21 maio, 2008

Venham mais vozes

Há analistas políticos que, provavelmente também por terem sido ou ainda serem políticos, têm uma condescendência para com os seus pares de tal forma inadequada ao grau de exigência cívica face à actualidade regional e nacional, que por vezes toca as raias da ingenuidade.
Leio sempre com interesse e respeito as opiniões do Arqº. Gomes Fernandes, algumas das quais já aqui publiquei com prazer e não quero crer que haja da sua parte qualquer espécie de proteccionismo para com a classe política pela qual também já passou com muita dignidade e empenho.
Deste interessante artigo, intitulado "Venham mais vozes", e com o qual estou 99% de acordo, extrairei apenas alguns dos parágrafos correspondentes à micro-percentagem da minha divergência, mas ainda assim relevante.
Dois exemplos:
"andou bem Francisco Assis, primeiro vereador do PS na Câmara do Porto, ao vir lembrar ao Governo, do seu Partido, que a cidade pela qual foi eleito para essa função, também tem uma frente ribeirinha para tratar e um projecto orientador para o efeito".
"Goste-se ou não de Rui Rio ele tem sido um voz inconformada com a situação subalterna a que o Governo tem remetido o Porto em relação a Lisboa, veja-se o arrastamento da segunda fase do Metro, a indecisão sobre a questão do aeroporto Sá Carneiro, o tempo que demorou a "montar" a SRU, a falta da Autoridade Metropolitana de Transportes e outras pequenas questões avulsas mas que, tudo somado reflectem uma atitude mental e política que não deveria ser denunciada só pelo presidente da Câmara portuense e por figuras da sociedade civil fora dos partidos".
Estes dois exemplos corporizados por duas figuras de partidos e cargos diferentes têm um aspecto em comum: ambos padecem de um confrangedor défice de afirmação.
Se Francisco Assis "agiu bem" por avançar com a ideia de solicitar ao Governo a recuperação e reabilitação da frente ribeirinha do Douro, agiu mal pelo timing e pela capacidade de se fazer ouvir. Não é compreensível para a população portuense que a oposição se limite a apresentar esporádicos fogachos reivindicativos. Os dirigentes regionais do Partido Socialista têm-se comportado como autênticos carreiristas políticos acomodados com a situação do Porto. Carlos Lage e Renato Sampaio são figuras com demasiadas responsabilidades mas sem qualquer acção verdadeiramente positiva e influente para a cidade. Estão com o Governo, não estão com o país e muito menos com a região. São essas, evidentemente, as suas opções. Não vale a pena dissecar mais, são cartas nulas.
Com Rui Rio, a coisa piora. Porque é Presidente da Câmara, e da "voz inconformada", caro arquitecto, só tem uma brisa, tão leve que nem chega a sair das paredes dos Paços do Concelho, e isso, está bastante longe de traduzir inconformismo. Ele pretende chegar a 1º. Ministro e não quer nem lhe interessa, levantar ondas mesmo com um Governo de um partido da oposição.
De vez em quando os adultos portam-se como crianças, quando deviam aprender com elas para poderem crescer. As traquinices e pequenas chantagens que as crianças usam com os pais quando contrariadas podem resolver-se pontualmente com um simples olhar reprovador, mas é uma falsidade afirmarmos que não tivemos um dia de elevar a voz para que elas nos levassem a sério.
É com essa falsa teoria que Rui Rio se quer impor. Falando baixinho para não incomodar e deixar dormir a criança, que tem nome de Governo.

2 comentários:

  1. Francisco Assis, Rui Rio?!...não oiço nada!Será que estou a ficar surdo?
    E as declarações do P.G.R.?
    Pinto Monteiro, procurador-geral da República, defendeu, num debate promovido pela Associação dos Antigos Alunos da Universidade Lusíada, que existe o "interesse público legítimo" de noticiar certos factos e constatou que "não se pode exigir uma certeza absoluta aos jornalistas" porque "senão, não há notícias".
    Colocaram esta notícia extraordinária em forma de comentário no meu blog.
    Eu acho estas declarações surreais, mas já nem vale a pena dizer nada e isto só lá ia com posições de todos mas mesmo todos contra esta sucessivas poucas vergonhas.
    Isto é a autorização para julgamentos públicos.
    Um abraço

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  2. A minha resposta segue no post seguinte

    Abraço

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