Jorge Fiel é um jornalista especial. Tem um inimitável sentido de humor e ainda não o vi à caça às bruxas, como a alguns colegas seus... Por isso, publico a seguir esta prosaica e vibrante gargalhada :
O que é mais chato? A barba ou a menstruação? Trata-se de uma questão simples mas clássica, que divide a humanidade desde os remotos tempos de Adão e Eva - e para divisões entre os géneros já bastam as casas de banho.
Bem, no escritório de advogados da Allly McBeal a casa de banho era unissexo mas normalmente dava mau resultado, o que se compreende.
Para começar não comemos sabonetes, pelo que o aroma das nossas necessidades fisiológicas de carácter sólido raramente é recomendável, ficando a um abismo de distância de fragâncias metálicas que agradam à pituitária feminina, como o Odeur 53 da Comme des Garçons.
Depois, digam-me só como é que um tipo pode estar descontraído, sentado no trono, a largar-se ruidosamente, se, depois de limpar o rabo a e accionar o autoclismo, sai da casinha e corre o risco de deparar com a boazana da Portia di Rossi (mama pequenina, mas uma graça e muito mal empregue na cama da Ellen de Generes) a franzir o nariz com um ar enjoado e a deitar-nos um olhar enojado enquanto retoca o bâton em frente ao espelho?
Fechado este parênteses da casa de banho, devo confessar-vos que fiz algum trabalho de campo preparatório deste post. Quando perguntei à minha colega G. “Barba ou menstruação?” a resposta que obtive na volta do correio foi crua, mas creio que definitiva: “Se passasses uma semana por mês a sangrar do cu não andavas para aí a fazer essas perguntinhas idiotas”.
Já sofri crises de hemorroidal, mas nada que se assemelhe à gravidade, duração e regularidade da feliz imagem desencantada pela G. para responder à minha questão.
Concordo com ela. Estou firmemente convencido que Deus Nosso Senhor foi excessivamente rigoroso ao fazer as mulheres pagarem em sangue – se bem que em suaves prestações mensais -o pecado de trincar a maçã cometido pela sua antepassada Eva.
Claro que há atenuantes. A barba desponta na cara dos rapazes mais ou menos na mesma altura que a menstrua faz a sua primeira aparição no pipi das raparigas. Mas a barba cresce até um tipo se finar, enquanto a menstruação acaba algures entre os 45 e 55 anos.
No entanto, o fim da menstruação, ou seja a transição para o estado de amenorreia completa, não tende a ser encarado muito favoravelmente pelas mulheres, que por esta altura da vida passam a ser ainda mais imprevisíveis do que é costume.
E um homem tem a liberdade de optar por deixar crescer a barba - ao estilo do Karadzic, do Osama bin Laden e do Pinto da Costa da Morgue -, ou desfazê-la a apenas quando lhe dá na veneta, desculpando-se com a moda da barba de três dias a que o mais famoso dos setubalenses deu um novo alento.
Mais. Aos inconvenientes decorrentes da menstruação há que somar as chatices da TPM (tensão pré-menstrual) período durante o qual, por norma, as mulheres infernizam a vida de quem esteja no seu “hinterland”.
Comparado com as chatices da menstruação, fazer a barba é como dar uma passeiozinho pela sombra depois de nos termos empazinado com tripas à moda do Porto no almoço dominical. “Piece of cake”, como diriam os ingleses.
Por falar em ingleses, adoro a frase que as francesas usam (“être avec les anglais”) para significarem que estão no período, uma expressão com mais elegância e densidade histórica que o nosso "estar a jogar à Benfica", ou seja, mal.
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