"Num Estado centralista, o Poder não descansa na vontade nacional, mas o seu mais firme afiançamento está nos funcionários que vivem à sua sombra, e os administrados convertem-se, como diz Randot, numa plebe de solicitantes, que para tudo se têm de dirigir ao poder central.
...
Depois, como diz Vivien, a contínua imiscuidade do Estado e do governo em todos os assuntos, faz com que o cidadão perca o hábito do esforço pessoal, com que se destrói toda a iniciativa individual e colectiva, toda a energia cívica; e os cidadãos, acostumam-se a aguardar que tudo venha de cima, que tudo lhes seja dito como é.
Então, como da capital do Estado vêm todos os juízos e todas as opiniões, a gente das províncias chega a uma efectiva impotência de pensar por sua conta. E como a imprensa de província é quase sempre decalque literal da capital do estado, aparece desta maneira uma opinião pública fictícia que ninguém se atreve a desmentir.
Há algo pior: a emigração da gente das províncias para a capital e das aldeias para as vilas. Entre nós, Madrid absorve grande parte do melhor das províncias, para fazer apodrecer sem dar fruto muitas e selectas inteligências na pestilência do seu ambiente nojento. Os artistas não são estimados enquanto não forem consagrados em Madrid, e têm à força de ir lá e acomodar-se ao gosto da crítica madrilena, sacrificando para isso a sua originalidade. deste modo, a corte esteriliza a vida nacional."
Moutinho, José Viale. Introdução ao Nacionalismo Galego. Livraria Paisagem, 1973, Porto.
nota: substituam imprensa por JN + RTP e Madrid por Lisboa e o texto continua, principalmente hoje, 35 anos depois de publicado, a ser ainda mais pertinente.
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Tudo isso, na perspectiva de alguns cretinos que de vez em quando passam por aqui, são "faits divers".
ResponderEliminarAs banhas da barriga e o atrofiamento mental, impede-os de parar um bocadinho, e pensar...
Caro António,
ResponderEliminarEm aditamento ao comentário anterior informo que tive dois comentários reaccionários ao seu post.
Desculpe, mas apesar de não os ter lido na totalidade, achei que não seria sério publicá-los. Tratava-se, seguramente, de lixo!
Um abraço