26 outubro, 2009

Alienações pré-fabricadas

Ou é de mim, das minhas limitações intelectuais, mas ainda estou por perceber em que é que o futebol aliena mais do que as "telenovelas", os "prós e contras" ou os "gatos fedorentos".
Eu gosto de futebol, sou um adepto fervoroso do FCPorto [e neste momento, mais do que nunca], e sinceramente, ainda não me dei conta do grau de alienação que ele poderá ter provocado em mim. Bem pelo contrário. Considero que, os nortenhos em geral e os portistas em particular, começaram a aperceber-se melhor da discriminação de que são objecto por parte do Terreiro do Paço através do mundo do futebol. Será necessário citar provas? Elas entram-nos há anos pela casa dentro, é só ver e ouvir [a televisão, por exemplo]. É de tal modo descarada a discriminação e o ultraje que até revolta.
As telenovelas, transportam as mulheres [nem todas, ressalve-se] e também alguns homens para o tradicional mundo côr de rosa onde adoram mergulhar, talvez para esquecer a realidade quotidiana pouco estimulante e nem querem ouvir falar de política. Aí sim, poder-se-à reconhecer algum efeito alienatório mas por outro lado também sedativo para o sistema nervoso.
Os debates políticos e entre políticos, esses sim, são o pior dos alucinogéneos! Mas é importante acompanhá-los, quanto mais não seja, como objecto de estudo para descobrirmos até onde pode ir a vulgaridade humana e a arte de representar fora do teatro. Não há tema mais alienante do que a política, pelo menos, tal como é praticada em Portugal. E para isto, não há remédio que nos valha. A Democracia tal como a concebemos, não é [e está provado] esse remédio, é um placebo com efeitos suporíforos bem mais perigosos do que a paixão pelo futebol! O povo vive cada vez pior e nem as resmas de subsídios de Inserção Social o impede de desprezar o voto. Sim, é verdade que Rui Rio vai continuar na Câmara à custa do eleitorado subsídio-«independente», seguidista e conformista, mas mesmo assim, o povo ainda vive demasiado sob o efeito da hipnose da Democracia.
É impressionante, a facilidade com que algumas pessoas se deixam influenciar! Basta a um papagaio bem falante ir à televisão, usar um vocabulário sofisticado e com ar de pessoa séria, para logo outros papagaios lhe copiarem o paleio. Basta um desconhecido empresário afirmar que precisa de empregados e que ninguém aceita o emprego para imediatamente se concluir que as pessoas não querem trabalhar e que preferem ficar em casa a gozar os lautos fundos da Segurança Social!
A televisão absorve só parte da informação e divulga-a pela metade. Raramente lhe ocorre perguntar [pedindo comprovativos] a tão desafortunados «empresários» qual é o indíce demográfico nas proximidades dessas empresas e os salários que oferecem aos trabalhadores que procuram para se ficar a saber se, atrás de um benfeitor não estará um explorador de carne humana. Ao que começa a constar-se, é isso mesmo que está a acontecer em certas empresas. Há muito patrão sem escrúpulos a tirar partido da pobreza vigente para pagar salários miseráveis, mas essa parte da história já não é tão divulgada...
Até agora, o síndrome da ignorância cívica era o futebol, agora o da pobreza chama-se RSI! Deve ser uma tentação, imagino! Por este andar, ainda vamos ver os políticos a candidatarem-se a estes sumptuosos subsídios! O problema nacional está pois no RSI. Matem os pobres, já! Assim se acabará com a pobreza. O Paulo Portas, irá concordar.

4 comentários:

  1. São as agências de comunicação, autênticas máquinas de propaganda, tipo nazi, que transformam uma mentira muitas vezes repetida em verdade...

    Um abraço

    ResponderEliminar
  2. terça-feira, 27 de Outubro de 2009
    O cabo das tormentas

    «Rodríguez está em plena pré-época, mas tem de a cumprir num período repleto de competição. Em suma, tem muito jogo e pouco treino (...). Mesmo assim, é difícil exigir nível máximo a um jogador que já enfrentou lesões em ambos os joelhos e que só cumpriu 20 sessões de treino sem quaisquer limitações num total de 101 possíveis. Tudo isto é agudizado por constantes viagens para a América do Sul (...). Rodríguez não tem sequer 500 minutos nas pernas e de azul e branco só fez 6 dos 9 jogos que soma esta época. (...) Entretanto, acelera no Olival para voltar a ser desequilibrador na faixa, formando com Hulk e Falcão o ataque há tanto prometido.»
    in Record, 24/10/2009


    «Pelo menos até agora, Jesualdo Ferreira nunca conseguiu ter à sua disposição aquele que parece ser o seu "onze". Ou falta Hulk por estar castigado ou falta Rodríguez por lesão ou não conta com Fernando por castigo ou não pode utilizar Belluschi por lesão. E para complicar, também lhe faltam Varela e Valeri e Orlando Sá e Tomás Costa para compensar as ausências dos titulares.»
    Jorge Maia, O JOGO, 24/10/2009


    Antes da largada para a longa viagem que é a época futebolística 2009/10, o comandante da nau azul-e-branca viu partir para outras paragens três dos seus elementos mais capazes – Cissokho, Lucho e Lisandro – e, no caso da dupla argentina, não será exagero dizer que eram dos navegadores mais experientes e que foram pilares fundamentais de epopeias anteriores, nomeadamente na conquista do Tetra aos “mouros” e nas batalhas com as principais potências europeias.

    No total saíram 9 e entraram 11 novos marinheiros (!) e, estava a armada portista em ensaios para treino da nova tripulação e já as maleitas afectavam vários deles, com destaque para a baixa prolongada de Rodriguez.

    Também há que contar com o Adamastor e com as forças ocultas que manobram nos bastidores. Ainda se via o porto de partida e logo na primeira etapa Hulk era vítima de um inédito castigo, só regressando às lides na quarta etapa da viagem.

    Depois vieram mais e mais lesões (no último desafio eram sete!), ao ponto do comandante nunca ter tido à sua disposição a tripulação completa e, inclusivamente, obrigando-o a recorrer a iniciados nas artes de navegar. Todos fazem falta mas, neste domínio, têm sido particularmente sentidas as ausências de Silvestre Varela, Belluschi e agora também de Fucile.

    Em paralelo, todos os meses a tripulação portista tem sido desfalcada dos seus marinheiros internacionais, os quais se têm ausentado e estado várias semanas ao serviço dos seus países. Também neste aspecto os dragões têm sido, de longe, os mais afectados entre as naus portuguesas. Para o comprovar basta verificar o que se passou na última jornada dupla das competições de países, em que o comandante Jesualdo ficou praticamente duas semanas sem 10 tripulantes, oito dos quais são titulares habituais - Helton, Fucile, Rolando, Bruno Alves, Álvaro Pereira, Meireles, Rodriguez e Falcao (a estes juntaram-se Beto e Guarin).

    É verdade que a navegação tem tido alguns zig-zags e a velocidade não tem sido a ideal, mas convenhamos que, nestas circunstâncias, e em tão pouco tempo não é fácil integrar 11 elementos novos e construir uma tripulação coesa com os necessários entendimentos e mecanizações. Seja como for, nada está perdido (longe disso) e, inclusivamente, o cabo Bojador (conquista da Supertaça) já foi dobrado com sucesso.

    Enfim, espero que este conjunto de contrariedades, um verdadeiro cabo das tormentas, seja rapidamente ultrapassado e que a nau portista, comandada pelo timoneiro Jesualdo, entre em águas mais calmas, num rumo seguro em direcção aos destinos pré-definidos: os oitavos da LC e a reedição do penta-campeonato.
    In reflexãoportista

    ResponderEliminar
  3. Eu sei que discutir "graus de alienação" é como discutir o sexo dos anjos, mas meu caro Rui Valente deixe-me dizer porque penso que o futebol é mais alienante do que outros espetáculos: é que o futebol é paixão, e por isso há aquele dito que afirma que "se pode trocar de tudo, até de mulher, mas nunca de clube". Começo a pensar que há muita gente que não é capaz de lutar por duas causas, o clube e a região, e então escolhem o mais fácil, que é o clube. Mas isso sou eu a mandar uns bitaites!

    Um abraço

    ResponderEliminar
  4. Ó Rui Farinas, você acha mesmo que a luta do F.C.Porto é mais fácil que a luta pela região? Olhe que não, caro Farinas olhe que não...Defender o F.C.Porto, um dos únicos baluartes do Norte que não se verga, é complicado...

    ResponderEliminar

Abrimos portas à frontalidade, mas restringimos sem demagogia, o insulto e a provocação. Democraticamente...