30 julho, 2008

Habilidades de um povo "heróico"...

Caros amigos, visitantes regulares e esporádicos do Renovar o Porto:
detesto tornar-me repetitivo, mas há tanta coisa ainda por debater, tanta demagogia retocada de saber, tanta elite sem alma nem prestígio, tanta verdade conveniente, que é sempre importante aprofundar o que nos é dado como certo.
As acções de protesto que sugeri no post anterior são quase uma brincadeira em relação às nossas extremas pretensões, mas destinam-se também a despertar as pessoas para o lado consciente das suas rotinas. A ida a uma tabacaria, a compra de um jornal, por exemplo. Que jornal comprar? O jornal que lemos será o jornal que mais nos serve? Um anúncio na TV, um apêlo para ver ou consumir um determinado espectáculo/produto, serão tão imprescindíveis para nós como nos é dado a entender? A quem beneficia? Aos consumidores do Porto?
Na realidade, é lamentável que o Centralismo nos imponha ( a contra gosto ) comportamentos de cuidada reflexão para as coisas mais comezinhas do nosso dia a dia, tais como passar a prestar mais atenção com a origem e o proveito daquilo que consumimos. Se tivermos consciência que é também dessas nossas "distracções que o Centralismo se sustenta e expande, talvez comecemos a ser mais criteriosos no nosso modo de funcionar. Mas, não podemos ser ingénuos, porque pelo caminho podem estar muitas "armadilhas". Recordo-vos apenas uma, como paradigma. A Controlisveste Media.
Este grupo de empresas ligadas à Comunicação Social, pertence a um homem do Norte que teve o mérito de o realizar e fazer expandir, mas o impacto dessa prosperidade poucos benefícios trouxe à nossa região. Sobretudo, se considerarmos o aspecto descentralizador e independente destas organizações, que não foi nenhum.
O voluntarismo é importante, mas deve ser muito bem controlado. Dou-vos outro exemplo. Cancelei há poucos anos o meu contrato com a TVCabo. Por detrás desta decisão houve algum descontentamento com o serviço, mas a ideia-alavanca que me fez tomá-la foi também a de querer cooperar com uma empresa sediada no Porto, a TVTel. Não posso dizer que estou arrependido, porque em termos de preço, de número e qualidade de canais, até beneficiei com a troca, mas estou decepcionado.
A minha esperança estava no canal RNTV, uma esperança que foi esmorecendo de dia para dia. Mas não atou nem desatou, não se mostrou interessada em aproveitar o "furo" que podia ser (e ainda é), explorar um canal para um público sedento de coisas novas, suas, com pessoas novas e competentes, de novos programas, de melhorar o nível dos debates e dos convidados, de aproveitar o balanço de um "motor" precioso chamado Futebol Clube do Porto, de ir aos poucos constituindo-se como palco do contraditório aos canais centralistas. Mas nada, ou quase nada saiu do marasmo inicial.
Não há ali ideias nem 'havia' inicialmente (palpita-me) dinheiro. Recordo, que o Porto Canal (da TVCabo) estava um pouco melhor, mas esse também esgotou depressa a imaginação e já estava a incorrer nos mesmos vícios das televisões centralistas atraindo gente por demais conhecida de Lisboa para os seus programas. Não perceberam ainda que não é isso que o Porto quer, que está cansado dessa gente porque já tudo sabe acerca dela e das suas "capelinhas". Não perceberam, ou não os "deixaram" perceber?
Há aqui, no entanto, um factor que explica, em parte ou no todo, o "marasmo" e a provável morte da RNTV. A TVTEL depois de lançar o isco no mercado nortenho, de angariar clientes, foi comprada pela PT Multimedia (hoje ZON) por 120 Milhões de euros! Os dois administradores receberam cada um 10 Milhões de euros! Depois de adquirida, a TVTEL passou para a ZON (20%) e para a CGD (80%). Esta posição da CGD, é temporária porque será comprada pela ZON após o parecer favorável da Autoridade da Concorrência. Para bom entendedor...
Agora expliquem-me, se souberem, se eu ou os leitores, têm alguma culpa por mais esta "sucção" de uma empresa do Porto por outra de Lisboa, e se isto acontece por acaso. Teremos sido nós quem recebeu os 20 milhões de Euros e não sabemos? Cadê, eles?
Nota I - Percebem agora porque trepo pelas paredes, quando ouço aquelas sábias criaturas - "nada demagôgas"-, afirmar que a culpa da crise do Norte é de todos nós? Quando é que aparece alguém a mandá-los para o raio que os parta!
Nota II - A Caixa Geral dos Depósitos, um empresa de capitais públicos, avançou com 80% do capital para a concretização do negócio... Assim, com este golpe de asa - que mais parece um suborno -, e a cumplicidade do Estado, não é possível resistir ao sugadouro centralista. E não se diga que a classe empresarial local não fica a assobiar para o lado (com os bolsos cheios).

6 comentários:

  1. Caro Rui.

    Por tudo isto e mais alguma coisa, se torna imperioso tomar posições fortes no sentido de evitarmos ser "engolidos" pelo centralismo.

    Mas não chega estarmos aqui meia duzia a dizer que é preciso fazer isto e aquilo.

    É preciso chamar muito mais gentea todo este processo.

    Abraço

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  2. Carissimo,

    nao para o "raio que o parta". Na nossa - boa - maneira: "para o caralho"! e peço desculpa a eventuais senhoras e crianças leitoras

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  3. Caro Renato,

    Concordo consigo,mas o que sugere?

    Já disse várias vezes estar receptivo a novas ideias. Venham elas!

    Abraço

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  4. Meu caro Rui eles que não são parvos, sabem que no dia que tivermos uma C.Social que nos dê voz e essa voz possa ser ouvida por muitos, eles começarão a perder poder, e, meu caro eles não vão nisso.
    Atendência é para termos uma C.S.cada vez mais centralizada.
    Um abraço

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  5. Que "eles"não vão nisso estamos cansados de saber. E nós? Vamos nisso?
    O FCP não resolve tudo e o PdCosta não tem poderes e precisa de ser apoiado de outras formas...

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  6. Eu e muita gente gostavam era da antiga NTV, mas esta "INCOMODAVA" muito centralista , daí......

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Abrimos portas à frontalidade, mas restringimos sem demagogia, o insulto e a provocação. Democraticamente...