Eu sei que o futebol é um fenómeno social apaixonante que exerce sobre os adeptos toda a sorte de sentimentos muitas vezes confusos e contraditórios. Mesmo as pessoas mais frias e racionais, têm dificuldade em lidar com as más performances do seu clube, sobretudo quando estas são partilhadas com derrotas. E quando esse clube se habituou a ganhar ainda é pior.
Amanhã, o FCPorto vai jogar contra o Arsenal a continuidade na mais prestigiada prova do Mundo: a Liga dos Campeões Europeus. Como qualquer adepto normal e sem sinais de Alzheimer [este é um termo de mau gosto mas que parece aceitável para alguns adeptos...], o meu desejo é que tudo corra pelo melhor ao meu clube e que saia de Londres no mínimo com um empate, ou se possível com uma victória que lhe dê o acesso à fase seguinte da competição.
Mas os meus desejos não me impedem [nem devem impedir] de ser realista e de reconhecer a má forma da equipa neste momento, para recear que os meus votos não possam ser concretizados. Tenho a certeza que todos os adeptos do FCPorto, mesmo os mais "doentes" [como o Dragão Vila Pouca], sentem o mesmo, mas lá no fundo, no fundo, percebem que tal como as coisas estão, vai ser muito difícil sair de Inglaterra como * gostaríamos, ou seja, apurados. Diz o povo que a esperança é a última coisa a morrer, agarremo-nos então ao provérvio popular já que não podemos valer-nos de argumentos mais pragmáticos...
Paira infelizmente na cabeça de certos adeptos [e adeptas] a convicção de usufruirem uma espécie de estatuto privilegiado que lhes confere o direito de impedir outros adeptos de criticarem a sua equipa ou o seu treinador quando acham que o devem fazer. E fazem-no de tal maneira que mais parecem adversários e isso é que é lamentável.
Para esses, volto a afirmar o seguinte: eu sou uma pessoa independente que não abdica em nome de coisa nenhuma, de dizer e escrever o que pensa, mesmo que isso possa incomodar muita gente, e não lhes darei o direito de ultrapassarem os limites do razoável por mim definidos. E a este propósito ficam a saber que farei as críticas e os elogios que entender e quando achar oportuno. Sou eu quem faz essa selecção, mais ninguém. Ponto.
Agora vou-vos colocar perante um quadro que não sendo o do rectângulo de um campo de futebol pode ajudar alguns fanáticos a ver luz no fundo do túnel [não o fundo do túnel da Luz, que esse é mais difícil...].
Estamos numa sala de aulas, numa escola. Pergunto: será sério e pedagógico não distinguir os bons dos maus alunos? Vamos dar a todos a mesma nota positiva, quando só alguns se esforçaram para a merecer? Vamos aplaudir [não digo apoiar] os maus alunos, ou, como faziam, e bem, os nossos avós e velhos professores, dar-lhes uma salutar reprimenda ainda que aliciando-os a uma maior aplicação com os livros? Numa sala de espectáculos, é inteligente permanecer indiferente às capacidades individuais de cada actor mesmo que a trabalhar em equipa? Será justa e minuciosa esta forma de apreciar as coisas?
Qual é a diferença com o futebol? Por que é que temos sempre de dizer que a equipa joga bem quando joga mal? Voltando ao jogo de sábado com o Olhanense, pergunto-vos: acham que, pelo que jogou o FCPorto merecia ganhar? Peço-vos que ponham por segundos o coração de lado e que respondam com honestidade. Será razoável, mesmo que tenhámos uma secreta dívida de gratidão para com um treinador que já nos deu algumas victórias, elogiá-lo quando, depois vários [muitos] jogos decorridos repararmos que a equipa produz um mau futebol, não se aplica, não sua a camisola, não corre e perde jogos em casa com equipas acessíveis? De quem é a responsabilidade no terreno de jogo? Dos adeptos? De Pinto da Costa? Da SAD? No campo, para o bem, mas também para o mal, o treinador é o único responsável.
Agora, que querem que vos diga mais? Que tenha uma varinha de condão para prever o que acontecerá amanhã em Londres? Impossível! Com um FCPorto que jogou para a Taça admiravelmente contra o Sporting e lhe pregou 5 golos, e deu 4 ao Braga para o Campeonato, e logo a seguir se desmoronou como um baralho de cartas num jogo de tudo ou nada com o mesmo Sporting para o Campeonato, e empatou em casa com o Olhanense, em que é que ficamos? Temos razões para continuar a acreditar no trabalho de Jesualdo? Eu respondo por mim: não! A única coisa que nos resta é acreditar, ter fé! Ora, sendo certo que acreditar é sempre positivo, nós portistas sempre nos habituámos a acreditar mais nas competências dos nossos treinadores do que a acreditar no clube movidos por simples actos de fé. Nós acreditámos em Pinto da Costa pela competência de que deu provas ao longo de muitos anos. É a esse tipo de fé que nós gostamos de nos agarrar.
E não se esqueçam nunca de um detalhe importante. Enquanto Pinto da Costa estiver à frente do FCPorto e mostrar as mesmas aptidões, é mais fácil a qualquer treinador ganhar pela 1ª. vez na sua carreira uma competição, do que a perder. Se recuarem no tempo podem começar a contar a série de treinadores ilustres desconhecidos que só depois de passarem pelo FCPorto se conseguiram notabilizar. Foi assim com Artur Jorge, com Mourinho, com Fernando Santos e agora, com Jesualdo Ferreira. Portanto, há mais FCPorto para além dos treinadores e dos próprios jogadores. Para mim, em primeiro lugar está o clube, sempre o FCPorto. Espero que concordem comigo, sobretudo aqueles que se convenceram que têm o FCPorto na barriga...
Amanhã, só quero é ser surpreendido! É tudo. E é muito, podem crer.
*Por motivos imprevistos tive de interromper aqui este post antes de o terminar. As minhas desculpas aos amigos leitores.
Caro Rui, é difícil, muito difícil, mas se há Porto naquele grupo, então, amanhã até podemos cair, mas tenho a certeza que cairemos de pé.
ResponderEliminarUm abraço
A nossa " doença" não nos pode impedir de ser realistas, apesar de sonhadores.
ResponderEliminarMais do que os chamados craques, falta-nos atitude e jogadores à PORTO.
Apesar de tudo ainda acredito.
Saudações Portistas e Tripeiras!