Um artigo no PUBLICO de ontem focava a actual organização da CP e as suas consequências para os utentes. Há uns anos a empresa resolveu dividir-se em quatro "unidades de negócios" que funcionam numa lógica de empresas distintas e, pior do que isso, de costas voltadas umas para as outras . São elas : CP Lisboa, CP Porto, CP Regional, e CP Longo Curso. Um dos exemplos dados pelo estudo efectuado pelo jornal, refere-se a uma viagem entre o Bombarral e Vilar Formoso, que há 40 anos demorava 10 horas e fazia-se com apenas um transbordo, e que hoje demora 14 horas e implica utilizar cinco comboios! Outra situação corrente é a impossibilidade de adquirir um único bilhete para viagens que terminem na área duma unidade de negócios diferente daquela em que se iniciou. A CP parece achar natural que cada uma delas venda apenas a fracção da viagem que lhe corresponde. Aliás isto nem sempre é assim, pois pode acontecer que de A para B tenha de se comprar vários bilhetes parcelares, mas no regresso de B para A o utente tenha a boa surpresa de ter a possibilidade de poder adquirir uma única passagem! Será facil imaginar todos os incómodos resultantes da existência de quatro empresas, num território minúsculo como é Portugal, que não se preocupam em sincronizar a sua oferta de serviços , isto para já não referir o capítulo da eficiência. Do ponto de vista de estricta gestão, é possivel que a existência destas unidades de negócios tenha vantagens, mas não houve capacidade de evitar as consequências negativas para aqueles para quem a CP é suposta trabalhar: os seus utentes. Também não se vê preocupação em corrigir o que está mal. E depois queixa-se a empresa de perder passageiros!
Há quem pense que não se deveria levantar problemas deste tipo, que seriam atitudes "derrotistas" próprias de mentes que exultam com o "bota-abaixo", e se comprazem em vincar "os aspectos negativos da realidade" , em vez de realçar o que temos de bom. Será assim?
Eu vejo a questão de um modo muito simples. Em termos simplificados, as pessoas que são nomeadas para dirigir empresas estatais de serviço público como é a CP, têm dois caminhos à sua frente. Ou:
a) Procuram fazer uma gestão profissional de qualidade que, sem descurar o aspecto económico do negócio, tenha como uma das principais finalidades a oferta aos seus clientes de um serviço com um mínimo de qualidade.
Ou:
b)Interessam-se basicamente pelo benefício dum salário normalmente desproporcionado com a realidade económica do país, mais as generosas mordomias que incluem gratificações princepescas ao fim do ano, e fazem a sua comissão de serviço calmamente, sem stress, sabendo que, façam as asneiras que fizerem, terão como recompensa adicional uma ulterior transferência para uma "teta" ainda maior. Pergunto. Qual destas duas é a atitude certa? A resposta fica ao critério de cada um.
Caro Farinas, esses gestores devem ter aprendido na mesma escola que os gestores que após o 25 de Abril foram para o Efi. A primeira coisa que queriam fazer era desmembrar a empresa e dividi-la em quatro. Valeu que nós não fomos na conversa...
ResponderEliminarUm abraço
A atitude "certa" do ponto de vista dos dirigentes é obviamente a última, Rui Farinas, mas eles não gostam que se conste...
ResponderEliminarUm abraço
Mas ao fim de 5 anos de Sócrates ainda alguém se surpreende que as coisas funcionem assim?
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