrilho de lamentos.

    Rock Santeiro

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Abrimos portas à frontalidade, mas restringimos sem demagogia, o insulto e a provocação. Democraticamente...