07 outubro, 2008

Avenida da Boavista - símbolo do passado e símbolo do presente

Rui Rio diz que não sabe o que há de fazer à avenida da Boavista, o que não me espanta vindo de alguém que na realidade não sabe o que há de fazer ao Porto, o que possivelmente explica que não tenha feito nada. O facto é que a av.da Boavista é uma das muitas chagas que atormentam o Porto. Considero-a a artéria mais importante da nossa cidade, se é que é possível uma classificação que ordene a importância das ruas e avenidas da cidade. O seu estado tem zonas deploráveis e dizer que são uma vergonha urbana, é dizer pouco.

Além do mais é um insulto à memória de Gustavo Adolfo Gonçalves de Sousa. Este ilustre mas ignorado portuense, um dos mais notáveis engenheiros civis do seu tempo (sec.XIX) foi durante anos engenheiro-chefe da Junta de Obras do Município do Porto, e nessa qualidade projectou e dirigiu algumas obras que ainda hoje perduram no aspecto urbanístico da nossa cidade. São da sua responsabilidade ruas como Oliveira Monteiro, Gonçalo Cristóvão, Santos Pousada e, sobretudo, a avenida da Boavista. Confesso ignorar se é de sua responsabilidade a abertura total da avenida, mas pelo menos fez o mais difícil: idealizou esta notável artéria e deu o "pontapé de saída" incluindo a chamada Rotunda da Boavista. O presidente da câmara na altura merecia também ser recordado, mas infelizmente não sei quem era. Alguém saberá? Quando comparamos autarcas desse calibre com aquilo que agora temos...

Voltando à Boavista, é especialmente chocante o troço compreendido entre a rua 15 de Novembro e a zona do Bessa. É aí que é possível ver parte da faixa em asfalto e parte em paralelos, com a agravante desta última ostentar zonas sem carris dos eléctricos, outras com um só carril(!) e outras com dois carris!

Deste presidente já não espero nada, mas gostaria de pensar que o próximo seja alguém que conheça e ame suficientemente esta cidade de molde a pôr cobro a este espetáculo deprimente. Francamente, seria pedir demasiado que fosse dado um "banho" de asfalto no troço em questão, de forma a uniformizar o piso enquanto se espera por uma intervenção de fundo que, com metro ou sem ele, é indiscutivelmente necessária?

4 comentários:

  1. Caro Rui Farinas,

    Pelo que pude apurar, o Engº. Gustavo Sousa exerceu o cargo de Director de Obras do Palácio da Bolsa entre 1860 e 1879, sendo o responsável pelo "traço" do Salão Árabe e pela planta do Cemitério de Agramonte.

    Ora, durante esse período houve 3 Presidentes diferentes. O primeiro, de 1860/67, foi o Conde de Lagoaça. A seguir, entre os anos de 1867 e 1878 (o mais longo dos três), foi Francisco Pinto Bessa. Finalmente, entre 1878/1882, o Presidente foi António Pinto de Magalhâes Aguiar.
    Perante estes estes dados, penso que não será arriscado concluir que o Presidente em actividade ao tempo do Eng Gustavo Sousa era Francisco Pinto Bessa.

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  2. Ah, se por acaso ainda não sabe, informo que tenho outro blogue chamado As Casas do Porto que já está linkado aqui ao lado. Convém dar uma espreitadela para confirmar o estado miserável do casario portuense e também para participar nos mini-inquéritos que lá estão.

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  3. Caro Rui Valente,obrigado pelos esclarecimentos adicionais que fez o favor de prestar.Pinto Bessa tem o seu nome numa rua do Porto,mas em relação a Gustavo de Sousa comete-se uma injustiça ao deixá-lo fora da toponímia portuense. Um destes dias vou escrever à CMP incitando-a a reparar o esquecimento.

    Claro que já vi o seu novo blogue mas não de uma forma sistemática.Acredita se eu lhe disser que a visão daquela degradação me deixa incomodado e desgostoso com a minha cidade?Temos na zona antiga do Porto uma joia com um fantástico potencial,que sucessivas gerações têm deixado que se transforme em algo que envergonha todos os portuenses com um mínimo de sensibilidade.Por isto se prova que isto dos Patrimónios da Humanidade é música celestial se não houver capacidade realizadora e...vergonha na cara.Se alguem pensar que estou sendo demasiado azedo,convido esse alguem a visitar por exemplo Compostela,Salamanca ou Cáceres
    e depois conversamos!

    Prometo, meu caro Rui Valente,fazer um esforço para combater a minha fobia e dedicar ao novo blogue a atenção que ele merece.

    Um abraço

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  4. Caro Rui Farinas,

    Não se surpreenda que a CMP pouco eco dê aos seus protestos. Dentro em breve publicarei um assunto que me diz respeito (a um meu familiar) relacionado com a Câmara e as suas (in)competências.

    Um abraço

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