07 março, 2010

Regionalização - Mal-me-quer, bem-me-quer...

... é assim que a classe política trata o tema da Regionalização, como crianças crescidas brincando aos amores de pequeninos. Enquanto estão na oposição e as eleições ainda vêm longe, desfazem-se a defender a Regionalização ou a carpir arrependimentos por antes terem votado contra. Quando as eleições para a Direcção dos Partidos deixam de ser uma miragem e o cheiro do Poder os invade realizam autênticas acobracias nas suas convicções ou simplesmente deixam de falar sobre o assunto.
É claro que, bazófios como são nada os demove de encontrarem no baú da argumentação jurídico politiqueira que tanto prezam e acarinham, uma boa dúzia de pretextos para contradizerem o que ainda há poucos dias afirmavam com a mais «profunda convicção». Estão-se nitidamente a borrifar para os eleitores e com o que estes pensam deles, o que lhe interessa, obsessivamente, é o Poder. Chico espertice pura e dura. Eles nem se dão conta do ridículo em que caem.
Esta guerra aberta, entre os 3 candidatos à Presidência do PSD com boas hipóteses de se estender a um 4º. candidato [Marcelo Rebelo de Sousa], vai ter um final mais do que previsível.
Se Marcelo não avançar, como já é habitual, a disputa pelo lugar ficará limitada a Pedro Passos Coelho, Paulo Rangel e Pedro Aguiar Branco. Estes dois últimos, são do Norte. Um, diz que é o único com propostas para o país [Paulo Rangel] e nem sequer fala sobre Regionalização. O outro [P.Aguiar Branco], diz-se regionalista, mas não tem pressa, o que significa que as suas convicções sobre a temática são tão profundas que bem podem esperar... Se isto não é demagogia, ou , a tal volta brusca de 180º de que atrás vos falei, então não sei o que é.
O que sei, e aposto desde já, singelo contra dobrado, é que os dois candidatos do Porto escancararam pateticamente as portas da Presidência a Pedro Passos Coelho. Já perderam. A falta de vontade política, ou de coragem para apresentarem ao eleitorado novas propostas [Regionalização] com alternativas concretas distintas dos anteriores candidatos [Luís Filipe Menezes e M. Ferreira Leite] e sobretudo do actual Governo, em contraponto com o low profile do lisboeta P. Passos Coelho será o bastante para dar a vitória a este último. Querem apostar?
Os colegas de Luís F. Menezes e actuais candidatos à cadeira do PSD, parece ainda não terem percebido que não foi a célebre frase do sulistas, elites e liberais que o impossibilitou de se manter ao leme do PSD, mas justamente o facto de mudar radicalmente o discurso [incluindo o da Regionalização que antes defendia]. Os eleitores não costumam perdoar estas bruscas mudanças "ideológicas" porque as associam e bem, ao medo. Pessoalmente, estou convencido que tendo Luís Filipe Menezes - contra as melhores expectativas - conseguido chegar ao topo, só lhe restava acentuar o discurso regionalista. Numa primeira fase iria seguramente deparar com alguns anti-corpos, mesmo dentro do próprio partido, mas iria capitalizar a jusante a confiança de um numeroso eleitorado [os abstencionistas] que não se sentia representado em qualquer outro partido ou candidato e dar assim sinais expressivos de liderança. Como não o fez, deitou por terra a reputação que, com toda a justiça, conquistou pelo trabalho executado à frente da Câmara Municipal de Gaia.
Estes novos candidatos nortenhos, estou convencido, não vão por isso passar de candidatos. Porque mais uma vez, olham para Lisboa pensando que é o país. De facto, parece, mas felizmente ainda não é.

4 comentários:

  1. Rui, e o Cavaco, que também disse não à Regionalização e em entrevista a um jornal espanhol?

    Mas por outro lado hoje li que Manuel Pizarro pode vir a ter grande protagonismo no Porto e isso para mim é uma boa notícia.

    Um abraço

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  2. Caro Rui!

    Concluindo e resumindo, nada alterará o sistema centralista, especialmente quando os politicos assumem as cadeiras do poder, quer seja no poder central, quer no poder partidário!

    Nada de novo que nos faça vislumbrar o tão desejado e assumido poder regional, cada vez mais necessário para que possámos fazer com que esta região seja mais próspera e feliz, acompanhando a região Galega!

    Abraço

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  3. A nível de investimento do Estado, Teixeira dos Santos anunciou um «corte de 40 por cento nas verbas de aquisição de equipamento militar» e o «adiamento da execução das linhas de alta velocidade Lisboa - Porto e Porto - Vigo por dois anos».

    Pois, lá está, Lisboa-Madrid avança e mais uma vez nós ficamos à espera.

    Um abraço

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  4. Mas salvo o erro o Cavaco defende aposta numa só Região....

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Abrimos portas à frontalidade, mas restringimos sem demagogia, o insulto e a provocação. Democraticamente...