29 outubro, 2008

Mas, estes "gajos" estarão a ficar senis?

Mário Lino não avisou Refer que Linha do Tua ficará submersa com barragem da EDP
29.10.2008,
Carlos Cipriano e Pedro Garcias(in Público)

A Refer, enquanto gestora da rede ferroviária nacional, ainda não sabe que uma boa parte da Linha do Tua ficará submersa com a construção da barragem da EDP no rio que dá o nome àquela via-férrea. Por isso, segundo o PÚBLICO apurou, a administração da empresa tem dado indicações a toda a estrutura técnica para assegurar a manutenção da linha como se ela estivesse para durar, admitindo também investir milhões de euros na sua modernização para acabar de vez com os acidentes, na sequência, aliás, das recomendações do Governo.

Os relatórios agora tornados públicos relativos ao descarrilamento de 22 de Agosto confirmam o que o PÚBLICO tinha avançado sobre as causas do acidente: um empeno na via-férrea, conjugado com anomalias na automotora, que, segundo os peritos, poderá não ser a mais adequada para aquela linha.

Tanto a comissão de inquérito, que trabalhou com a Faculdade de Engenharia do Porto e com peritos suíços e espanhóis, como o Gabinete de Investigação e de Acidentes Ferroviários - que recorreu apenas aos órgãos técnicos da Refer e da CP - são muito críticos em relação aos "defeitos grosseiros" da Linha do Tua.

O troço onde ocorreu o acidente, perto de Brunheda, não é renovado desde meados dos anos noventa (ver PÚBLICO de 20/10/2008) e daí para baixo, até à foz do Tua, não houve renovação da via desde os anos oitenta, embora a Refer ali tenha investido na consolidação de trincheiras para evitar desabamentos. Estes troços são precisamente os mais escarpados - e os mais interessantes do ponto de vista paisagístico e que fazem da Linha do Tua um ex libris da engenharia do séx. XIX -, mas também os que deverão ficar submersos com a construção da barragem. Por isso é de questionar se vale a pena proceder à renovação integral da via, por forma a seguir as recomendações das comissões de inquérito e do Governo, tendo em conta que se trata de um investimento elevado e que implica trabalhos realizados em condições delicadas em pleno desfiladeiro. Uma pergunta que o PÚBLICO fez vários vezes ao Ministério das Obras Públicas e Transportes, mas da qual nunca obteve resposta.

O trauma dos feridos

Entretanto, a família da única vítima mortal do último acidente na Linha do Tua, uma mulher de 47 anos, natural de Vimioso, ainda não decidiu se vai exigir responsabilidades à Refer, à CP e ao Metro de Mirandela. "Ainda não reunimos a família para decidirmos o que vamos fazer, nem sei se temos direito a alguma coisa", disse ao PÚBLICO o pai da vítima, que deixou um filho de 23 anos.
Vítor Simões, de Coimbra, um dos feridos do acidente, ainda estava a ler o relatório da comissão de inquérito quando foi contactado pelo PÚBLICO. "Apanhado de surpresa com alguns dos detalhes técnicos contidos no relatório, nada me passa pela cabeça neste momento", disse. A companheira, ferida com gravidade, chegou a correr risco de vida, e, tal como Vítor Simões, ainda se encontra em convalescença.

Um outro ferido grave, uma mulher do concelho de Chaves, está a fazer fisioterapia no centro médico da CP em Lisboa e a ser acompanhada por um psiquiatra e uma psicóloga. No entanto, o marido, que sofreu ferimentos ligeiros, não poupa nas críticas à CP, bem como ao médico da empresa que acompanhou os feridos logo após o acidente. "A CP não vê as sequelas deixadas nos sinistrados e só entrou em contacto comigo uma vez, quando a pressão dos meios de comunicação social era mais forte. Recebi cartas dos hospitais a pedir o pagamento das taxas, mas a CP mandou-me devolvê-las, alegando que isso era da responsabilidade do Metro de Mirandela", escreveu no seu blogue, com o endereço http://ferrado-de-cabroes-euroluso.blogspot.com/.


RoP

A ser correcto o que este artigo do Público descreve, isto é, que a REFER ignora que parte da linha do Tua ficará submersa pela construção da Barragem do Tua (da EDP), não se consegue perceber a objectividade da manutenção da linha. É completamente absurdo que passados dois dias do anúncio da reabilitação e modernização da linha para exponenciar as suas capacidades em termos turísticos, se omita esta questão à entidade competente (REFER) pela respectiva requalificação, podendo levar a uma nova situação de despesas desnecessárias.

Segundo o artigo do Público, a administração da REFER diligenciou no sentido de garantir a conservação da linha ferroviária com características que lhe confiram grande durabilidade, o que, pressupõe uma maior aposta na qualidade de construção e implica custos mais elevados nos preços dos materiais.

Foram apurados pela investigação da Faculdade de Engenharia do Porto e pela comissão de inquérito defeitos, tanto na construção da linha como das características técnicas das automotoras, concluindo-se que umas, não estavam convenientemente adaptadas para as outras.
Se se concluir, com rigor, que à época em que a decisão de mandar excutar tais empreitadas, não existia um responsável pelas mesmas, o que é pouco verosímel, o ónus do problema será todo do Governo respectivo, que deverá então ser responsabilizado por isso com severas consequências. Caso existissem -como creio que sucedeu -, administradores ou dirigentes responsáveis por estes serviços, então será a esses senhores que deve ser assacada a culpa de todos os incidentes ocorridos naquela linha, incluindo os da morte (assassinato) de pessoas.

Caso ninguém venha a ser responsabilizado por nada disto (como é habitual), é chegado o momento de ser pôr termo aos ordenados chorudos e regalias de toda esta gentelha e passar-lhes a conferir vencimentos pouco mais nivelados que o ordenado mínimo nacional. Não têm qualificações para mais. Se nada for feito, bem podemos começar a dar aos nossos actuais governantes o tratamento que se costuma dar aos bandidos e a mover-lhes a caça que merecem.

Espero que tal nunca aconteça, mas se algum dia, qualquer entidade oficial ou representante máximo da autoridade, do Presidente da República ao 1º. Ministro, ousar interferir na linha de pensamento que orienta este espaço de cidadania independente, vão ter que me ouvir. Se os seus dotes democráticos chegarem a tanto (o que duvido)...

Vão ter que me explicar, não com as palavrinhas gastas da catequese político-partidária, porque essas recuso-me a ouví-las -, mas com a palavra da honra de homens que a sentem quando a proferem -, por que é que se acham dignos de fazer apelos à pátria, à coesão nacional, quando são eles que estão a abrir as portas à sua fragmentação e desvirtuação. Terão de me explicar, como pretendem, que uma pessoa minimamente instruída e inteligente, possa considerá-los à altura e prestígio dos cargos que desempenham, se são tão espectadores como os demais portugueses, do desenvolvimento sectário e desiquilibrado que o país leva para um só ponto (Lisboa), sem perceberem que com essa «distracção» estão a ser os protagonistas principais de futuros focos de instabilidade e violência, no tal país que «desejam» íntegro, e indivisível.

Quero que me expliquem - como se fosse muito burro - porque é que eu, como portuense, espectador impotente, do desprezo que tem sido vincadamente atribuído à cidade que deu nome ao país, hei-de continuar a amar e a respeitar esta bandeira:

5 comentários:

  1. Parabéns
    Rui Valente

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  2. Num governo de trapalhões,o ministro jamé tem que ser nomeado trapalhão-mor.

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  3. Caro Rui,

    Nada a que já não estejamos habituados!

    Este caso da linha do Tua, é mais um em que a culpa vai morrer solteira. Veja-se que já são tantos intervenientes envolvidos, que já ninguém "consegue" atribuir culpas a alguém!

    A propósito, lembrei-me de sua exc. o senhor RR mandou retirar os carris do eléctrico (sobre o viaduto do parque da cidade)para colocar alcatrão de modo a não estragar os carrinhos de corrida e que ele, pomposamente, denominou circuito da boavista! Agora parece que não quer pagar!

    Abraço,

    Renato

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  4. realmente essa bandeira cada vez me causa mais vomitos. A selecçao "nacional" igualmente.

    Esta na altura de pegarmos na bandeira da cruz azul e lutarmos novamente pela independencia do Norte que estupidamente e de livre vontade a perdeu quando decidiu anexar territorios mouros e assim deixar de ser uma naçao para passar a ser um pais multi-naçoes como a vizinha espanha.

    Espanha e Portugal sao ambos 2 estados que ofuscam e destroem nações

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  5. Caro Tavares,

    Eu nasci no Porto. Na escola, deram-me livros que exaltavam a alma lusitana, etc., etc.
    Cresci estudei num regime ditatorial e apanhei o 25 de Abril já depois de ter cumprido o serviço militar em Moçambique, em plena guerra colonial. Pertenço à geração dos portugueses que sonharam c/ um país livre que foram praticamente "proibidos" de pensar o país, porque tal como hoje, havia assuntos prioritários em que pensar( e acho que nem preciso de lhe dizer quais), com a diferença que nesse tempo as liberdades não eram as de agora.

    Por isso, não se admire que eu fale em "detalhe" e em "esquecer" a importância das n/ raízes, porque esse é o sentimento de muitos portugueses ou. Tudo leva o seu tempo.
    Alguém disse um dia que "a Pátria é o lugar onde nos sentimos melhor", e eu subscrevo-o.

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Abrimos portas à frontalidade, mas restringimos sem demagogia, o insulto e a provocação. Democraticamente...