27 setembro, 2009

Humildade não!

No futebol - como em outras actividades - abundam os chamados lugares-comuns. Um dos que mais me intriga consta dos discursos da maior parte dos treinadores portugueses: HUMILDADE. " O nosso segredo é humildade", ou então " ganhámos porque abordámos o jogo com humildade", ou ainda " faltou-nos a humildade necessária". Uma consulta ao dicionário é esclarecedora.

HUMILDADE - virtude que consiste no sentimento da própria inferioridade ou fraqueza; modéstia; submissão; condição baixa; inferioridade social; pobreza; obscuridade.

Portanto o discurso da humildade é o discurso errado. Penso que, pelo contrário, aquilo de que os jogadores precisam é de orgulho, de sentimento de superioridade, da ambição suficiente para dar a volta a situações adversas, embora sempre no total respeito pela dignidade dos seus adversários. Esse respeito não é humildade e não se fazem campeões com espirito humilde.

Vem isto a propósito ou despropósito do jogo de ontem do FCPorto. Penso que já há muito tempo a condição anímica da equipa não é a melhor. Há alguns anos atrás via-se jogar uma equipa que transpirava confiança em si, que se porventura sofresse o primeiro golo do jogo, não se enervava, tranquilamente e com determinação ia à luta e normalmente dava a volta ao resultado. E se estava a ganhar, queria sempre marcar mais um tento.

Estas coisas são subjectivas e portanto admito que possa estar errado, mas parece-me que com o actual treinador, temos uma equipa receosa e com deficiente vitalidade anímica, com pouca confiança na sua capacidade.

Nos blogues portistas e respectivos comentários, apreciam-se sobretudo os aspectos técnicos dos jogos e da equipa, que são claramente factores importantes. Aprecio muito a sua leitura, são esclarecedores e ajudam-me a compreender melhor o jogo. Mas parece-me que nesses comentários é pouco focada a importância dos aspectos psicológicos. Afinal de contas, os jogadores não são autómatos, são seres humanos com motivações e desmotivações. Fico com a impressão que Jesualdo Ferreira, se porventura se ocupa deste aspecto, não consegue passar a mensagem. A culpa só pode ser dele, mas as consequências caem sobre todos.

Como adepto do FCPorto quero voltar a ter uma equipa de onze indomáveis e confiantes guerreiros, e não um conjunto de jogadores com atitudes receosas, que quando se apanham a ganhar por 1-0 se remetem à defesa, e que mesmo contra dez adversários são incapazes de controlar o jogo. Humildade, não!

11 comentários:

  1. Estou parvo com o que leio por aqui.

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  2. Pertinente o seu Post, Rui.

    Ainda ontem [e isto sem qualquer saudosismo], vi na RTP Memória - que raramente consulto - parte de um jogo Porto/Sporting disputado em 1994, era o saudoso Robson treinador do FCPorto, e jogadores como João Pinto, Fernando Couto, Kostadinov, Aloísio, Drulovic, Rui Jorge, Semedo, etc e tal, a baterem-se categoricamente contra um Sporting onde pontificavam Figos, Capuchos, Peixes, Iordanov, Juskoviac, etc. Dava gosto ver.

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  3. Caro Rui Farinas!

    Estou de acordo com o que escreve, nomeadamente no que refere ao tema da humildade, mas não só!

    Um Treinador de Futebol profissional, que oriente uma equipa como a do FCPorto, deve fazer prevalecer a real capacidade deste clube, que ao longo dos anos vem provando à saciedade a sua força, o seu valor a sua categoria, quer interna quer externamente!

    Por isso gostaria mais de ver e ouvir J.F. citar outros lemas condizentes com a valia deste grande clube, como é o caso do FC Porto. Diria mesmo que o fizesse como J.Mourinho o fez várias vezes quando perdeu, dizendo que o próximo adversário iria pagar bem pago aquela derrota (muito embora só admire J.Mourinho em algumas questões do foro do futebol)!

    O FCPorto deve agitar sempre um lema do género Olimpico, querendo sempre ser mais forte, ser mais alto e indo sempre mais longe! Mas J.F. quando aborda os jogos, encolhe-se perante os adversários (não é necessária tanta subserviência, mas sim respeito pelos mesmos), dando-lhes muitas das vezes a importância de que não dispôe!

    Um abraço,

    Renato Oliveira

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  4. Penso que será um pouco, como o Sr. 1º. Ministro!

    Não o curto nada, mas tenho que levar com ele!!!

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  5. Figos, Capuchos, Peixes, Iordanov, Juskoviac,
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    Fraquinho este lote tirando Figo,claro, pois o Capucho "moldou-se" foi no FCP.

    Para além disso o mercado futebolistico nessa altura não era o que é hoje...

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  6. O importante era garantir a vitória, que foi conseguida, e os meus jogadores também sentiram isso, depois de uma semana difícil". O peso da última derrota na Liga, com o Braga, acabou, de certa forma, por pesar na gestão do jogo azul-e-branco.

    "Noutro contexto, os meus atletas jogam muito melhor. Mas houve claramente um problema de grande ansiedade. Muitos jogadores novos, alguns deles a viver pela primeira vez as emoções de um clássico, e isso tem a sua importância", salientou o experiente treinador, que lembrou ainda o castigo máximo desperdiçado por Falcao: "O penálti falhado foi o momento do jogo. Com 2-0, não teríamos passado por tantos problemas e, certamente, teríamos feito um jogo mais seguro, sereno e repousado, tendo em conta o que aí vem. Ainda assim, os jogadores estão de parabéns".

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  7. Todos os jogadores precisam de tempo para se adaptar
    Seleccionador da Colombia

    Ainda para mais quando se vem de outro continente e outro futebol.

    Para alguns portistas isto é como quem faz bolos instantaneos...

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  8. Caro Anónimo,
    não, não é como quem faz bolos instantãneos,treinar.
    São apenas opiniões baseadas noutros modelos de treinador. Se está à espera que eu diga que gosto do modelo de Jesualdo, pode esperar porque não gosto.

    Se me leu anteriormente, em várias ocasiões afirmei que não me importo nada que Jesualdo chegue outra vez ao fim do campeonato e o ganhe, mesmo jogando um futebol que não me agrada, mesmo que não seja um admirador dos seus métodos de jogo.

    É que, sabe, para além de gostar do FCPorto, tanto, ou mais que você, gosto de bom futebol, caso contrário, talvez também achasse bem que a equipa do FCPorto ganhasse os jogos à bastonada (passe o excesso) nos adversários, mas essa não é a minha maneira de apreciar o futebol. Para mim não vale tudo, só para ganhar.

    Sei bem que qualquer treinador precisa de tempo para trabalhar os jogadores, mas Jesualdo desperdiça tempo demais não só a adaptá-los, como a substituí-los.

    É lento, e os adversários nem sempre podem estar dispostos a dar-lhe o tempo que precisa e a perder os pontos que ele lhes vai oferecendo...

    E não me venha dizer que foi ele quem fez o Cissoko porque nem sequer teve tempo para isso. O potencial do Cissokho estava nele mesmo, só que no Setúbal não tinha visibilidade e era jovem.

    Não acredite em tudo o que ouve, pense pela sua cabeça e deixe de comentar o que não lhe agrada como se fosse um mestre na matéria.

    Aceite a crítica construtiva.

    Ninguém quer mal ao Jesualdo,só os adversários do FCPorto. Apenas temos o direito de não apreciar, ou apreciar, o seu trabalho.

    Ficou esclarecido, ou vai mesmo hibernar? Não vá, olhe que o FCPorto precisa do seu apoio.

    Um abraço

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  9. Todas as opiniões expressas sobre o F.C.Porto, desde que de boa-fé, com respeito, objectividade e de forma construtiva, são importantes e úteis para o F.C.Porto.
    Foi ousando, colocando a fasquia alta, enfrentando os mais poderosos, olhos nos olhos, que o Tetracampeão chegou a um patamar de excelência.
    Quando há tempos atrás - acho que no final da época 2006/2007 - me perguntaram porque é que eu não era um entusiasta do Jesualdo, respondi que ele não me motiva, não me galvaniza, não me mobiliza... enquanto for o treinador do meu clube tem o meu apoio, mas sempre dentro do mesmo princípio: quando achar que merece elogios, será elogiado...quando achar que merece ser criticado, será criticado. E como não recebo lições de portismo de ninguém...quem não gostar...paciência!

    Um abraço

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  10. O problema não é de portismo, mas sim do facto de as pessoas não atenderem bem aos seus limites na vertente em apreço.

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  11. Zeman: «Mourinho é um treinador medíocre»
    TREINADOR ITALIANO CRITICA EXIBIÇÕES DO INTER DE MILÃO


    O veterano treinador Zdenek Zeman, que já orientou várias equipas da Serie A, entre as quais o Palermo e AS Roma, considera que José Mourinho é "um treinador medíocre".

    "Mourinho é um grande comunicador e esconde assim a sua mediocridade como treinador. Mourinho é também um grande gestor de jogadores e um bravo gestor de jornalistas", disse o antigo internacional italiano em declarações ao diário "Corriere dello Sport".

    Zeman aproveitou ainda para tecer fortes críticas ao futebol praticado pela formação "nerazzurri". "Com ele (Mourinho), os adeptos nunca mais viram um bom jogo. Dito isto, a equipa de Moratti continua a ser a grande favorita do campeonato, embora jogue muito mal", salientou

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