28 janeiro, 2008

ANTÓNIO MARINHO PINTO (O BASTONÁRIO)

Longe de mim, pôr em causa ou sequer insinuar, a utilidade daqueles, que pelos meios mais variados, procuram apresentar soluções melhor ou pior sustentadas, para os imensos problemas que atravessam o país de Norte a Sul, com gravidade acrescida e comprovada no Porto/Norte Interior.

Nos jornais, rádios, televisões e blogues, não falta quem dê o seu melhor, para tentar mudar o país. Como num fastidioso jogo de xadrês, movem-se pessoas como se de pedras de tabuleiro se tratasse, sugerem-se novas lideranças, criticam-se e duvida-se de muitas outras. Em vão?

Frequentemente, o excesso de voluntarismo leva-nos a eleger para certas "missões", personalidades que nos parecem credíveis, mas depressa nos vemos compelidos a moderar os ímpetos, por efeito das suspeitas que sobre elas, de repente, se abatem. É incontornánel.

Se na justiça, na saúde, na educação, na economia e na própria actividade política, pouco ou nada funciona, como poderemos nós alterar a situação, dentro da chamada legalidade democrática? Será justo para as populações, condicionar a sua acção interventiva na vida política aos mecamismos "legais" e constitucionais vigentes e obrigá-las a tolerar intemporalmente o desgaste provocado nas suas vidas por actuações desastrosas de políticos irresponsáveis?

Os últimos acontecimentos que rodeiam a classe política situada nas esferas do poder (PS e PSD), torna-lhes cada vez mais difícil esconder o "rabo", e os exemplos de seriedade que têm dado ao país não são propriamente recomendáveis, tanto na aparência, como na substância. O que nos resta então fazer em relação a estas realidades? Suportá-las? Em nome de quê? De uma liberdade de bolso rôto, que nos vai "deixando" desabafar, mas que impede os nossos filhos ou netos de arranjar emprego e planificar o futuro, mesmo que tenham formação técnica e académica?

Em vez de andarmos para aqui, em blogues temáticos, entretidos a discutir o sexo dos anjos, obrigados a mudar de opinião à velocidade da luz, não seria mais inteligente procurarmos e exigirmos novas regras para o fortalecimento do regime democrático? Falando em sentido figurado, será própria de uma sociedade democraticamente evoluída, a nossa permissividade face aos sinais evidentes de corrupção e de tráfico de influências patenteados por aqueles que, por mandato nosso, detêm e abusam do Poder?

A coragem (que, indignada e categoricamente me recuso a rotular como "populista"), revelada pelo bastionário da Ordem dos Advogados, é a todos os títulos louvável, tanto mais, quanto é publicamente conhecida a hipocrisia corporativista deste tipo de instituições, que mais do que para servir os interesses dos seus membros, servem os interesses inconfessáveis dos mais poderosos e comprometidos com os vícios do regime.

Não será por acaso, que são os partidos do poder que mais se melindram com as declarações de Marinho Pinto. O que vai ser interessante saber, é como será conduzida a investigação delas decorrentes e, sobretudo, como irão acabar. Se a tradição continuar a ser o que é, o destino deste processo será a sua prescrição temporal ou então (o que não seria surpresa) o afastamento compulsivo do actual bastonário dos advogados. Estejamos atentos, e vamos lá a ver, se não iremos, mais uma vez, ter uma nova versão do significado da palavra "populismo" - muito útil na velha argumentação política -, que em puro e bom português quer dizer: "falar de mais", ser "inconveniente", falar verdade".

Por isso, Marinho Pinto, não tem que provar coisa nenhuma. Disse (seguramente com conhecimento de causa), apenas o que todos já sabem mas não têm seriedade para o admitir. Investigar, é a função das polícias e das procuradorias competentes.

Se há por aí, quem considere populista, denunciar estas desprezíveis ocorrências, seria bom que percebessem que a tentativa de as silenciar pode ser considerada ou interpretada como manifesta cumplicidade criminal, o que, saliente-se, é muito mais grave.

Do que precisamos, antes de tudo, é de gente comprovadamente digna, para os cargos públicos, mas para tal, será imprescindível que o cidadão disponha de outros mecanismos legais, capazes de acompanhar e examinar o seu desempenho de modo mais interventivo e eficaz, em tempo útil.

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