Esta capa de A Bola não visa enaltecer o muito mérito do jogo de ontem, exaltar a alegria de 4 milhões de adeptos de vários clubes ou, sequer, criar um ambiente psicológico de incentivo e de força anímica para os desafios que se seguem.
Nada disso. Aliás, salta-se a meia-final, como se se estivesse a um passo da Final. Falaciosos da treta!
É que depois de tanta patada e de tanta filhadaputice dirigida ao FCPorto, a Bola já não engana ninguém (só os 6 milhões, mas esses gostam de ser enganados e já estão habituados).
O único desígnio de A Bola é colocar a fasquia do objectivo muito alta, no limiar do impossível, para criar mais tarde o efeito de derrota e de frustação. Aproveita agora a euforia portista que pode enevoar a habitual clarividência para lançar um objectivo que, a ser frustrado como muito provavelmente acontecerá, possa causar danos domésticos e viabilizar um último folego àquele cadáver de equipa que A Bola descaramente e sem vergonha patrocina.
Porque uma coisa é o desejo portista de chegar à Final. Coisa diferente é o realismo que nos distingue de quem acha que as coisas se resolvem em passes de mágica, sem trabalho. E coisa muito diferente é aliviar a exigência interna, como dava jeito a outros, para jogar tudo no êxito internacional. O verdadeiro portista está orgulhoso do jogo de ontem, mas percebe que a equipa esteve alguns furos acima do normal. A Equipa de Jesualdo não é tão boa assim. O jogo de ontem foi uma excepção. Uma excepção boa, saborosa, mas uma excepção. A coisa acabou empatada, como poderia ter acabado em 3-1 para qualquer dos lados. Quando existe equilíbrio, não há tendências. Qualquer resultado pode acontecer, sem que isso signifique inferioridade de uma equipa em relação a outra. Por isso, vamos esperar pela 2ª mão para sabermos se vamos ou não defrontar o Arsenal. Que, com esses sim, temos umas contas a saldar.
Entretanto, Senhor Director de A Bola, nem com cínicas aparências de portuguesismo me leva a gastar um centimo que seja num jornal seu. Para ganhar dinheiro, mais vale voltar ao costume com o Rui Costa na capa a falar das contratações da próxima época, a tal que, finalmente, é que vai ser.
Obviamente, Jesualdo
ResponderEliminarÉ óbvio que Jesualdo Ferreira deve continuar como treinador do FC Porto na próxima temporada. É óbvio que deve ser ele a colher os frutos que semeou este ano e que o jogo de Old Trafford revelou plenamente amadurecidos. Jogadores como Sapunaru, Rolando, Cissokho, Fernando, Rodríguez e Hulk, novos em mais do que um sentido: novos porque juntos têm uma média de idades pouco superior a 22 anos e novos porque todos chegaram apenas este ano ao FC Porto. Jogadores que num ou noutro momento mereceram a desconfiança da crítica e que Jesualdo Ferreira soube proteger e moldar até encaixarem perfeitamente na estrutura que transportou da última temporada. Se, mesmo depois de ter perdido Quaresma, Paulo Assunção e Bosingwa, o FC Porto conseguiu crescer até conseguir olhar o Manchester United nos olhos, se mesmo quando falham três ou quatro titulares se consegue impor aos adversários no campeonato, se está com um pé no Jamor, deve-o a Jesualdo Ferreira. E o FC Porto não é clube para ficar com dívidas por pagar.
Jorge Maia n´O Jogo
«O FC Porto não é o melhor clube português no futebol internacional. É o único. É o único que, antes de um jogo contra o Manchester United, podemos esperar que jogue entre iguais. Não esperar de esperança beata - porque, essa, qualquer presidente aldrabão no universo crente que é o futebol pode prometer.
ResponderEliminarFalo de esperança legítima num clube que vai em mais de duas décadas de carreira como o melhor português e, sobretudo, atingindo aquela constância de qualidade que leva o FC Porto a ser tratado entre os maiores como um dos seus. É necessário que isso seja saudado para além do futebol. Porque, em Portugal, no campeonato dos factos contra a retórica, ganha quase sempre a conversa barata. Ontem, um dos nossos raros campeões de factos (e não de lábia) voltou a cumprir. Quem manda no restante futebol nacional que aprenda com quem foi buscar os, então, desconhecidos Hulk, Fernando e Cissokho... E o que há para aprender é isto: há quem saiba fazer e há quem não. Estes últimos deviam dedicar-se ao curling, desiludiriam menos portugueses.»
Ferreira Fernandes, DN, 08/04/2009