10 fevereiro, 2010

Sr. Procurador, se não sabe, demita-se!

Em Maio deste ano completar-se-à o 3º aniversário do Renovar o Porto. De então para cá, pouco mudou no país e na nossa cidade, e se mudou, não foi seguramente para melhor. Para os optimistas, eternos serviçais do status quo, também nada terá mudado, porque para esses, por princípio e por fim, corre sempre tudo bem. Pela minha parte, terei de reconhecer que me enganei no diagnóstico quando criei este blogue. Não é só o Porto que precisa de ser renovado, é o país e o povo. Se o país deve ter o mesmo contorno geográfico é que já não tenho a certeza. Que os eleitores têm de rever os seus critérios de cidadania se quiserem melhorar o país, é incontornável. Se não o fizerem vão pagar cara a apatia.

Viver em Portugal, apesar do clima aprazível e da beleza natural, já só   é interessante para quem está de fora da realidade, por indiferença ou pura alienação. Para esses, tanto se lhes dá que haja corrupção como não, é-lhes indiferente desde que não belisquem o seu pequeno universo  privado. Para quem lê os jornais, e gosta de acompanhar as questões públicas, é saturante. O país não tem ponta por onde se lhe pegue. Senão, é pegar nos jornais e ver a rebaldaria que impera nas mais altas  instituições do Estado.

Confrontado com novos escândalos onde a figura do 1º. Ministro continua na baila, o  Procurador Geral da República queixa-se da falta de meios e de descoordenação entre as polícias de investigação. Por seu lado, a Polícia Judiciária reinvindica para o exercício de funções maior autonomia e os magistrados alegam  incompatibilidades com as prioridades da PJ. Isto, não é propriamente novidade. Há muito que as "comadres" do sistema judicial vivem de costas voltadas. Estas rivalidades entre corporações já vêm do tempo do Estado Novo. O que é dramático, é constatar que a Democracia não trouxe qualquer qualidade funcional ao sistema judicial português.

Marinho Pinto, o bastonário polémico da Ordem dos Advogados, referiu em entrevista à revista "País Positivo" que o sistema judicial foi subitamente ensombrado pela divulgação na Internet das escutas feitas a Pinto da Costa. «Não conseguiram condená-lo em Tribunal e agora estão a linchá-lo e a lixá-lo», acrescentou. Assim é, de facto. Mas, é estranho que só agora Marinho Pinto venha referir-se explicitamente ao caso Apito Dourado e a Pinto da Costa, quando a campanha difamatória contra o Presidente portista já dura há mais de 6 anos [começou em 2004]! Marinho Pinto, não me parece ser um homem intelectualmente vulnerável. Muitas das suas afirmações são credíveis e ferem os interesses corporativos dos seus pares, mas ao mesmo tempo parece dar sinais de alguma "permissividade" com o poder instituído, embora sempre tenha defendido o fim do segredo de Justiça. De facto, esta Lei é um verdadeiro aborto jurídico porque de secreta só tem o nome.

Como escrevi no post anterior, o nosso grande problema de hoje é não termos ninguém em quem acreditar, e isso, é efectivamente dramático.

2 comentários:

  1. Em relação à afirmação de Marinho Pinto, penso que mais vale tarde do que nunca.Pelo menos falou desassombradamente emquanto outros que deviam falar têm mantido o silêncio, por conveniência ou covardia.

    ResponderEliminar
  2. É meu caro, isto está mesmo muito mau, já não há ponta por onde se lhe pegue e não se aproveita ninguém.

    Estamos entregues aos chicos espertos...

    Um abraço

    ResponderEliminar

Abrimos portas à frontalidade, mas restringimos sem demagogia, o insulto e a provocação. Democraticamente...