01 fevereiro, 2008

As víboras do "compadrio" já começaram o cerco!

Esta irritante agitação, à volta das declarações do actual Bastonário da Ordem dos Advogados, com a (previsível) vinda a terreiro das primas-donas da corporação, manifestando-se "ofendidas" com o seu teor, sem que nada o justifique, tem apesar disso, uma serventia: a de, eventualmente, mostrar o verdadeiro rosto de quem teme a revelação pública dos seus próprios "rabos de palha". Estranhamente, há demasiada gente incomodada quando, afinal, devia manter-se tranquila, se não mesmo animada com alguém que finalmente põe o dedo na ferida e revela vontade de acabar com esta paz podre em que tem vivido a justiça portuguesa.

Quantos de nós, terão já pensado como a vida da maioria dos portugueses seria muito mais rica, justa e equilibrada, se todos, em todas as áreas da sociedade, tivessem um pouco mais de cuidado com a forma como se relacionam com os outros? Por que raio exigimos o respeito de terceiros, sem muitas vezes nos empenharmos em manter sempre uma conduta correcta, de maneira a afastar a mínima suspeita sobre a nossa idoneidade aos olhos da sociedade? E quem mais do que os magistrados, polícias, procuradores, juristas, políticos e advogados, têm o dever de colocar em prática esses princípios? Será de páraquedas avulsos que vai cair no Mundo dos grandes negócios (mem sempre claros) gente da política?


Ora, sendo público e factual, que no nosso país, os raros julgamentos envolvendo 'grandes' figuras da finança e da política, nunca chegam propriamente a sê-lo, acabando invariavelmente por prescrever, como é que ainda assim, há quem tenha o despudor de vir para os jornais e televisões armar-se em virgem ofendida quando, realmente os ofendidos são os cidadãos que assistem impotentes a esta pouca vergonha? Só falta dizer também, que a culpa (como agora gostam de dizer), é de todos nós! Uma ova!


Neste Estado de Direito torto, de "respeitáveis" répteis bem falantes, Marinho Pinto é uma rara excepção de carácter, e só espero é que não arranjem forma de o remeter ao silêncio, porque com ele, talvez possamos ter esperança de que alguma coisa mude, na forma e no conteúdo da Justiça, em Portugal. Os seus poderes são limitados, mas pode ser que, pelo menos, possa dar um bom contributo à nova geração de advogados. O que, no estado a que chegamos, já não seria mau.

2 comentários:

  1. Caro Rui Valente, gostaria de compartilhar a sua esperança de que o novo bastonário da OA possa mudar a Justiça em Portugal, mas estou totalmente céptico. Aliás concordará que o nosso problema é muito mais vasto que a situação da Justiça, sendo esta apenas um dos muitos factores que definem a nossa situação de país terceiro mundista. É um assunto triste mas interessante, talvez valha a pena voltar a ele.

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  2. Caro Rui Farinas, como já aqui tenho dito, tenho cada vez mais dificuldade de elogiar alguém, quando, como é óbvio, lhe reconheço méritos, porque pouco depois, vem-se a saber que está envolvido em casos obscuros ou outras manigâncias. Mas, mesmo assim, considero que, num mundo tão rico em oportunistas, nunca é demais apoiarmos alguém que esteja disposto a fazer a diferença. É o caso do novo bastonário.

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