07 outubro, 2008

"Apitos/Câmara de M.Lisboa/Comunicação Social"

Há lugares comuns muito úteis, tanto ou mais, do que mil tratados de técnicas de marketing. Aquele que nos diz e garante, ser mais fácil apanharmos um mentiroso que um coxo deve ser dos mais propalados. E se o mentiroso nem sempre se manifesta em forma de pessoa, isso é irrelevante, já que por detrás de uma empresa ou instituição está sempre o dedo humano.
A comunicação social, antes de ser um serviço público, é um negócio. A convicção não é minha nem dos responsáveis directos da área de informação (a honestidade ainda não chega tão longe...), é em síntese, o resultado final de uma análise criteriosa dos cidadãos do que as práticas de comunicação deixam transparecer. Isto significa que, quando se trata de vender uma ideia ou produto, a comunicação social só não lhe deita a mão se tal puder tornar-se contrária aos seus inconfessáveis interesses.
Este, seria um momento chave para a Comunicação Social aproveitar para fazer um pouco de pedagogia e inverter a ideia que todos dela fazemos de ser mais um negócio do que um serviço público. Que enfim, desenvolvesse desde já, uma campanha longa e massiva de "moralização" cívica semelhante à que deu origem ao processo Apito Dourado agora com a corrupção e o compadrio que se verifica (há longos anos) na Câmara Municipal de Lisboa e a entrega descriminada de 3200 casas municipais a quem bem entendeu, por valores escandalosos. Mas, algo me diz que não o vai fazer. Algo me diz, que os media vão fazer jus à (má) fama de que gozam, de serem inclusivé parte do escândalo, mais que não seja, por omissão cumplíce. Sim, porque ninguém entenderá que se fique apenas pela divulgação da notícia quando estão envolvidas figuras políticas com altas responsabilidades e promova um festival de "informação" sem prazo de validade quando a dita corrupção aborda os clubes do futebol (do Norte!).
Para mim, que me fartei de escrever e tentar desmascarar toda a farsa à volta do Apito Dourado, nada disto foi surpresa, chamando a atenção para uma realidade muito mais vasta, que o fenómeno corrupção-versus-futebol, deixava transparecer. Sempre disse (sem nunca o aprovar) que aquelas histórias do futebol estavam algo inquinadas, que não passavam do retrato da sociedade portuguesa de há longos anos, e que eram, ao fim e ao cabo, o "fazer pela vidinha típico dos portugueses".
Este, sempre foi o país das "cunhas" e dos "compadrios", e a democracia não conseguiu exterminá-las, antes pelo contrário, tornou-as mais enraizadas, principalmente nos aparelhos político-partidários! Não é, pois, de espantar, que a reputação dos políticos seja o que é: miserável! Eles são os principais responsáveis, porque jamais quiseram constituir-se num bom paradigma para a sociedade, bem pelo contrário, ampliaram o expediente oportunista destes hábitos.
O que é de espantar sim, é a Comunicação Social «não» perceber a dimensão da imoralidade, e nunca ter procurado ir mais longe na investigação do fenómeno social de corrupção, contentando-se com o filão enganador dos Apitos Dourados e de aproveitarem a boleia para destruírem um corpo estranho ao processo, chamado Pinto da Costa.
Com o cenário do escândalo "Lisboagate" bem evidente, e para lá dos volumes indemnizatórios que o Estado possa ter de vir a pagar a Pinto da Costa, não me parece nada exagerado exigir que os representantes da Assembleia da República promovam uma homenagem especial a Pinto da Costa (tipo Apito Dourado invertido), para lhe pedirem publicamente perdão, e se tiverem coragem para tal, lhe lamberem os pés, de vergonha e arrependimento.

2 comentários:

  1. Meu caro Rui, isso das casas da Câmara é mais uma, entre muitas estórias, mas eles não apertam muito.
    Só lhes interessa o Pinto da Costa e o F.C.Porto e não vem nada a calhar, nesta altura de crise, que o líder seja, o suspeito do costume.
    Um abraço

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  2. Caro Rui,

    O compadrio e a corrupção que grassa na C.M.Lisboa, é um assunto que não interessa aos media, muito menos ao P.G.R. nem à Dª Mizé!

    O escândalo "Lisboagate" depressa será esquecido,porque o mesmo se passa na capital do centralismo e do império falido!

    Já o apito dourado teve em mente, como todos sabemos, atacar uma pessoa um clube e estes estão a provar que são os melhores!

    Abraço,

    Renato

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