29 janeiro, 2008

Douro, Maravilha da Natureza

Tive o privilégio de conhecer de muito novo, os encantos do Douro vinhateiro. O meu avô materno tinha uma quinta perto do Pinhão e desfrutei de gloriosas jornadas de caça nos socalcos bravios da Quinta dos Canais, junto à Senhora da Ribeira, em Carrazeda de Ansiães.

Acho que nenhum nortenho ou português se deveria sentir dispensado de ver, como tantas vezes vi, o nascer do Sol no alto dos fraguedos transmontanos, adoçados por um luxuriante tapete de socalcos que nos alonga o olhar até aos tranquilos meandros do Douro.

Esta verdadeira impressão digital duriense que nos é dada pelos socalcos torneantes do Douro, é tanto mais impressiva quanto nos apercebemos da rudeza daquele solo agreste e seco, sem acessos que permitam o benefício da tecnologia.

Não conheço melhor demonstração do carácter dos nortenhos – o labor, o engenho, o sacrifício, a generosidade, do que estas incríveis marcas do Douro, arrancadas de forma tão profunda às entranhas de uma natureza indomável e arrebatadora.

Na próxima terça-feira é apresentada pela AETUR a campanha da candidatura do Douro a “Maravilha da Natureza” que coloca o Vale do Douro entre os 150 nomeados àquele titulo junto da “New Seven Wonders Foundation”.

Depois da distinção ditada em 2001 pela Unesco de consideração do Douro Vinhateiro como Património Mundial da Humanidade, julgo ser obrigação dos nortenhos e dos portugueses amplificarem os efeitos de divulgação desta campanha e desta candidatura.

O Jornal Público que hoje dá à estampa esta notícia, publica curiosamente na página seguinte uma entrevista com o Presidente da CCDRN, Carlos Lage em que este reconhece que aquela instituição (que tantas vezes, por critérios próprios, condiciona ou prejudica investimentos privados de qualidade) não foi sequer ouvida acerca da construção na região da nova barragem do Tua.

Antes que o assunto ganhe os patéticos contornos de Foz Côa, vale a pena que nos assegurem que a preservação do Douro e a qualificação do seu património, serão sempre um pressuposto desta ou de qualquer outra intervenção.

Ou será preciso pedir a Rui Moreira e a Francisco Vanzeller que façam eles o trabalho de casa?

António de Souza-Cardoso


Nota de "Renovar o Porto":


Para alguém que, como António de Souza Cardoso, descreve de modo tão sentido os encantos da magnética região duriense, é quase um crime de "lesa-região" divorciar-se dela noutros contextos... Parabéns, assim mesmo.

1 comentário:

Abrimos portas à frontalidade, mas restringimos sem demagogia, o insulto e a provocação. Democraticamente...