24 setembro, 2009

Primeiro o respeito, depois a Democracia

Não vou votar. Sim, é justamente isso que tenciono fazer. Eu não vou votar. E digo isto sem falsa valentia, mas com um sentimento misto de decepção e respeito. De decepção, por me sentir compelido a afastar-me de um direito democrático importante como devia ser o acto de votar, por não confiar na classe política. De respeito, por ter o prazer solitário, mas firme, de confiar mais em mim próprio, do que naqueles que se candidatam e recandidatam a «governar» o país. Desculpem a aparente arrogância, mas eu sou muito mais respeitável que todos estes actos eleitorais. E por quê?
Bem, primeiro porque nunca me candidatei a nenhum lugar público para fazer promessas ao povo sem, sistematicamente, as cumprir. Segundo, e por inerência da razão anterior, por não repetir o logro, como costumam fazer os políticos. E terceiro porque como cidadão do Porto me sinto duplamente traído.
O desprezo que estes velhacos têm dedicado ao Porto, incluindo alguns desta mui nobre cidade, é talvez a maior das razões. Por isso, agora é a minha vez de os desprezar a eles. Serei só eu? Talvez. Agora, já imagiaram qual seria o futuro destes incapazes se todos fizessem o mesmo? Estariam talvez numa empresazita à altura da sua mediocridade a lutar pela vida, com as habilidades que usam na política. No Governo é que nunca teriam lugar.
Mas, há cordeiros, ou gente com excesso de boa fé, ou simples bondade [para não lhe chamar outra coisa, nem ofender ninguém], que apesar de estar a ser tratada como cidadãos de nível inferior, continua disposta a dignificar uma democracia sem dignidade nenhuma. Recorda-me, o medo do pecado que os padres antigamente inculcavam na mente dos crentes, quando alguém ousava raciocinar pela sua própria cabeça, ou apenas contestava a existência de Deus. Hoje, com a política, há muita gente que vai votar por votar, ou porque ainda sentem o zumbido no ouvido dos banhas da cobra a estigmatizar o direito de abstenção.
O voto em branco, é um voto idiota, serve para uma contabilidade inútil e é um acto de subserviência para com um Estado que não merece o respeito dos cidadãos. E eu, tenho o terrível hábito de só respeitar quem me respeita a mim. Que hei-de fazer...

7 comentários:

  1. Respeito o seu direito a não votar, mas eu voto, porque apesar de tudo, ainda há diferenças.

    PS - E a resposta ao meu segundo mail?

    Um abraço

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  2. E eu respeito o seu, embora não concorde.

    PS-Quanto ao 2º.email, para a semana está bem?

    Um abraço

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  3. Amigo Rui Valente,compreendo a sua recusa de participar nesta farsa de democracia. Por razões racionais apetece-me fazer o mesmo,mas acho que só no dia é que decidirei. Também há motivos válidos que nos impelem a ir depositar o papelinho... Um abraço.

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  4. Um habitante de uma região abandonada pelo centralismo, um habitante de uma região que vê candidatos a deputado pelo seu circulo eleitoral que não pertencem a essa região/cidade, um habitante de uma região olhada com desprezo e constantemente prejudicada pelo terreiro do paço só pode mesmo mandar passear esses biltres.
    Estou consigo. Nenhuma força em compita merece. Um dia, espero que próximo, uma Liga Nortenha poderá fazer a diferença.

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  5. Estamos em democracia; e temos que
    respeitar quem vota e quem não vota.O voto é um direito que nos assiste.

    Quanto ao outro assunto.
    Penso, que o problema está mais nas
    pessoas da política local.
    O dr Fernando Gomes é um exemplo
    a citar enquanto presidente C.M.P.

    O PORTO È GRANDE VIVA O PORTO:

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  6. Quinta-feira, 24 de Setembro de 2009
    O Benfica-Sporting de domingo


    Quando li um comentador de peso a comparar o duelo Sócrates/Ferreira Leite a um Benfica-Sporting, pensei logo: olha mais um que parou no tempo da Outra Senhora, em que os dois clubes de Lisboa alternavam os títulos à razão de três para os da Luz, um para os de Alvalade.

    Mas depois do debate, dei por mim a pensar que a comparação afinal não era tão esfarrapada, e que o seu autor acertara, se calhar da mesma maneira involuntária que o relógio parado dá a hora certa duas vezes por dia. As palavras Porto, Norte e Regionalização não foram pronunciadas na única vez em que os dois candidatos a primeiro ministro estiveram frente a frente na televisão a disputarem os votos dos indecisos.

    A bondade do TGV para Madrid foi esmiuçada, mas não se ouviu um pio sequer a propósito da linha Lisboa-Porto-Vigo, apesar dos estudos da firma britânica Steer Davies Gleave garantirem que ela não é só é viável mas também geradora de um benefício líquido superior a cinco mil milhões de euros. Na troca de argumentos desencadeada pela retórica retro anti-espanhola de Ferreira Leite, a única referência à linha para o Porto saiu da boca do ministro espanhol.

    No Norte, o céu está mais carregado de nuvens do que no resto do país. Vivem aqui um milhão de pobres. Mais 300 mil que há três anos. A segunda região que mais contribui para a riqueza do país é mais pobre de Portugal – e uma das 30 mais pobres da Europa, ao lado de regiões romenas e búlgaras.

    Apesar disso, nenhum dos candidatos achou que valia a pena desperdiçar o precioso tempo de antena do seu Benfica-Sporting televisivo a explicar como planeia combater a bolsa nortenha de pobreza e redistribuir de forma solidária a riqueza por todo o país.

    Como portista e nortenho, olho para todos os Benfica-Sporting sem paixão, mas com interesses – prefiro sempre que perca o que ameaça mais perto a liderança do FC-Porto.

    No Benfica-Sporting que se vai jogar no domingo é do interesse do Norte que perca quem se pronunciou contra a Regionalização e o TGV – e acha que “é preciso parar tudo porque não há dinheiro”, mas não incluiu nesse tudo o investimento de 2,5 mil milhões de euros na expansão do Metro de Lisboa nem a ruinosa compra de submarinos que nos fazem tanta falta como uma dor de dentes.

    No Benfica-Sporting de domingo, o mal menor é que perca quem tem a mentalidade do espanhol dono de um cavalo que morreu após 15 dias de jejum forçado e se lamentou: “logo agora que ele se tinha habituado a viver sem comer é que morreu”. Domingo, é preciso evitar que ganhe a velha política do “pobretes mas alegretes”, que tem tanta possibilidade de ter sucesso como uma bailarina com uma perna de pau.

    Jorge Fiel
    Blogue Bussola
    Esta crónica foi hoje publicada no Diário de Notícias
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    Quanto mais não seja pelas razões acima já vale a pena votar.

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  7. Como eu o compreendo muito bem! Como já uma vez referi se eu entrar num restaurante e não gostar dos pratos (listas eleitorais) que me resta? Comer um que goste algo mais do que os outros (voto útil), não comer nenhum (voto branco ou nulo) ou sair ou nem entrar no restaurante (assembleia de voto)que é não votar ou abstenção.
    Infelizmente em Portugal não há democracia, apenas uma partidocracia, com 5 da primeira divisão e mais cerca de 10 na segunda.Dos primeiros 5 e dos seus dirigentes, mentiras, promessas esquecidas e outras "habilidades" estamos fartos. Dos outros, tirando 2 ou 3 pouco sabemos pois são recentes e têm pouca divulgação nos diversos órgãos da comunicação social, pelo que é necessário procurar saber as suas posições e acreditar neles ou não para votar num deles. Vota-se muito no contra (voto útil), mas nem Sócrates nem Manuela têm, para mim, a credibilidade suficiente para votar nos partidos deles. Nos outros 3 maiores também não acredito nos candidatos e programas. Dos pequenos sei algo de 4 ou 5, logo que fazer? Em branco não, sei lá se alguém depois me preenche o voto; nulo também não, nada vale, abster-me já o fiz nas 2 últimas autárquicas e agora apetecia-me mas tenho umas 2 ou 3 "dìvidas" para com Sócrates e, por isso irei votar, mas não na vergonhosa lista de Manuela e do PSD.
    Vou ter de reflectir bastante mas devo a Sócrates ir votar "contra" ele e seus ministros.
    Por tudo isto é que eu defendo a criação de um movimento ou partido do Porto e do Norte. A Constituição? Há maneiras de lhe dar a volta. Quanto a um chefe, como uma vez referiu, o tal comentador desportivo não quer (ele lá saberá porquê)e, pelo que tenho visto, não penso que tenha a coragem e humildade necessárias para o cargo.
    Cumprimentos e bom passeio dominical

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Abrimos portas à frontalidade, mas restringimos sem demagogia, o insulto e a provocação. Democraticamente...