Nada melhor do que uma pitada de boa disposição para uma troca de opiniões. É com esse espírito que vou tentar responder às suas observações em defesa das mamas da Isabel Figueira que, ao que parece são a sua especialidade. Mas não me levará a mal se lhe confessar que gosto delas mais ao natural... Gostos.
Agora, mais a sério. Quero dizer-lhe que, sem retirar mérito às suas teses mafiosas e aos conhecimentos e revelações resultantes dos seus convívios profissionais sobre os frustrados negócios de fruta de Luís Filipe Vieira, achei-as tão rebuscadas que, a certa altura cheguei a olhar para trás de mim para ver se estaria alguém a tentar corromper-me.
Caro José, esqueça (por agora) as mamas da Isabel Figueira, as acrobacias porno da VIP Carla Matadinho e as feiras internacionais de sexo. Foque o essencial da ideia. O essencial, foi querer avivar a memória dos leitores para uma outra realidade dos nossos tempos tão ou mais aleanatória que o futebol. E fez muito bem falar das revistas da fofoca, da coscuvelhice porque elas também são outro veículo sedativo para a consciência cívica e política dos cidadãos (e cidadãs, sobretudo). Em menor escala, mas são. Portanto faz mal em menosprezá-lo como faz mal ampliá-lo só por se tratar de futebol.
O que é relevante, na minha opinião, é desmistificar este circo mediático à volta do futebol porque ele está presente um pouco na vida de todos nós, só que, nós gostamos de pensar que não, que somos a excepção. Mas não somos. Se não lhe agrada constatar esta realidade, a mim ainda me agrada menos, porque se há coisa para a qual não tenho jeitinho nenhum é para a trapaça.
O que reparo igualmente, é que a fronteira entre um simples acto de gratidão (o tracional presente) e a corrupção ou o tráfico de influências é cada vez mais difusa e perigosa, o que me faz concluir que o problema está no nosso modelo de sociedade.
Lembra-se certamente como era tradicional por altura do Natal ou da Páscoa, os nossos pais ou avós oferendarem ao médico de família um perú ou umas garrafas de wiskie? E então? Obviamente, que a cortesia era também uma forma simpática de procurarmos manter ou aumentar a deferência de tratamento da parte do prendado para connôsco. Mas quem o confessa?
Os tempos mudaram, mas não mudaram tanto como imaginamos e o futebol só porque é mais mediático e suscita paixões não foge à regra. É assim. Mas, por ser assim não vale dizer que está bem que devemos meter a cabeça no buraco e deixar passar as trapacices em branco. Há que denunciá-las, mas todas. Não apenas as do futebol, com zonas de fiscalização e controle "priveligiadas" como fazem com a nossa região e as suas instituições desportivas, porque como diz o António Alves os lisboetas não são mais honestos que nós. E isso é que me repugna e revolta.
Nesse joguinho sujo de ajudar à missa do discurso centralista é que eu me recuso a colaborar e hei-de sempre opor-me. Era o que faltava.
É a sociedade que tem de ser regenerada. Toda. Nós também temos de dar o exemplo e os governantes, todos os exemplos. É também para isso que são governantes e têm poder.
É assim que vejo as coisas.
Caro Rui,
ResponderEliminarSe reparar não branqueio a moral cinzenta de PdC nem sou ingénuo ao pensar que Lisboa é pura. A minha tese central é que a Norte há tempo de antena dado em demasia ao futebol, face a outros tópicos bem mais graves.
Abraços
Caro José Silva,
ResponderEliminarAí é que está o seu equívoco. Não é, em absoluto, a Norte que há demasiado tempo de antena ao futebol. Se nos ficarmos apenas pelo tempo de ANTENA da TV (a mais influente na opinião pública)mas sem esquecer os da rádio,imprensa, etc., você chega depressa à conclusão que a fonte não é nortenha e sim lisboeta. Não há como negá-lo, bolas!
E, independentemente da verticalidade de processos de PdC, o que ganhámos nós em fazer côro com o discurso dos nossos INIMIGOS (porque é isso mesmo que eles são)? Não será mais eficiente levantarmos o silêncio que se faz à volta daqueles senhores que estão em Lisboa (como LFV e muitos outros) e que - esses sim - estão a ser descaradamente branqueados e que são muito piores do que PdC? Considera isto sério?
Quanto ao futebol,aos adeptos mais fervorosos, sabe o que é que nós podemos fazer (e eu já estou a fazê-lo)? É tentar chamá-los a nós, às causas mais sociais, económicas e políticas, etc. Eles não andam alienados, o que procuram no futebol são compensações para o que os políticos lhes negam.
Afinal, nós próprios, não andamos ansiosos por ir "mais longe", além de opinarmos nos blogues?
Pense nisso meu caro e vai ver que tenho alguma razão.
Abraço