15 março, 2012

"Custe o que custar"

Esta foi a expressão utilizada pelo primeiro-ministro - e agora parece que também pelo ministro das finanças - referindo-se ao cumprimento rigoroso das metas económico-financeiras impostas pela troika.

Neste contexto, esta frase é uma declaração de guerra ao povo português e é de uma crueldade inaudita, é uma frase assassina. Em português, " custe o que custar" só tem um significado, quer dizer que a obtenção do desiderato final terá que ser obtido com total desprezo pelas consequências, incluindo sacrifícios, que daí resultarem.

O desemprego aumenta? Seja. A miséria acentua-se , a fome irrompe nas classes mais desfavorecidas? Seja. As instituições de benemerência verão escassear os seus recursos para atender os mais indefesos? Seja. O apoio médico do SNS torna-se mais deficiente e mais caro? Seja. O ensino degrada-se ainda mais? Seja. A cultura regride? Seja. Os cérebros que são uma das riquezas de um país, aceleram a fuga para o estrangeiro? Seja. Em resumo, os indicadores económicos e de bem estar regridem ao nível dos anos 50? Paciência. O importante é que a troika nos considere bons rapazes e os "mercados" nos tenham em alta consideração, como se os mercados formassem os seus juízos por razões técnicas e não por razões de especulação financeira, como está mais que provado.

Quem nos livra destes governantes maníacos, fundamentalistas loucos nas mãos de quem estamos? A oposição é frouxa e sofre do síndrome dos PEC socratinos. O PR é para esquecer, o "supremo magistrado da nação" tem outras preocupações.

Parece não haver ninguém que contrarie estes aprendizes de feiticeiro, que diga alto e bom som que " fizemos asneiras no passado, agora temos de pagar um preço, temos de aceitar alguns sacrifícios, mas não vamos deixar exterminar um país e um povo para que, custe o que custar, uma tal de troika nos dê palmadinhas elogiosas nas costas".

Estamos num barco a caminho do naufrágio. O futuro é imprevisível. Nem os "sábios" sabem o que vai acontecer . Quem tiver Fé, que reze.

5 comentários:

  1. Caro amigo,

    talvez a solução esteja no Otelo se ele em vez de falar pensar em agir...

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  2. Caro Farinas, mas vai uma aposta, que mesmo assim, com esta terapia do custe o que custar, não vamos a lado nenhum e ainda vamos ter de apertar mais?
    Como é que a economia recupera, a recessão baixa, se cria emprego, com esta receita?

    Abraço

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  3. Parabéns pelo que disse.
    Muitos Portugueses pensam o mesmo, mas alguns não tem a coragem de o assumir.

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  4. Este ilustre 1º ministro muitas das vezes tem tiques de ditador. Por acaso, só por acaso, não fica a dever nada ao 1º ministro anterior.
    Muita das vezes se estivesse calado, fazia um grande favor a toda a comunidade Portuguesa, do continente Ilhas e alem fronteiras.

    O PORTO É GRANDE, VIVA O PORTO.

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  5. Agora é mais complicado,os militares agora são todos profissionais,já não existe a camaradagem do meu tempo,as chefias são todas da cor dos governos,só um movimento popular muito forte poderia acabar com esta vergonha!
    Um abraço

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