11 agosto, 2008

É comunista é, mas não terá razão?

Testas-de-ferro no aeroporto
00h46m
Como gostaria de ter visto certos grupos económicos reivindicar a privatização do Aeroporto do Porto quando ele era um reles apeadeiro sem capacidade nem futuro. Agora, que o (malfadado) Estado ali gastou milhões, que é um dos melhores da Europa e foi classificado no top mundial na sua classe, os dinâmicos privados "descobriram" que seriam capazes de fazer melhor...
Não admira esta atitude dos grupos económicos. O que os faz mover é, evidentemente, poderem aproveitar o que foi feito para terem lucros seguros, não os move a camisola do desenvolvimento regional, muito menos a de uma partilha regionalizada do poder (contra a qual, aliás, sempre se manifestaram).
O que mais espanta (ou talvez não…) na saga do Sá Carneiro é a posição da Junta Metropolitana do Porto (JMP). Na verdade, a união de facto entre PSD e PS - por mais que frustre as tentativas de Vital Moreira para descobrir divergências entre os dois comparsas do pantanal político nacional - reveste, no caso do aeroporto do Porto, aspectos públicos raramente assumidos de forma tão clara.
Em vez de contestar a intenção do Governo de privatizar a ANA - uma das empresas que mais lucros gera e mais contribui com impostos e dividendos -, a JMP propõe a segmentação da empresa e a apropriação por "bons" grupos privados dessas generosas mais-valias. Em vez de reclamar voz activa na administração da ANA, ou papel determinante na gestão do aeroporto do Porto, a JMP decide ser advogada de interesses particulares que até lhe congeminam um concurso público "pronto-a-vestir". Em vez de reclamar uma gestão pública que coloque o Sá Carneiro ao serviço do Norte e do País e o potencie como centralidade aeroportuária do noroeste ibérico, a JMP assume o papel de testa-de-ferro de estratégias particulares que visam combinar os lucros de uma "galinha de ovos de ouro" ao disparar de preços aos utentes, como aliás bem mostrou um estudo da (prestigiada, quando convém) Universidade Católica!
(Honório Novo, in JN)

7 comentários:

  1. Por acaso ainda ontem comentei esta posição do PCP e do BE.E respondendo à sua pergunta direi . Não! Não tem razão nenhuma ,pois que a privatização da ANA será irreversível....e o que interessa neste caso é o o "nosso" aeroporto tenha um desenvolvimento sustentado e que não seja um aeroporto "refugo" dos interesses do terreiro do paço. Seja explorado por particulares, por um misto publico/particular...eu quero lá saber....desde que tenhamos um "grande aeroporto".Aliás parece-me até demagógica a posição de HN...de facto vem com o papão de aumento de custos...curiosamente o mesmo que o estudo da ANA....mas que pelos vistos ninguém conhece.Se é só por meter privados....bem o PCP do Porto deve conhecer melhor que eu os "benefícios" que temos tido...com o poder "publico".....

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  2. A questão é: libertar o ASC da submissão à lógica centralista em favor do aeroporto de Lisboa, velho ou novo. Tanto faz que seja público ou privado desde que tenha uma gestão autónoma em favor da internacionalização da economia nortenha e não submetido a outros interesses ou lógicas. Como se pretende entregar a ANA em bloco a um consórcio monopolista privado o melhor é separar o ASC desse monopólio sob pena de nunca mais estar ao serviço da região. Quem construir o novo elefante branco lisboeta não estará interessado em rentabilizar o ASC mas sim o mega investimento que acaba de fazer. O Porto se quer ter futuro não pode ficar de fora da globalização e precisa de instrumentos para se tornar um nó da grande rede de fluxos informacionais, financeiros e de pessoas. O ASC é um instrumento fundamental para isso. Honório Novo, embora honesto e empenhado, cristalizou ideologicamente e não alcança isso. Ele não é capaz de ver além do quotidiano corriqueiro. A única coisa que ele não quer é privatizações. O resto tudo lhe serve. Aliás, o PCP tem uma posição muito dúbia em relação ao centralismo: diz que é favorável á regionalização e descentarlização, mas nunca o ouvimos a criticar a criticar os mega investimentos sistemáticos em Lisboa. É lá que está a sua base eleitoral.

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  3. Muito bem,

    mas, pondo de parte a visão cristalizada de HN, a verdade é que, antes, não apareceu ninguém a mostrar interesse na privatização do ASC...
    E já agora, por que não há interesse em criar uma televisão a sério no Norte pela parte dos mesmos protagonistas? Dará mais 'trabalho'? Ou não estão de certa forma a fazer o jogo do centralismo?

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  4. caro rui valente,

    se calhar porque a televisão não será um negócio rentável. não sei. já existem duas em snagrenta luta pela sobrevivência. também não sou ingénuo ao ponto de pensar que interesses privados protagonizem qualquer espécie de samaritanismo. no caso do ASC abre-se apenas uma janela de oportunidade (privatização da ANA), que não existia antes, em que o legítimo interesse privado coincide com mais vastos e também legítimos interesses sócio-políticos

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  5. Boa Tarde,

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    Neste sentido gostava de o convidar, e a todos os escritores de blogues que estiverem interessados. Para tal basta seguir o link e carregar onde diz "Join this network".

    Muito obrigado pela atenção,

    Melhores Cumprimentos,

    Stran

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  6. Aguardemos.Se por um lado aquilo que diz o deputado Comunista tem lógica, por outro, da maneira que está, o aeroporto não trás os benefícios que devia ao Porto e à região Norte.Mas será que os empresários querem mesmo dinamizar o Sá Carneiro? Será que vão ser capazes de avançar na hora da verdade?
    Quando vejo eles a fugirem -salvo raras excepções - todos para Lisboa, tenho muitas dúvidas.
    Um abraço

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  7. Meu Caro Rui Valente, um dia teríamos que estar (saudavelmente) em desacordo. Parece-me que será hoje!

    Honório Novo, que não conheço pessoalmente, poderá até ser uma excelente pessoa, mas é um daqueles comunistas "puros e duros" que não evoluíram nem um pouquinho e que se limitam a expressar conceitos imutáveis desde há muitas dezenas de anos. Como já fui suficientemente massacrado durante a época do PREC, não me dou ao trabalho de ler as suas crónicas semanais. Li-a agora, e verifico que a matriz se mantém a mesma: um ódio incontido à iniciativa privada e aos lucros assim gerados, simultaneamente com o elogio à estatização de toda a actividade, produtiva ou não. É isso que ele faz nesta sua crónica, ignorando todas as implicações sócio-económicas, para o Norte, da solução que vier a ser adoptada. Isso não lhe interessa, o que lhe dói é ver uma entidade que agora é estatal, passar a privada.

    Também no ataque que faz à JMP é injusto, infeliz e faccioso.

    Só quero acrescentar que subscrevo os comentários de Antonio Alves e de Zeportista, que reflectem o que eu penso.

    Um abraço

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