20 setembro, 2009

Jesualdo Ferreira

Há já muito tempo, talvez mais de um ano, que não faço quaisquer comentários sobre futebol e em particular sobre o meu clube - o FCPorto. Não por desinteresse, mas porque sendo frequentador assíduo de blogues portistas, penso que a blogosfera azul e branca está bem servida de comentadores e eu possivelmente nada de válido acrescentaria. Deste modo as minhas opiniões sobre o meu clube têm ficado restringidas a conversas informais em grupos de amigos. Se hoje fujo a esta regra é porque penso que a equipa de futebol do FCP vive uma situação que pode tornar-se complicada, e em consequência não consigo ficar calado.

Já estou a ouvir os optimistas profissionais: então a equipa ganha quatro campeonatos seguidos, tem tido boas prestações na Champions, vem de um jogo muito razoável em Londres, e lá porque asneou em Braga, já tocam os sinos a rebate? Pois é, mas esquecem-se do resto. Estes "apagões" da equipa têm ocorrido nos últimos anos com uma frequência inusitada, e se quisermos ser rigorosos não podemos deixar que os falhanços sejam apagados da memória colectiva pelas vitórias alcançadas, vitórias que, diga-se de passagem, foram em grande parte facilitadas pelas "ofertas", nos últimos campeonatos, dos nossos principais rivais.

Chama-se Jesualdo Ferreira a figura central das discussões sobre o momento do FCPorto. Há muito que penso que ele é parte do problema mas não é parte da solução. Não o conheço pessoalmente mas tenho por ele enorme consideração. Normalmente gosto de o ouvir, considero-o uma pessoa equilibrada, sensata, inteligente e honesta. Acho no entanto que está no lugar errado. Parece-me mais um teórico do que um prático. Penso que falha muito na apreciação dos jogadores, nas táticas a adoptar, na escolha e oportunidade das substituições durante o jogo. JF daria um óptimo e esclarecido comentador, e com a sua capacidade de exposição, conhecimentos e sentido crítico, seria com certeza um óptimo professor. Porque não um óptimo treinador? Porque estou perfeitamente convencido que um treinador, seja de que modalidade colectiva for, deve ser basicamente um condutor de homens, e é aqui que reside o problema. Táticas, métodos de treino, preparação física, etc, etc, aprendem-se no livros, no contacto com os mais velhos, na experiência da vida. Capacidade de liderança, pois é disto que falo, ou se nasce com ela, ou então... É como um futebolista, se não tiver nascido com "aquele" dom, pode ter os melhores treinadores que nunca passará da mediania, e estará condenado a não jogar em clubes de topo. O mesmo acontece com os treinadores, e JF em minha opinião é uma demonstração prática do princípio de Peter: atingiu no FCP o seu nível de incompetência. Por isso digo que ele é parte do problema: acho que JF não consegue ser um lider e esta é uma insuficiência insanável que não pode ser ignorada.

Aceito sem reservas que o meu diagnóstico possa estar errado, mas o que é certo é que uma longa e variada carreira profissional levou-me a trabalhar subordinado a líderes competentes e a líderes incompetentes, e a diferença de ânimo, entusiasmo, e dedicação dos subordinados, é abissal entre um caso e outro.

Conjecturas à parte, façamos votos para que os problemas, sejam quais forem, sejam ultrapassados, os jogadores se trascendam e o penta possa ser uma gloriosa realidade.

6 comentários:

  1. A favor de Jesualdo: 3 campeonatos, 1 Supertaça, 1 Taça de Portugal e objectivos mínimos atingidos na C.League.
    Isto com oito jogadores fundamentais a abandonarem o F.C.Porto durante este período: Pepe, Anderson, Quaresma, P.Assunção, Bosingwa, Cissokho, Lucho e Lisandro.
    Há também, responsabilidade de Jesualdo, no crescimento destes jogadores, com o caso mais paradigmático a ser o francês, que em 6 meses, valorizou-se 15 vezes.
    Coragem de continuar no F.C.Porto, quando podia sair em ombros e agora tem mais a perder que a ganhar, mesmo estando no melhor clube português.

    Contra:
    um futebol pouco atractivo - contra-ataque, agora chamado de transições rápidas -, demasiado conservadorismo - ninguém espere de Jesualdo um golpe de asa do género: está mal muda-se aos 30 minutos -, teimoso e medroso, nos jogos e no lançamento de jogadores.
    Aceita tudo que lhe colocam no prato em termos de contratações.

    É este o treinador que temos e é com ele que temos de ganhar. Oxalá Jesualdo resolva rapidamente o problema, que para mim, acima de tudo, está na cabeça dos jogadores e na sua atitude perante os jogos: conforme são para o campeonato ou a Champions.

    Um abraço

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  2. O ano passado engoli um sapo, um sapo saboroso, mas um sapo... Não me importava nada de este ano engolir outro, se o Jesualdo volstasse a ser campeão, mas, a verdade [e o Rui Farinas sabe-o, porque já falámos disto pessoalmente], eu também não sou um grande admirador dos seus talentos enquanto treinador.

    O Vila Pouca, diz que valorizou o Cissokho. É verdade. Mas, a impressão que tenho é exactamente esta: acho que sabe exponenciar as capacidades dos defesas mas limita a criatividade dos fantasistas.

    Será ilusão minha, ou na pré época vi alguns jogadores novos fazerem coisas fantásticas que deixei de ver nos jogos? Será uma questão de superação táctica sobre a técnica?

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  3. Rui Farinas; estou de acordo com
    aquilo que você escrveu em relação
    ao treinador Jesuldo Ferreira.
    É uma pessoa educada, tem muita retórica futeboleira:mas na práctica quando a bola rola; (e eu
    que vou sempre ao estádio do Dragão
    ver os jogos)é de arrepiar na maior
    parte das vezes.Pelos defeitos, que já lhe conhecemos.
    Estamos gratos pelos três campeonatos que ele ganhou.Mas!...
    mais dois anos de contrato!?
    Nunca tal aconteceu!...Penso eu.

    É certo, que eu não sou grande admirador do futebol dele.

    Mas outros treinadores que já por
    lá passaram, e foram campeões dois
    anos seguidos;o FCPorto não lhes
    fez mais nenhum contrato.

    O PORTO È GRANDE VIVA O PORTO.

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  4. Segunda-feira, 21 de Setembro de 2009

    As declarações de Jesualdo
    "O Sp. Braga venceu bem, o F.C. Porto esteve irreconhecível e nervoso sem haver razão para isso. (...) A equipa não jogou aquilo que sabe e pode. Deixámos o Sp. Braga ter supremacia e, curiosamente, quando o jogo começava a ficar equilibrado, surgiu um golo estranho. A partir daí, a equipa jogou emocionalmente descontrolada e não soube escolher o caminho certo. (...) É demérito total nosso. (...) Não estivemos bem, vamos encontrar as razões para o sucedido, perceber por que é que a equipa não conseguiu jogar."
    Jesualdo Ferreira, em declarações à SportTV


    "Estranhamente, o F.C. Porto esteve intranquilo, nervoso e acabámos por perder muitas bolas. (...) Na primeira parte, o jogo foi muito equilibrado, mas sentimos que não era este F.C. Porto que queríamos. (...) Ficamos com alguma vergonha, porque não estivemos ao nível do que já fizemos, e queremos fazer no futuro. (...) sem tirar mérito ao Sp. Braga, não foi por haver mais Sp. Braga que perdemos, o F.C. Porto é que foi pequeno. Tínhamos a obrigação de chegar aqui e fazer o nosso jogo e não o fizemos."
    Jesualdo Ferreira, na conferência de imprensa


    Há algum exagero nestas declarações demolidoras de Jesualdo. É verdade que o FC Porto esteve longe de fazer uma boa exibição e que uma parte significativa dos jogadores estiveram em sub-rendimento, mas nos últimos três anos vi o FC Porto fazer jogos muito piores sem que Jesualdo tivesse sido tão duro para a sua equipa.
    Aliás, se olharmos para as estatísticas, verificamos que os dragões fizeram mais ataques, mais remates e tiveram mais posse de bola que os bracarenses. E mesmo que queiramos desvalorizar as estatísticas, se revirmos o jogo completo constatamos que as melhores oportunidades foram do FC Porto e que, ao contrário de Eduardo, o Helton não teve de fazer qualquer defesa difícil.

    Por tudo isto, a análise que eu faço ao jogo é parecida com a que o treinador do Braga fez em declarações à SportTV após o jogo:

    "Vitória justa no sentido de que fizemos o golo. Fomos felizes aí. Este foi um jogo muito dividido, com oportunidades de parte a parte. (...) Acabámos por fazer um golo com felicidade e saímos vencedores."

    É inevitável os resultados condicionarem as análises e discursos no final dos jogos, e mais ainda no FC Porto, que não está habituado a perder e muito menos a duas derrotas consecutivas. Mas mais do que a exibição em Braga, penso que a razão que levou Jesualdo a proferir declarações tão duras para a equipa, são os dois desafios importantíssimos que se avizinham: Sporting para o campeonato e Atlético Madrid para a Liga dos Campeões.

    Contudo, devo dizer que acredito pouco em tratamentos de choque. Acredito mais em competência, trabalho e tempo, para que, tal como na época passada, a equipa cresça e atinja os patamares que todos pretendemos. No imediato, espero que os jogadores mais sobrecarregados nas últimas semanas - Fucile, Alvaro Pereira e Meireles - se apresentem a 100% e que o Hulk se convença, de uma vez por todas, que o futebol é um jogo colectivo. Se assim for, estaremos mais perto de ganhar a leões e colchoneros, com ou sem Guarin...

    Do reflexãoportista

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  5. Ò Farinas gosto de o ler, mas quando fala do Prof.Jesualdo calado é um poeta.


    O FCP nos ultimos anos vive uma "tranquilidade" que se deve à qualidade dos seus dirigentes e à competencia do seu responsavel tecnico, que todos os anos perde jogadores chave.

    È preciso tempo, não há milagres.

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  6. Porque é que o Rui Farinas "calado é um poeta" e o senhor anónimo há-de ser um sabichão da bola quando fala? Não se pode criticar Jesualdo? Tudo o que ele faz é inatacável? Que democracia é essa, meu caro?

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Abrimos portas à frontalidade, mas restringimos sem demagogia, o insulto e a provocação. Democraticamente...