10 novembro, 2008

Em louvor dos jogadores do FC Porto

O FC Porto ganhou em Kiev e ganhou em Alvalade. Correcto. Jesualdo Ferreira safou-se porque passou triunfante nesses dois escolhos. Incorrecto. Mentira como a das vitórias nos últimos campeonatos nacionais. Quem ganhou foram os jogadores do Porto, não com JF, mas contra JF que pouco mais tem feito do que ligar o "complicómetro". A minha desconfiança deste treinador vem de longe, do tempo em que ele era seleccionador duma categoria que se chamava na altura, salvo erro, equipa de "Esperanças" e nasceu num Mundial da categoria, na Nigéria, em que se verificou uma prestação vergonhosa da equipa portuguesa. Esta desconfiança inicial não tem feito se não aumentar desde então.

Os muitos comentários que tenho lido acerca da actuação de JF como treinador do FC Porto, sobretudo na blogosfera, indicam constantes e persistentes erros de casting na constituição da equipa. Desnecessário detalhá-los, são sobejamente conhecidos e até mesmo para um leigo como eu, são gritantes.

É necessário um alto grau de determinação para uma equipa manter intactos os neus niveis de auto-confiança quando vê o seu timoneiro, o homem em quem deviam poder confiar e que deveria constituir o seu farol orientador durante as tempestades, quando veem o seu timoneiro, dizia eu, de cabeça perdida, a mudar a equipa de jogo para jogo, a insistir em jogadores de escassa qualidade, em errar tão frequentemente nas funções atribuídas a jogadores que não têm características para as desempenhar. Junte-se a isto a patente inabilidade de JF para estabelecer empatia com os seus comandados, e a mais que evidente incapacidade para motivar e criar o espirito de grupo, qualidades indispensáveis ao lider. Há mesmo suspeitas de que a sua falta de liderança tem permitido a ameaça de criação de blocos antagónicos no interior do balneário, o que a ser verdade poderia constituir uma "infecção" de consequências imprevisíveis.

Falta a cereja em cima do bolo: as declarações de JF para po exterior do grupo. Veja-se por exemplo o que ele declarou após o jogo com o Sporting. "Pensámos de uma forma que seria a maneira mais adequada mas não conseguimos jogar como queríamos". Descodificado, isto quer dizer: "o sistema que eu criei para o jogo era o mais aconselhável, o problema foi os jogadores terem sido incapazes de o concretizar". Por outras palavras, a culpa da lamentável exibição não foi dele, treinador, mas sim dos jogadores. Esta é uma atitude que já não é a primeira vez que é tomada.

É por isso que, até prova em contrário, continuo a pensar que os jogadores do FC Porto são dignos de louvor e da gratidão dos adeptos do clube. Trabalham em condições anímicas desfavoráveis, sendo mais vítimas do que réus de uma situação complexa e difícil da qual são os menos responsáveis. Se fossem tão maus e com tanta falta de brio profissional como alguns pretendem fazer crer, a situação do clube nas competições em que está envolvido seria bem pior do que é na realidade.

6 comentários:

  1. MUITO ANTES DA PONTE DA ARRÁBIDA...


    Época de 39/40. Enquadramento - o F. C. Porto tinha ficado em terceiro lugar no regional, mas participou no campeonato por causa de uma manobra administrativa. A Federação Portuguesa de Futebol fez o alargamento à pressa, as portas abriram-se. Os portistas foram campeões e estiveram quase a consegui-lo sem derrotas, mas, a 21 de Abril de 1940, perderam no Lumiar. O Sporting venceu por 4-3 com o golo da vitória a ser marcado a 20 segundos do fim. Ângelo César, o presidente da altura, já reclamava os privilégios dos clubes de Lisboa. Na equipa distinguiam-se os croatas Petrak e Kordrnya

    Depois de ter conquistado os campeonatos de 38/39 e 39/40, o FC Porto sonhava, pela primeira vez, com o seu terceiro título consecutivo. Mas já na época do "bi" a prova teve que ser alargada de forma a repor a "justiça", após uma decisão da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) contrária à da Associação de Futebol do Porto, que colocava o Leixões no "Nacional", em detrimento dos (campeões) portistas. A ilógica da determinação federativa era tal que a formação de Matosinhos recusou o lugar, alegando que a equipa que deveria estar por direito na fase final era o FC Porto. E o FC Porto, com Mihaly Siska no comando técnico, provou então, que era a melhor equipa nacional Na temporada de 40/41, a FPF radicalizou as suas acções de forma serem mais eficazes. Angelo César, presidente do FC Porto, utilizava, naquela altura um discurso (idêntico àquele que viria a ser retomado por Pinto da Costa) contra os poderes instituídos em Lisboa, contra as arbitragens que prejudicavam constantemente as equipas do Norte favorecendo, por outro lado, as do Sul. E quando se levantou a grande polémica que marcou a época de 39/40, Angelo César clamava por justiça, mais do que nunca. Para não voltarem a ser incomodados e ainda, por cima, obrigados conceder-lhe razão, os senhores da FPF irradiaram o presidente portista. Os portistas elegiam simbmente Angelo César para presidente da Assembleia Geral, mas o grito de revolta ecoava por toda a cidade. Por coincidência (?), desde que a voz incómoda de César foi amordaçada, começaram então as arbitragens que de forma descarada prejudicavam sucessivamente o FC Porto, como se pode constatar na consulta de qualquer jornal da época. Logo no primeiro jogo entre os "grandes", o Sporting recebeu os portistas e ganhou por concludente 5-1. Como se não bastasse o resultado ser tão desequilibrado, o sportinguista João Cruz lesionou gravemente o guarda-redes portista, Bela Andrasik, que foi evacuado para o Hospital de São José. Henrique Rosa, o homem que de negro vestido, pintou a sua actuação de verde e branco, encarregou-se de consentir o terceiro golo na sequência de um fora de jogo claríssimo e validou o quarto tento, quando o guardião Andrasik se contorcia com dores no chão, graças a duas fracturas nos ossos da face, depois da agressão de João Cruz.
    A guerra Norte-Sul adensou-se ainda mais quando Carlos Pereira, a meio da época, optava por jogar no Unidos FC, um clube de Lisboa que lhe ofereceu o dobro do vencimento que auferia no FC Porto e ainda 30 contos de "luvas". A equipa portista, sempre comandada por Siska, ainda conseguiria fechar o campeonato com uma vitória de 5-2 sobre o Benfica, mas a derrota consentida no Lima, ante o Sporting tinha-a já atirado irremediavelmente para fora da rota do "tri", naquele em que seria mais tarde recordado como o ano em que os árbitros viraram "anjos negros".
    Bolanaarea

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  2. Ò amigo você quando fala do FCP "calado é um poeta" !
    Eu sei que é portista, porque senão afirmava:"QUE AZIA" .

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  3. É claro que os 20 pontos de avanço sobre o 2º.classificado do campeonato do ano transacto constituem para Jesualdo F. um capital importante de credibilidade,mas não bastam para esconder tudo.
    Eu concordo com o Rui Farinas. Os jogadores são melhores que o treinador. É verdade que é necessário tempo para "formar" os jogadores para um determinado tipo de jogo, mas será que Jesualdo o tem?

    Alguém será capaz de garantir, sem hesitar, que Jesualdo é bom a instruir os seus jogadores para aquilo que foi a grande arma estratégica do FCP nos últimos anos, que é fazer pressão alta?

    Se os ensina, ensina mal, porque os jogadores não dão sinais de o estarem a aprender. O grande mérito do Sporting, foi, essencialmente, aproveitar os quilómetros quadrados de espaço para poderem trocar a bola como queriam, o que causou uma sensação de domínio mais aparente do que real, mas que nos ia custando caro.
    O FCPorto não é obrigado a jogar sempre como no passado, mas o facto é que as melhores equipas da Europa são as que aliam a qualidade técnica dos jogadores á capacidade de pressionar o adversário logo no seu meio campo.

    Quem não souber fazê-lo, e bem, vai morrer na praia. De certeza.

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  4. Caro Rui Farinas,

    Vou repetir o que alguém disse há já alguns anos atrás, para outro clube: "Qualquer treinador que oriente as equipas de Futebol do FCPorto, arrisca-se a ser campeão"!

    E foi isto que aconteceu nos últimos dois anos! A equipa do FCPorto é superior, tem tido melhores jogadores (não é à toa que o Clube tem vendido o passe de jogadores nos últimos 4 anos, a bom prêço!) e por isso este treinador sofrivel ganha campeonatos! Mas não tem ganho taças! Porquê? Será falta de qualidade do técnico? Na minha opinião pessoal é que J.F. não tem qualidades para ser Treinador do FCPorto!

    O Co Adriansen fez o que fez, mas ganhou Campeonato e Taça. Para já não falar de J.Mourinho e outros que com jogadores desconhecidos ganharam tudo, ajudando a SAD a aliviar o seu Déficit!

    Por isso dou muito mais valor aos jogadores do que a J.F..

    Abraço,

    Renato

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  5. -...até mesmo para um leigo como eu, são gritantes.
    Meu caro Farinas, olhe que modéstia a mais é vaidade!
    Penso que em relação a Jesualdo, há quase uma unanimidade.
    Um abraço

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  6. Meu caro Dragão Vila Pouca,

    "... modéstia a mais é vaidade"

    Olhe que não, olhe que não...!

    Um abraço

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