09 março, 2010

Norte? É só um ponto cardeal

À medida que o tempo vai passando começo a convencer-me, com certo desgosto, que o Homem do Norte não passa de um mito. Tanto na política, na vida empresarial como no desporto, já poucas são as figuras cintilantes que se demarcam da medíocridade. Até Pinto da Costa, um ícone da cidade/região, foi reduzido a um silêncio castrante por uma indecorosa e patética justiça desportiva corporizada por catraios absolutamente desqualificados. Bem vai lutando ele, apesar de na sua cidade serem poucos os que se arriscam a dar a cara para o apoiar. Durante estes 2 anos e tal que durou a ignóbil novela do Apito Dourado, foram poucas as figuras públicas da cidade que arriscaram colocar-se ao seu lado a dar-lhe o apoio e a solidariedade que ele merecia.
Rui Rio, é no panorama político nortenho o homem que menos afinidades tem com o carácter dos tripeiros, ou daquilo que dele resta. Mas, essa, é uma carta fora do baralho. Aqueles que, como eu, nunca lhe reconheceram méritos para governar o Porto são os menos responsáveis pelo declínio da cidade desde que ele é Presidente da Câmara. Os outros, os que lhe deram o voto, não se podem disso orgulhar, a não ser recorrendo à inversão da realidade dos factos. Mas isso - eles sabem-no -,é fazer batota, é sonegar a verdade.
Contudo, Rui Rio não está só, neste marasmo de afirmação regional. O Norte de hoje, "notabiliza-se" por silêncios de submissão e arremedos de oportunismos. À excepção de Rui Moreira, que apesar de "preso" à discrição imposta pela sua actividade com ligações ao empresariado local, ainda vai debitando alguns protestos pontuais ao poder instituído, não há ninguém que faça a diferença. Os portuenses estão condenados a contar consigo mesmos, porque não há gente capaz para liderar seja o que for nesta cidade. Da esquerda à direita, não há ideias, projectos, ambições comunitárias. Só ambição pessoal, mais nada!
Há ainda muitos resquícios do passado, no Portugal de hoje. O país habituou-se ao desenrascanço para se governar, e assim continua. Ninguém é capaz de lhe colocar ordem, nem rumo. Hoje, os aparelhos partidários não são mais do que plataformas de acesso priveligiado ao emprego, ou ao negócio. Não sou eu que o está a inventar, são os partidos que, no êxtase das suas ambições corporativistas e de amiguismos, nos dão prova disso. São as negociatas, os bancos, os sucateiros, a promiscuidade entre instituições, os prazeres doentios, a pedofilia, os compadrios, as "companhias/contactos" que eles mais estimam. Eu dou-te um emprego se me fores fiel [e ao Partido], é o lema para o voto seguro. Só que, como não há empregos para todos, porque não há governabilidade que dinamize o mercado, também não pode haver uma grande expressão de votos seguros, e assim se perdem também eleições.
Quase em desespero, os opinadores de serviço, apelam sem pudor, à iniciativa privada, à criação do próprio emprego como se apenas da vontade do indivíduo tal dependesse. Omitem [porque sabem], que para abrir um negócio não é só da bondade de um projecto que ele depende, mas do acesso ao crédito a que ele está condicionado. Este detalhe, raramente é abordado de forma clara porque se o fizessem estariam a confessar a demagogia destas iniciativas. Por este andar não vamos lá.
A sociedade privada tem de avançar pelo seu próprio pé, mas só os ricos o podem fazer com recursos próprios, os outros, a grande maioria, só o poderá concretizar com a colaboração do Estado. Negar isto, é brincar com coisas sérias. Quantas e quantas situações conhecemos de gente altamente criativa que depois de apresentar os seus produtos às indústrias locais os vêem recusados? E quantas vezes, esses mesmos produtos, acabam pouco mais tarde por serem colocados no mercado nacional depois de importados? Como contornar isto se são as chamadas elites quem dá estes tristes exemplos de desmotivação? A Banca raramente arrisca. Só avança quando já pouco tem a arriscar. Para quê afinal tanto folclore, tanta imitação circense?
Palhaços, continua a ser o nome que melhor assenta à casta política. Ou, aldrabões?

2 comentários:

  1. José António Ferreira09/03/10, 19:08

    Caro Rui Valente, eu vou mais para ALDRABÕES, mas são ALDRABÕES qualificados!

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  2. Por favor, nem a brincar, não insultem os Palhaços !

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Abrimos portas à frontalidade, mas restringimos sem demagogia, o insulto e a provocação. Democraticamente...