29 janeiro, 2008

Graves crimes, branda justiça

"uma sociedade 'off shore' comprou, em 7 de Dezembro passado (quando já eram conhecidas por alguns "happy few" bem colocados, as conclusões do LNEC sobre Alcochete), uma herdade na zona onde vai ser construído o novo aeroporto por 250 milhões de euros - 6,52 € o m2 -..."

Tenho de voltar à carga. Afinal, para onde querem levar este país?

Se o receio das entidades ligadas à Justiça, é o da generalização das suspeitas, então, só têm é de arrepiar caminho e tratar do mal à nascença, com uma actuação mais célere e competente face à criminalidade. Se não sabem, ou não lhes são facultadas as condições necessárias para o fazer, protestem, ou então, demitam-se! A lei do silêncio não resolve nada, apenas paraliza a prática eficaz da Justiça e estimula a criminalidade.

Andámos nós, a discutir a Regionalização, a centralização abusiva do Estado, convencidos que se trata apenas de uma questão de autismo político, mas a realidade é que o problema é muito mais grave e profundo do que se imagina.

As declarações do bastonário da Ordem dos Advogados, apesar de nada terem de insólitas, relativamente ao que é do conhecimento público, continuam a agitar de forma estranha as águas mansas em que, preferencialmente, gostam de nadar as elites do sistema judicial. Por que será?

Marinho Pinto terá, subitamente, inventado a "pólvora" da corrupção, ou a magistratura portuguesa andará convencida que o mundo do crime no nosso país se resume aos processos do "Apito Dourado" e da "Noite Branca" confinado a um clube e a uma cidade específicos? Ontem mesmo, houve dois crimes mortais na região de Lisboa e, até ver, não consta que a Procuradoria tenha atribuído um nome de "baptismo" à infracção com o aparato que dedicou a casos similares ocorridos no Porto.

Num regime, tido como democrático, ninguém pode ser ameaçado por denunciar situações desta gravidade, de mais a mais, quando somos diariamente confrontados com escândalos envolvendo gente ligada ao poder, cujo comportamento dúbio nada de honesto prenuncia.

Este artigo de Manuel António Pina, à luz do últimos acontecimentos, pode muito bem vir a merecer-lhe (e a nós também) um processo crime ou intimação para se remeter prudentemente ao silêncio, porque o seu conteúdo - mais do que estas peneirices corporativistas da justiça - devia, esse sim, merecer uma investigação empenhada da Procuradoria Geral da República, de forma célere e com nobre desfecho.

Na Justiça, subsiste uma estranha e comprometedora parcimónia, quanto se põem em causa figuras ou instituições de relêvo, o mesmo não sucedendo quando os visados são gente comum ou pequenas associações, deixando desde logo, a ideia de juízos diferentes para estatutos diferentes, o que, vem ferindo de morte a confiança que devia merecer a todos os cidadãos.

PS-Depois disto, ainda há quem tenha a "lata" de dizer (e vender a ideia), que passamos a vida com lamúrias. Estes seres bem pensantes só podem (também eles) estar cheios de rabos de palha...

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