27 outubro, 2009

Enquanto esperamos para ver, mantenhamos a calma

Vão um pouco agitados os tempos no FCPorto, basta ler os comentários que aparecem nos principais blogues portistas. Há realmente factos indiscutíveis. A equipa está num lugar classificativo a que não estamos habituados. A qualidade do futebol é medíocre, não esporadicamente mas inquietantemente de forma contínua. Espectáculos com pouca qualidade geram desânimo e afastam público (diminuindo as receitas) sobretudo numa época em que o pessoal é obrigado a contar os tostões. O controverso treinador, além de decisões técnicas discutíveis e por vezes incompreensíveis, não parece ter a capacidade de liderança necessária para galvanizar um grupo de atletas que qualquer dia pode entrar em desmotivação. Para tornar as coisas piores, os grandes rivais encarnados jogam um futebol de qualidade, agradável de ver, e vão ganhando. Têm sido mais ajudados pelas arbitragens do que em campeonatos anteriores? Provavelmente, mas não é por isso que ganham, embora seja razoável admitir que é por isso que dão goleadas. Grandes testes se aproximam para tentar perceber o seu real valor: as deslocaçoes a Braga e a Liverpool e a recepção ao FCP. Há que aguardar procurando não cair em estados de espirito de pessimismo extemporâneo.

O FCPorto interessa-me sob dois pontos de vista diferentes. Um, porque é o meu clube. O outro, porque ele deve ser visto como uma das poucas bandeiras da cidade, e até da região, que têm sido capazes de afirmar a excelência de uma cidade, e capaz de triunfar nesta luta a que temos sido obrigados na qualidade de vítimas de uma política nacional centralista, que deliberadamente se dedica a drenar recursos humanos e materiais para a capital, à custa do resto de um país que vai definhando aos poucos. Por isso, para mim, tanto como as vitórias ou derrotas de um clube de futebol, o que está em jogo é também o amor-próprio da nossa cidade.

Durante anos, e porque o FCP era melhor do que os outros, fomos acumulando êxitos nacionais e internacionais. Os outros, os vencidos, em vez de procurar superar-nos pela qualidade dedicavam-se a justificar as derrotas através de argumentos extra-futebol. E, claro, continuavam a perder. Espero bem que se ocorrer uma situação em que o FCP já não seja o melhor, não caiamos no mesmo erro de arranjar justificações fáceis em vez de adoptar medidas pertinentes e corajosas, mas façamos confiança a um Presidente que ao longo de tantos anos tem dado mostras da sua fibra combativa e da justeza das suas decisões, mesmo tendo na lembrança aquele período em que, por razões pessoais, andou com a cabeça mais virada para outras coisas do que para o clube. Afinal, todos somos seres imperfeitos e quem nunca fez asneiras que atire a primeira pedra!

3 comentários:

  1. Caro Rui Farinas,

    não se fique só pela caixa de comentários.

    Mas também não leia só o MST...
    Para esse, há 3 anos que o FC Porto tem a pior equipa do mundo.

    Nos comentários, lê também que muitos MST repetem as mesmas coisas, por exemplo, do ano passado.

    Que o futebol não é bonito, de acordo. Que tenha que tocar os sinos a rebate, vá a Outubro de 2008 e veja o que se disse nas mesmas caixas de comentários.

    Aliás, meia volta depois da derrota na Naval, chamei precisamente a atenção para quem não tem vergonha de dizer as maiores barbariades. E todos acabaram a engolir em seco...

    Veja a tabela da Liga há precisamente um ano. Melhor, espere pelo próximo fim-de-semana, pois foi a 1 de Novembro que o FC Porto teve a última derrota nesse campeonato. Compare com os pontos actuais. Compare, até, com a liderança de então e os encómios que se lhe fazia.

    Depois, serene. Isto passa.

    Abraço

    ResponderEliminar
  2. terça-feira, 27 de Outubro de 2009
    O cabo das tormentas

    «Rodríguez está em plena pré-época, mas tem de a cumprir num período repleto de competição. Em suma, tem muito jogo e pouco treino (...). Mesmo assim, é difícil exigir nível máximo a um jogador que já enfrentou lesões em ambos os joelhos e que só cumpriu 20 sessões de treino sem quaisquer limitações num total de 101 possíveis. Tudo isto é agudizado por constantes viagens para a América do Sul (...). Rodríguez não tem sequer 500 minutos nas pernas e de azul e branco só fez 6 dos 9 jogos que soma esta época. (...) Entretanto, acelera no Olival para voltar a ser desequilibrador na faixa, formando com Hulk e Falcão o ataque há tanto prometido.»
    in Record, 24/10/2009


    «Pelo menos até agora, Jesualdo Ferreira nunca conseguiu ter à sua disposição aquele que parece ser o seu "onze". Ou falta Hulk por estar castigado ou falta Rodríguez por lesão ou não conta com Fernando por castigo ou não pode utilizar Belluschi por lesão. E para complicar, também lhe faltam Varela e Valeri e Orlando Sá e Tomás Costa para compensar as ausências dos titulares.»
    Jorge Maia, O JOGO, 24/10/2009


    Antes da largada para a longa viagem que é a época futebolística 2009/10, o comandante da nau azul-e-branca viu partir para outras paragens três dos seus elementos mais capazes – Cissokho, Lucho e Lisandro – e, no caso da dupla argentina, não será exagero dizer que eram dos navegadores mais experientes e que foram pilares fundamentais de epopeias anteriores, nomeadamente na conquista do Tetra aos “mouros” e nas batalhas com as principais potências europeias.

    No total saíram 9 e entraram 11 novos marinheiros (!) e, estava a armada portista em ensaios para treino da nova tripulação e já as maleitas afectavam vários deles, com destaque para a baixa prolongada de Rodriguez.

    Também há que contar com o Adamastor e com as forças ocultas que manobram nos bastidores. Ainda se via o porto de partida e logo na primeira etapa Hulk era vítima de um inédito castigo, só regressando às lides na quarta etapa da viagem.

    Depois vieram mais e mais lesões (no último desafio eram sete!), ao ponto do comandante nunca ter tido à sua disposição a tripulação completa e, inclusivamente, obrigando-o a recorrer a iniciados nas artes de navegar. Todos fazem falta mas, neste domínio, têm sido particularmente sentidas as ausências de Silvestre Varela, Belluschi e agora também de Fucile.

    Em paralelo, todos os meses a tripulação portista tem sido desfalcada dos seus marinheiros internacionais, os quais se têm ausentado e estado várias semanas ao serviço dos seus países. Também neste aspecto os dragões têm sido, de longe, os mais afectados entre as naus portuguesas. Para o comprovar basta verificar o que se passou na última jornada dupla das competições de países, em que o comandante Jesualdo ficou praticamente duas semanas sem 10 tripulantes, oito dos quais são titulares habituais - Helton, Fucile, Rolando, Bruno Alves, Álvaro Pereira, Meireles, Rodriguez e Falcao (a estes juntaram-se Beto e Guarin).

    É verdade que a navegação tem tido alguns zig-zags e a velocidade não tem sido a ideal, mas convenhamos que, nestas circunstâncias, e em tão pouco tempo não é fácil integrar 11 elementos novos e construir uma tripulação coesa com os necessários entendimentos e mecanizações. Seja como for, nada está perdido (longe disso) e, inclusivamente, o cabo Bojador (conquista da Supertaça) já foi dobrado com sucesso.

    Enfim, espero que este conjunto de contrariedades, um verdadeiro cabo das tormentas, seja rapidamente ultrapassado e que a nau portista, comandada pelo timoneiro Jesualdo, entre em águas mais calmas, num rumo seguro em direcção aos destinos pré-definidos: os oitavos da LC e a reedição do penta-campeonato.
    In reflexãoportista

    ResponderEliminar
  3. Subscrevo inteiramente a ideia,

    o FCP está a exibir um dos seus piores rostos e apesar das cartas exibidas pelos dois rivais directos (Braga e Benfica) serem mais atractivas, o problema está em que o clube é um simbolo e devia ter uma luz propria. Que este ano parece reluzir menos.

    Uma derrota do clube é uma derrota de um dos poucos simbolos que ainda existem neste país fora da capital. Nao concordo ha muitos anos com a administraçao do clube, as opçoes tecnicas e já há muito que nao vou ao estádio. Mas custa ver a baixa de qualidade constante, de ano para ano, e as constantes desculpas de mau pagador.

    Dar a volta desportivamente é importante, mas mais ainda é recuperar o brio de uma instituiçao que nao é de todos os portuenses. É maior do que isso, é um simbolo internacional de uma cidade cada vez mais fantasmagórica...

    um abraço

    Miguel Lourenço Pereira

    ResponderEliminar

Abrimos portas à frontalidade, mas restringimos sem demagogia, o insulto e a provocação. Democraticamente...